Estacionado
em terceiro lugar nas pesquisas, o candidato à Presidência Eduardo
Campos (PSB) tem apresentado nas últimas semanas uma sequência de
promessas até então não listadas em suas diretrizes de governo.
Tendo como público-alvo a população pobre em geral, a "caixa de
promessas" de Campos apresenta custo estimado em pelo menos R$ 125
bilhões ao ano, de acordo com compilação feita pela FOLHA cinco vezes o
valor destinado por ano ao Bolsa Família, carro-chefe dos programas
sociais federais.
A equipe de campanha do pessebista promete divulgar a versão final do
programa de governo na quarta-feira (30), com detalhamento das fontes de
financiamento.
Mas, em suas entrevistas, Campos tem dito que a questão se resume à escolha de prioridades.
"O Orçamento geral da União tem recursos, sim, para fazermos a escola
em tempo integral em quatro anos, para fazer o passe livre ser um
direito dos estudantes brasileiros. (...) Estamos fazendo conta com
responsabilidade", discursou Campos na semana passada, durante
inauguração de seu comitê central, em São Paulo.
Não há estimativas de custo para a primeira promessa, de educação em
tempo integral segundo o Ministério da Educação, em 2013 só 11% dos
alunos do ensino fundamental do país estavam matriculados na educação em
tempo integral.
Em Pernambuco, Campos elevou o índice dos estudantes nesse tipo de
estabelecimento em seus dois mandatos (2007-2014). Mas, mesmo assim, só
28% da rede estadual possui escola em tempo integral ou semi-integral.
Sobre o passe livre para os estudantes da rede pública, a campanha do
pessebista estima gasto entre R$ 9 bilhões e R$ 12 bilhões ao ano. Em
Pernambuco, a medida não foi implantada, mas a Prefeitura do Recife,
comandada por um aliado do presidenciável, acabou de sancionar lei
prevendo o benefício a cerca de 14 mil estudantes.
A área de saúde também tem sido um foco das promessas recentes. Campos
encampou a proposta de destinar 10% da receita bruta da União para o
setor acréscimo de R$ 39 bilhões, a criação de um plano de carreira
federal para os médicos e a construção de mais de uma centena de
hospitais, maternidades e policlínicas no país.
ESTUDO
"Com certeza o Mais Médicos [programa do governo Dilma Rousseff para
levar médicos aos rincões do país] é muito mais barato que o custo dessa
carreira nacional. [Mas] Quem propõe a carreira precisa dizer qual a
abrangência, quanto vai custar e como ela será financiada, senão é
proposta vazia", diz Mário Scheffer, professor do Departamento de
Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São
Paulo).
Ao lado de Lígia Bahia, professora do Instituto de Saúde Coletiva da
UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), ele elaborou estudo sobre
as propostas formalizadas pelos presidenciáveis para a área de saúde.
Scheffer também considera promessa eleitoreira o compromisso de
construção de hospitais, maternidades e policlínicas em cidades-polo.
"Construir novas unidades não é o mais difícil. Difícil é mantê-las
depois com recursos humanos, médicos, equipamentos e estrutura."
Fonte: Por Ranier Bragon - Portal UOL.
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