É Júlio Camargo, executivo da Toyo-Setal, empresa que tem contratos de cerca de R$ 4 bilhões com a estatal
Um
executivo investigado sob suspeita de ter pago propina para obter
contratos na Petrobras decidiu fazer um acordo de delação premiada com
os procuradores que atuam na Operação Lava Jato, segundo três pessoas
que atuam na investigação ouvidas pela Folha.
Ele é o primeiro dos executivos das grandes empresas a assinar um
acordo de delação e deve revelar detalhes sobre como funcionava o
esquema de divisão de obras da Petrobras entre as empreiteiras.
Júlio Camargo fechou o acordo na última semana, para tentar obter uma pena
menor. O executivo teria ficado assustado com os detalhes revelados pelo
ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa em sua delação premiada.
A advogada de Camargo, Beatriz Catta Preta, já havia atuado na delação
premiada de Costa e é considerada uma especialista nesse tipo de acordo.
O nome de Camargo foi citado pelo ex-diretor da Petrobras em um
documento apreendido pela Polícia Federal na casa dele, no qual ele
enumera o nome de executivos de fornecedores da Petrobras e a disposição
de cada um para contribuir para uma campanha política.
Após o nome de Camargo, Costa anotou: "Começa [a] ajudar a partir de março".
A campanha política, segundo a Folha revelou no último dia 11, era a do
candidato ao governo do Rio de Janeiro pelo PT, Lindbergh Farias, que
acabou derrotado.
Aparecem também no documento os nomes de Mendes Junior, Engevix e UTC
Constran. As empresas negam que tenham feito contribuições ilegais para
as campanhas.
Filial da Toyo Enginnering do Japão, a Toyo está construindo uma
unidade de hidrogênio para a estatal em Itaboraí (RJ) e uma planta para a
produção de amônia em Uberaba (MG). Amônia é uma das matérias-primas
dos fertilizantes. A Toyo tem também um estaleiro no Rio, chamado EBR
(Estaleiros do Brasil), contratado pela Petrobras para fazer plataformas
de petróleo.
A unidade de hidrogênio, orçada em R$ 1,16 bilhão, é uma obra da
diretoria de Abastecimento, que foi ocupada por Costa entre 2004 e 2012.
Nessa diretoria, segundo seu ex-diretor contou em depoimento à Justiça,
o PT ficava com 2% do valor dos contratos e o PP, com 1%. A obra
começou um ano após Costa ter deixado o cargo.
A planta de amônia (R$ 2,1 bilhões) foi contratada pela diretoria de
gás e energia da Petrobras. Ainda de acordo com Costa, o PT ficava com
3% do valor dos contratos dessa diretoria.
Procurada pela Folha, a advogada Beatriz Catta Preta não se manifestou.
A reportagem não conseguiu localizar assessores da Toyo na noite desta
segunda (27).
Fonte: Coluna Poder / Portal UOL por Mario Cezar Carvalho.
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