Ministro diz que Agnelo Queiroz ‘contribui para que as ilegalidades se perpetuem’
BRASÍLIA - O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Joaquim Barbosa,
acusou o governador do Distrito Federal Agnelo Queiroz de não querer
investigar as denúncias de favorecimento aos presos do mensalão. Em
despacho assinado nesta terça-feira, Barbosa critica o governador
petista por ter pedido uma investigação contra o Juiz Bruno Ribeiro, da Vara de Execução Penal do DF, apenas porque o magistrado quis apurar as denúncias de regalias aos mensaleiros petistas.
Juiz Bruno Ribeiro |
"Em
atitude de claro desdém para com a autoridade judicial, e
desconsiderando o fato de as irregularidades terem sido divulgadas
amplamente e comunicadas pelos órgãos do Ministério Público e Defensoria
Pública em atuação junto à VEP, o governador do Distrito Federal deu
indicação clara da sua falta de disposição para determinar a apuração
dos fatos narrados e oferecer solução para o problema posto: sugeriu que
não estaria obrigado a prestar qualquer informação, apesar de o pedido
ter sido emanado de juízo competente", diz o despacho de Barbosa.
Veja também:
Juiz Bruno Ribeiro |
O Juiz Bruno Ribeiro deixou
a VEP depois que o governador Agnelo enviou ao Tribunal de Justiça do
DF pedido de investigação contra o magistrado. No despacho, Barbosa
manda o caso para exame do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) para que a
decisão do TJ seja revista e que o juiz possa voltar a atuar na VEP. O
presidente do STF pede ainda que todos os ofícios enviados pelo juiz
Bruno ao governo de Brasília cobrando investigação das denúncias de
regalias sejam novamente remetidos às autoridades locais para que o caso
seja esclarecido.
O
governador reclamou do juiz da VEP depois de receber um ofício cobrando
explicações sobre as denúncias de regalia aos mensaleiros. Agnelo
alegou que o juiz não tinha competência para se dirigir diretamente a um
governador. Joaquim Barbosa
ressaltou que a reação do governador era desmedida levando em conta que
inúmeros outros ofícios da VEP já haviam sido enviados ao ele sem que
houvesse reação alguma.
"Saliente-se,
mais uma vez, que o magistrado delegatário não praticou qualquer
irregularidade. Ao contrário, agiu no estrito cumprimento da delegação
da execução penal que lhe foi outorgada por este Supremo Tribunal e, em
nome desta Suprema Corte, solicitou as informações aos agentes políticos
responsáveis pelo adequado funcionamento dos estabelecimentos
prisionais, buscando, com isso, zelar pelo correto cumprimento das
penas. Ademais, note-se que as irregularidades encontram minimamente
suporte probatório, inexistindo qualquer razão para a inação dos órgãos
responsáveis em apurar e suprimir as aparentes regalias com que vêm
sendo beneficiados os presos condenados nos autos da AP 470. Ao deixar
de prestar as informações solicitadas pelo juízo delegatário, o Governo
do Distrito Federal contribui para que as ilegalidades se perpetuem,
impedindo que seja alcançado o fim ressocializador e reeducador da pena
aplicada por este Supremo Tribunal Federal".
Hoje,
a VEP autorizou o ex-deputado João Paulo Cunha, condenado a regime
semiaberto no processo do mensalão, a sair durante o dia para trabalhar.
Fonte: O Globo.
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