Pedido de afastamento por 60 dias foi entregue na tarde desta segunda-feira
O
vice-presidente da Câmara, deputado André Vargas (PT/PR), investigado
por seu envolvimento com o doleiro Alberto Youssef em negócios suspeitos
no Ministério da Saúde, se licenciou do mandato por 60 dias. O pedido
foi entregue nesta segunda-feira à Secretaria Geral da Câmara. Conforme O GLOBO antecipou, o deputado foi pressionado tanto pela oposição, como
por integrantes da base governista, especialmente do próprio PT.
O vice-presidente da Câmara dos Deputados, André Vargas Ailton de Freitas
O deputado alegou motivos de interesse particular para sua licença, o
que é permitido na Constituição por até 120 dias. Neste período de
licença, o petista não vai receber os salários. Em nota entregue à
Câmara, o parlamentar disse que estar à disposição da Casa para
“quaisquer esclarecimento”.
Vargas e Youssef, preso no último dia 17 na Operação Lava-Jato da
Polícia Federal, trocaram mensagens comprometedoras negociando contratos
suspeitos. Numa delas, o doleiro diz a Vagas que os negócios suspeitos
iriam garantir a “independência financeira” dos dois. Em outra, o
doleiro diz que precisa de ajuda para resolver problemas financeiros, e o
deputado afirma: “Vou atuar”.
A oposição reforça que irá entrar com representação no Conselho de
Ética da Câmara contra Vargas, por quebra de decoro parlamentar. A
representação pode resultar na cassação do mandato. Se quiser escapar da
cassação, o petista terá que renunciar antes da instauração do processo
no colegiado.
Na semana passada, depois da denúncia da divulgação de que Vargas usou o
jatinho do doleiro para viajar de férias com a família para João
Pessoa, ele primeiro se manifestou por nota e, na quarta-feira foi à
tribuna da Câmara pedir desculpas aos colegas. Ao falar, no entanto,
acabou mudando a versão inicial que tinha dado ao jornal “Folha de
S.Paulo”, sobre o pagamento dos custos, o que já gerou reação da
oposição, que anunciou representação contra ele no Conselho de Ética da
Casa.
No fim de semana, a pressão aumentou depois que as mensagens trocadas
entre Vargas e o doleiro foram divulgadas pela Revista VEJA e pela TV
Globo. Ontem, os líderes dos três partidos da oposição — PSDB, DEM e PPS
— defenderam o afastamento de Vargas da vice-presidência da Câmara até
que a Casa possa concluir as investigações sobre o envolvimento dele com
o doleiro.
Fonte: Ilimar Franco e Isabel Braga - O Globo.
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