O PMDB e o PEN querem indicar nome fora do PT para encabeçar chapa que concorrerá à eleição da Mesa Diretora da Câmara
Nem bem lançou o nome de Wasny de Roure (PT) à sucessão na presidência
da Câmara Legislativa do DF (CLDF), na última terça-feira, e o
governador petista Agnelo Queiroz já tem um incêndio para controlar.
Dois dos principais partidos da base do governo na Casa, PMDB e PEN,
encabeçam uma dissidência contra a candidatura referendada pelo Palácio
do Buriti. As duas siglas defendem uma alternância na chefia do
Legislativo, com a escolha de um nome fora do PT. A posição das duas
legendas já foi anunciada oficialmente ao chefe do Executivo, que ficou
de pensar na história, mas enfatizou a sua clara preferência por Wasny.
Quem primeiro formalizou o descontentamento foi o PEN, ainda na
terça-feira. Alírio Neto, presidente da legenda no DF, secretário de
Justiça e distrital licenciado, se reuniu com os deputados Dr. Michel,
Israel Batista e Luzia de Paula. “Fechamos a posição de que é necessário
um revezamento na presidência da Câmara, dando oportunidade a outros
partidos da base. Informamos essa posição ao governador na noite de
terça”, explicou Alírio. Agnelo não deu resposta.
A posição do PEN não seria completamente a mesma do bloco composto
ainda pelo PSB e pelo PPS —, que conta com cinco deputados. Os
distritais Joe Valle e Cláudio Abrantes não teriam sido consultados a
respeito do assunto. “É um processo que ainda não foi debatido
conclusivamente pelo bloco. Defendemos que é importante uma composição
dentro da base de apoio do governo”, justificou Cláudio Abrantes.
Ruídos de revolta vieram também do PMDB, partido que compôs chapa
principal na eleição de Agnelo em 2010. As conversas de bastidores, que
apontam contrariedade com a indicação de um nome do PT para a
presidência, se transformaram em uma posição oficial em almoço ontem na
Residência Oficial de Águas Claras entre o governador, o vice Tadeu
Filippelli (PMDB) e os representantes do chamado blocão, formado por
peemedebistas e ainda por distritais do PPL, PTC e PTdoB — são seis
deputados no total.
“O bloco chegou ao consenso de que é salutar uma alternância para a
manutenção da aliança vitoriosa que elegeu Agnelo. Afinal, o PT não
venceu sozinho em 2010”, disse Rôney Nemer (PMDB). Ele concorda com uma
composição na base, desde que o cabeça de chapa não seja petista. O
governador também não deu resposta, mas defendeu a manutenção do nome de
Wasny.
No páreo
Rôney, aliás, aparece como um dos prováveis candidatos à presidência da
Casa, cuja eleição deve ocorrer no próximo dia 15. Outro nome que vem
sendo ventilado no blocão é o de Agaciel Maia (PTC). Ele também é
apontado como candidato a vice na chapa que teria Wasny à frente. No
entanto, oficialmente, Agaciel não fechou posição com nenhuma das duas
hipóteses.
Wasny vê com tranquilidade a movimentação dos partidos da base, com
suas respectivas reivindicações. “É um processo de construção. Vamos
continuar conversando e negociando com os colegas”, ressaltou. Ele
acrescentou que trabalha para que seja formada apenas uma chapa de
consenso, mas não descarta a possibilidade do surgimento de uma segunda
candidatura na disputa.
Para saber mais
Transparência em plenário
A eleição na Câmara Legislativa ocorrerá por meio do voto aberto.
Iniciativa pioneira no país, o fim da votação secreta nas votações da
Casa foi aprovado em 2006, por meio de uma Proposta de Emenda à Lei
Orgânica (Pelo) de autoria do deputado Chico Leite (PT).
O mecanismo,
além de dar total transparência às votações pelos parlamentares, também
expõe uma prática que costumeiramente acomete as relações entre
Executivo e Legislativo de Brasília: a influência do chefe do Executivo
sobre os parlamentares. Com o voto aberto, não há a possibilidade de os
deputados traírem eventuais acordos preestabelecidos.
Nas eleições para a
presidência da Câmara dos Deputados ou do Senado, por exemplo, há
sempre dois cenários nas especulações sobre quem será eleito em votação:
o do discurso e o do resultado nas urnas. Em 2005, com o voto secreto, a
maioria dos deputados federais decidiu eleger Severino Cavalcanti
(PP/PE), ao passo que o então presidente Lula indicava Luís Eduardo
Greenhalgh (PT/SP) para o cargo.
Fonte: Jornal Correio Braziliense - Por Almiro Marcos, Arthur Paganini
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