Marco Aurélio é o relator; Gilmar Mendes, o revisor
O relator é o ministro Marco Aurélio (de gravata azul) e o revisor é o ministro Gilmar Mendes |
Pois é.. Que José Genoino se recupere plenamente! Até para que possa
responder à Justiça pelos crimes do mensalão pelos quais já está
condenado — por corrupção ativa (4 anos e 8 meses), pena executada, e
formação de quadrilha (2 anos e 3 meses), objeto de embargos
infringentes. Só que as coisas não param por aí. Lembram-se dos
empréstimos fraudulentos do BMG às empresas de Marcos Valério e ao PT?
Pois é. Resultaram na Ação Penal 420. Corria no Supremo. Só que José
Genoino, único réu que tinha foro especial por prerrogativa de função,
deixou de tê-lo. Então o processo foi enviado para a 4ª Vara Federal de
Belo Horizonte. Ocorre que ele voltou a ser deputado, e a ação retornou
ao Supremo.
ATENÇÃO! NESSE PROCESSO DO BMG, GENOINO FOI CONDENADO NA PRIMEIRA
INSTÂNCIA A QUATRO ANOS DE PRISÃO POR FALSIDADE IDEOLÓGICA. Aliás, esse é
o caso em que as digitais de ninguém menos do que Luiz Inácio Lula da
Silva aparecem de modo insofismável. O relator dessa ação no Supremo é o
ministro Marco Aurélio. O revisor é Gilmar Mendes.
Se a pena for confirmada pelo Supremo, mesmo que Genoino escape da
imputação de quadrilha, sua condenação será superior a oito anos — o que
rende, em circunstâncias normais, regime fechado.
O caso BMG
- No dia 17 de fevereiro de 2003, o BMG “emprestou” ao PT R$ 2,4 milhões. José Genoino assinou pelo partido.
- No dia 20 de fevereiro, Marcos Valério levou Ricardo Guimarães,
presidente do banco, para um encontro como Palácio do Planalto com… José
Dirceu.
- Cinco dias depois dessa reunião, o BMG liberou um empréstimo de R$ 12
milhões, desta vez para uma empresa de Valério. O publicitário
confessou depois que era dinheiro para pagar a turma indicada por
Delúbio — vale dizer: era dinheiro para o PT.
- Entre o “empréstimo” feito diretamente ao partido e aqueles
oficialmente concedidos às empresas de Valério, o BMG repassou ao
esquema R$ 43,6 milhões.
Trecho da Ação Penal 420. Olhe o José Dirceu aparecendo ali |
E tudo isso por quê? Eis o pulo do gato. Ou do sapo barbudo. Reproduzo uma síntese que foi publicada no site Consulor Jurídico, com base nos dados da Ação Penal 420:
Em 2004, cinco dias após o presidente Lula assinar o Decreto 5.180, que
abriu a todos os bancos o mercado de crédito consignado a aposentados e
pensionistas do INSS, o BMG pediu oficialmente para entrar nesse
mercado. Oito dias depois, recebeu autorização do INSS. Outros dez
bancos fizeram pedido igual, na mesma época. Todos levaram pelo menos 40
dias para receber a mesma autorização.
Com condições favoráveis, o BMG operou com pouca concorrência num
mercado em que a demanda era abundante. Sua carteira de crédito
consignado para aposentados e pensionistas do INSS engordou e, três
meses depois, o BMG a vendeu à Caixa Econômica Federal por R$ 1 bilhão. O
BMG, que já operava com crédito consignado desde 1998, tornou-se um
gigante nesse mercado. Fechou o ano de 2004 com lucro de R$ 275 milhões —
um crescimento de 205% em relação ao lucro de R$ 90 milhões no ano
anterior. No ano seguinte, o lucro foi de R$ 382 milhões.
Àquela altura, o BMG se tornara o 31º banco do país. (Em 2002, antes do
governo Lula, o BMG não estava entre as 50 maiores instituições
financeiras brasileiras.) No ano passado, o BMG lucrou R$ 583 milhões,
comprou outro banco e se tornou o 17º do país em ativos totais. No mês
passado, enquanto o Rural se preparava para o julgamento do mensalão no
Supremo, o BMG se tornava sócio do Itaú Unibanco, o maior banco da
América Latina, cedendo a ele 70% de suas operações no mercado
consignado.
Em 2005, após o chamado escândalo do mensalão, o Tribunal de Contas da
União examinou a entrada do BMG no mercado de empréstimos consignados do
INSS. A Polícia Federal investigou as operações de lavagem de dinheiro
do mensalão envolvendo o BMG. O Banco Central analisou a lisura dos
empréstimos liberados pelo BMG ao PT e a Marcos Valério. A CPI dos
Correios e a Procuradoria-Geral da República centraram-se no nexo entre a
concessão desses empréstimos e as vantagens obtidas pelo BMG no crédito
consignado do INSS.
De volta a Genoino
Entenda, leitor. O dinheiro do BMG não era bem um empréstimo. Digamos
que o banco tinha a grana, o PT tinha seus mensaleiros, e Lula tinha a
caneta para autorizar as operações de empréstimos consignados, que
permitiram à instituição fazer depois aquele negócio bilionário com a
Caixa Econômica Federal.
Aqueles R$ 2,4 milhões que o BMG repassou diretamente ao PT foi tendo o
pagamento adiado, adiado, adiado… Genoino e Delúbio passaram a figurar
como avalistas e devedores solidários. A Justiça considerou que era
outra evidência de fraude porque eles não tinham bens para fazer frente a
um eventual calote. A propósito: Delúbio também foi condenado a quatro
anos. Se quiser ler a integra da sentença, clique aqui.
Nos dois trechos acima, a condenação de José Genoino |
Eis todos condenados pela juíza Camila Franco e Silva Velano com base na do Art. 4°, Caput, da Lei 7492/86 (Lei do Colarinho Branco) Ricardo Annes Guimarães, João Batista Abreu, Márcio Alaôr de Araújo e Flávio Guimarães. Foram condenados por falsidade ideológica José Genuíno Neto, Delúbio Soares De Castro, Marcos Valerio Fernandes de Souza, Ramon Hollerbach Cardoso, Cristiano de Mello Paz e Rogério Lanza Tolentino.
Fonte: Veja.com - Blog do Reinaldo Azevedo / Blog do Edson Sombra.
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