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quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

CLDF: Sucessão divide a base

O PMDB e o PEN querem indicar nome fora do PT para encabeçar chapa que concorrerá à eleição da Mesa Diretora da Câmara 


Nem bem lançou o nome de Wasny de Roure (PT) à sucessão na presidência da Câmara Legislativa do DF (CLDF), na última terça-feira, e o governador petista Agnelo Queiroz já tem um incêndio para controlar. Dois dos principais partidos da base do governo na Casa, PMDB e PEN, encabeçam uma dissidência contra a candidatura referendada pelo Palácio do Buriti. As duas siglas defendem uma alternância na chefia do Legislativo, com a escolha de um nome fora do PT. A posição das duas legendas já foi anunciada oficialmente ao chefe do Executivo, que ficou de pensar na história, mas enfatizou a sua clara preferência por Wasny.

Quem primeiro formalizou o descontentamento foi o PEN, ainda na terça-feira. Alírio Neto, presidente da legenda no DF, secretário de Justiça e distrital licenciado, se reuniu com os deputados Dr. Michel, Israel Batista e Luzia de Paula. “Fechamos a posição de que é necessário um revezamento na presidência da Câmara, dando oportunidade a outros partidos da base. Informamos essa posição ao governador na noite de terça”, explicou Alírio. Agnelo não deu resposta.

A posição do PEN não seria completamente a mesma do bloco composto ainda pelo PSB e pelo PPS —, que conta com cinco deputados. Os distritais Joe Valle e Cláudio Abrantes não teriam sido consultados a respeito do assunto. “É um processo que ainda não foi debatido conclusivamente pelo bloco. Defendemos que é importante uma composição dentro da base de apoio do governo”, justificou Cláudio Abrantes.

Ruídos de revolta vieram também do PMDB, partido que compôs chapa principal na eleição de Agnelo em 2010. As conversas de bastidores, que apontam contrariedade com a indicação de um nome do PT para a presidência, se transformaram em uma posição oficial em almoço ontem na Residência Oficial de Águas Claras entre o governador, o vice Tadeu Filippelli (PMDB) e os representantes do chamado blocão, formado por peemedebistas e ainda por distritais do PPL, PTC e PTdoB — são seis deputados no total.

“O bloco chegou ao consenso de que é salutar uma alternância para a manutenção da aliança vitoriosa que elegeu Agnelo. Afinal, o PT não venceu sozinho em 2010”, disse Rôney Nemer (PMDB). Ele concorda com uma composição na base, desde que o cabeça de chapa não seja petista. O governador também não deu resposta, mas defendeu a manutenção do nome de Wasny. 

No páreo 

Rôney, aliás, aparece como um dos prováveis candidatos à presidência da Casa, cuja eleição deve ocorrer no próximo dia 15. Outro nome que vem sendo ventilado no blocão é o de Agaciel Maia (PTC). Ele também é apontado como candidato a vice na chapa que teria Wasny à frente. No entanto, oficialmente, Agaciel não fechou posição com nenhuma das duas hipóteses.

Wasny vê com tranquilidade a movimentação dos partidos da base, com suas respectivas reivindicações. “É um processo de construção. Vamos continuar conversando e negociando com os colegas”, ressaltou. Ele acrescentou que trabalha para que seja formada apenas uma chapa de consenso, mas não descarta a possibilidade do surgimento de uma segunda candidatura na disputa. 

Para saber mais

Transparência em plenário 

A eleição na Câmara Legislativa ocorrerá por meio do voto aberto. Iniciativa pioneira no país, o fim da votação secreta nas votações da Casa foi aprovado em 2006, por meio de uma Proposta de Emenda à Lei Orgânica (Pelo) de autoria do deputado Chico Leite (PT).

O mecanismo, além de dar total transparência às votações pelos parlamentares, também expõe uma prática que costumeiramente acomete as relações entre Executivo e Legislativo de Brasília: a influência do chefe do Executivo sobre os parlamentares. Com o voto aberto, não há a possibilidade de os deputados traírem eventuais acordos preestabelecidos.

Nas eleições para a presidência da Câmara dos Deputados ou do Senado, por exemplo, há sempre dois cenários nas especulações sobre quem será eleito em votação: o do discurso e o do resultado nas urnas. Em 2005, com o voto secreto, a maioria dos deputados federais decidiu eleger Severino Cavalcanti (PP/PE), ao passo que o então presidente Lula indicava Luís Eduardo Greenhalgh (PT/SP) para o cargo. 

Fonte: Jornal Correio Braziliense - Por Almiro Marcos, Arthur Paganini

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