Um dos alvos do escândalo dos alvarás, centro de compras é inaugurado sem autorização da Justiça e habite-se
Shopping JK fica numa região com mais
de 600 mil habitantes. O centro abriga 170 lojas e deverá garantir 1,8
mil postos de trabalho |
De olho em uma população que soma mais de 600 mil habitantes com poder
de compra crescente, um novo empreendimento comercial abriu as portas
ontem no Distrito Federal. Localizado em uma região entre Taguatinga e
Ceilândia, o Shopping JK foi inaugurado como uma opção a mais de lazer e
compras para os moradores, que somam um quarto da população do DF.
Empreendimento das Organizações PaulOOctavio, o shopping, porém, é alvo
de investigação do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios
(MPDFT) e da Polícia Civil do DF e começou a funcionar sem carta de
habite-se.
Em relação à falta do habite-se, o empresário Paulo Octávio afirmou que
a empresa cumpriu todas as exigências legais previstas pelo governo.
“Moralmente, estamos regulares. Já demos entrada no pedido do habite-se e
temos todas as vistorias aprovadas. Todos os documentários necessários
já foram apresentados; o habite-se não foi emitido porque os documentos
da Administração de Taguatinga foram recolhidos”, justificou,
referindo-se à Operação Átrio.
Segundo investigações dos promotores e da polícia, houve
irregularidades na concessão do alvará de construção do JK e de pelo
menos outros cinco empreendimentos. As apurações indicam que, com uso de
propinas ou de outros tipos de vantagens, empresários conseguiam a
liberação em, no máximo, 15 dias, quando o prazo mínimo pode ser de 60
dias.
Entre a noite de sexta-feira e a madrugada de ontem, a juíza substituta
Renata Alves de Barcelos Crispim da Silva, do Tribunal de Justiça do DF
e dos Territórios (TJDFT), negou o pedido de garantia para a
inauguração do JK Shopping e a devolução de documentos que estariam em
posse do Ministério Público desde a Operação Átrio. A magistrada
rejeitou ainda a solicitação de liberação o habite-se, em tramitação na
Administração de Taguatinga. Já era madrugada quando a defesa recocrreu
da decisão, mas ela foi mantida pelo desembargador Romeu Gonzaga Neiva.
O estabelecimento é o quinto do tipo pertencente ao grupo no DF. A
PaulOOctavio também comanda o Brasília Shopping, o Terraço Shopping, o
Shopping Iguatemi e o Taguatinga Shopping, que tem uma proposta parecida
com o JK. “Mas esse estabelecimento é mais moderno, todo iluminado com
LED, muita luz natural e não tem madeira. Também é um shopping
ecológico”, afirmou o empresário Paulo Octávio. No total, a organização
investiu R$ 400 milhões na construção que demorou três anos para ficar
pronta. Outros R$ 160 milhões vieram dos lojistas, na montagem das lojas
e no estoque inicial.
O principal foco do investimento é Ceilândia, cidade com mais de 440
mil habitantes e renda familiar média de R$ 2.351,83. A maior cidade do
DF transformou-se em um grande canteiro de obras, com a explosão de
empreendimentos tanto residenciais quanto comerciais. As chamadas
classes C e D transformaram-se em alvo de interesse dos empreendedores.
Durante a cerimônia de inauguração, Paulo Octávio se comprometeu a
iniciar os estudos para a construção de mais um shopping no centro da
cidade assim que terminarem as obras do JK.
Em abril do ano que vem, deve ficar pronta a torre de escritórios, que
terá mais de 400 salas. O shopping tem 170 lojas, sendo que 73 delas
começaram a funcionar ontem. O empreendimento tem 84% de locação e 110
lojas devem entrar em operação até o fim do ano. Entre as marcas que
estão com contratos firmados estão a Americanas, Renner, Riachuelo,
C&A, Polishop, Magic Games, McDonalds, Habib's, Giraffa's, Cacau
Show, Chili Beans, Polyelle e Agittus Calçados. A expectativa é de que
um milhão de pessoas circulem pelo shopping a cada mês. Além disso, são
seis salas de cinema que vão evitar que os moradores de Ceilândia
desloquem-se até o Taguatinga Shopping ou ao Plano Piloto.
Empregos
A geração de empregos é outro benefício para a economia da região.
Quando todo o shopping estiver em funcionamento, serão criados 1,8 mil
empregos nas lojas — mais 1,2 mil pessoas devem trabalhar nos
escritórios. E os empresários beneficiam a contratação de mão de obra
local. Caso de Scarlet Lucena, 19 anos, moradora da expansão do Setor O.
Ela trabalhou três meses em uma loja no Taguatinga Shopping e depois
foi vendedora em uma banca na Feira dos Goianos. “Mas estava
desempregada há uns seis meses. No shopping, os clientes respeitam muito
mais os vendedores do que na feira”, conta a garota que pretende usar o
salário que ganhará na loja de calçados para ajudar a mãe a pagar a
faculdade dela.
Radiografia
» R$ 560 milhões de investimento
» 121 mil metros quadrados de área construída
» 170 lojas
» 6 salas de cinema
» 6 lojas âncoras
» 2.843 vagas de estacionamento
» 1 milhão de pessoas/mês
» 1,8 mil empregos nas lojas
» 400 escritórios comerciais
(inaugurados em abril de 2014)
Fonte: Gizella Rodrigues e Almiro Marcos - Correio Braziliense
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