Ao
entregar os cargos do PSB no governo, Eduardo Campos dá o primeiro
passo para sua candidatura ao Planalto. O desafio, agora, é apresentar
um projeto alternativo para o Brasil
CANDIDATURA À VISTA
Segundo Eduardo Campos, o desejo do PSB é ter candidato próprio ao Planalto
Foram 24 anos de parceria com o PT. O PSB já era aliado de Lula em sua
primeira derrota ao Palácio do Planalto em 1989. Manteve-se unido nas
eleições de 2002, nos dois mandatos de Lula e na vitória de Dilma
Rousseff, em 2010. Mas, como em qualquer relação de longo tempo, o
desgaste foi inevitável. O fim da aliança acabou precipitado, na última
semana, pela desilusão de uma das partes. O PSB reclama de falta de
diálogo e acredita que, se permanecesse com cargos na Esplanada dos
Ministérios, viraria um alvo permanente de críticas de fisiologismo. O
rompimento dos socialistas com o governo, anunciado na quarta-feira 18, é
o primeiro passo para a candidatura do governador de Pernambuco,
Eduardo Campos, à Presidência da República em 2014. No PSB, é consenso
que Campos, dono de índices recordes de popularidade à frente do Estado,
conseguiu se viabilizar politicamente como poucos de sua geração e já
não cabe em Pernambuco. A partir de agora, alçar voos mais altos pode
ser uma questão de sobrevivência.
“A decisão sobre ser candidato ou não é só em 2014, mas o desejo hoje do partido é pela candidatura própria”, admitiu Eduardo Campos, após o fim da reunião que selou o rompimento com o governo.
Antes de decidir desembarcar do governo, ele fez o que manda a cartilha política. Abriu o debate na cúpula e na base do partido, expôs sua apreensão aos aliados, ao PT principalmente, consultou o ex-presidente Lula, a quem deve boa parte de seu sucesso, e a própria presidenta Dilma.
“A decisão sobre ser candidato ou não é só em 2014, mas o desejo hoje do partido é pela candidatura própria”, admitiu Eduardo Campos, após o fim da reunião que selou o rompimento com o governo.
Antes de decidir desembarcar do governo, ele fez o que manda a cartilha política. Abriu o debate na cúpula e na base do partido, expôs sua apreensão aos aliados, ao PT principalmente, consultou o ex-presidente Lula, a quem deve boa parte de seu sucesso, e a própria presidenta Dilma.
Seu desafio, agora, é conseguir mostrar que possui de fato um projeto
alternativo para o País. Em conversas reservadas, Campos tem dito que há
,sim, espaço para uma terceira via que reconhece os avanços dos
governos de Lula e Dilma, mas que tem consciência de que o País estagnou
em diversos setores. Essa será a linha central de seu discurso daqui em
diante. De acordo com integrantes do PSB, a crítica ao fisiologismo que
contamina as relações políticas também será uma das bandeiras, assim
como o combate à corrupção e a necessidade de combinar os interesses
comuns à política com uma gestão eficiente.
O tom foi antecipado na carta que Eduardo Campos entregou a Dilma, em mãos, na quarta-feira 18. O documento de 44 linhas, aprovado pela Executiva Nacional do PSB horas antes, expôs os motivos do rompimento. O principal deles foi a pressão da própria presidenta para que o partido entregasse os cargos, caso resolvesse lançar candidato próprio em 2014. Sem citar nominalmente Dilma ou seus assessores, a nota assinada por Campos reafirma o “desapego” a cargos e diz que nunca pautou a aliança “pela prática do fisiologismo”. A decisão havia sido antecipada em conversa por telefone com Lula, na terça-feira 17. Além da falta de diálogo com o Palácio, Campos reclamou com Lula dos constantes boatos de demissão de Fernando Bezerra, ministro da Integração Nacional. Campos também disse que houve quebra de confiança, citando como exemplo a visita inesperada da ministra Ideli Salvatti à Paraíba, na sexta-feira 13. Contrariando o protocolo, Ideli desembarcou em João Pessoa sem avisar ao governador Ricardo Coutinho (PSB) e ainda visitou uma obra de saneamento, financiada pelo Estado, acompanhada de integrantes da oposição.
Na reunião da Executiva do PSB, que durou quatro horas, Campos reforçou os argumentos. “Estamos entregando as funções que ocupamos para deixar o governo à vontade e para que também possamos ficar livres para fazer o debate sobre o Brasil. Queremos debater o crescimento econômico, a geração de empregos, o estado da saúde e da educação. E não ficar nessas conversinhas”, afirmou. O líder do PSB no Senado, Beto Albuquerque (RS), disse à ISTOÉ que foi mais fácil obter um consenso do que se pensava. “Nossa posição é de independência, não de rebeldia. O PSB desembarcou do governo, mas não vai deixar de ajudar. Só que agora somos oposição”, definiu Albuquerque. Segundo ele, o partido agora está livre para escolher o momento adequado de lançar a candidatura de Eduardo Campos – o que pode ocorrer já no início de outubro.
Fonte: Revista ISTOÉ - N° Edição: 2288 - Por Claudio Dantas Sequeira
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