Em sua página no Facebook, o senador mineiro Aécio Neves, presidente
nacional do PSDB e provável candidato ao Planalto em 2014, afirmou ontem
que a presidente Dilma Rousseff "zomba da inteligência dos brasileiros"
ao comparar os dados de seu governo com os do ex-presidente do PSDB
Fernando Henrique Cardoso (1995-2002).
Para o tucano, o raciocínio da petista é incorreto porque "trata apenas
de números absolutos, ignorando as gigantescas diferenças entre as
conjunturas das duas épocas".
Aécio fez críticas à entrevista de Dilma publicada ontem pelo jornal
Folha de S.Paulo. A assessoria do senador mineiro já havia sido
procurada pela reportagem na tarde de sábado, quando as declarações da
presidente já eram públicas, mas a informação foi de que ele estava
"incomunicável".
Na entrevista, Dilma afirmou que, em 30 meses de seu governo, foram
criados 4,4 milhões de empregos no País, ante 824.394 novos postos de
trabalho em todo o primeiro mandato de Fernando Henrique.
Outra comparação que irritou a oposição foi quando a presidente tocou
no assunto da inflação. "Cumpriremos a meta de inflação pelo décimo ano
consecutivo. Sabe em quantos anos o Fernando Henrique não cumpriu a
meta? Em três dos quatro anos", disse a presidente. Para o senador,
"fica mais uma vez evidente a obsessão do PT com o ex-presidente
Fernando Henrique, especialmente no momento em que o seu governo copia
várias das iniciativas do governo do PSDB".
Aécio reclamou também da posição da presidente em não atender ao pedido
da oposição e de aliados de diminuir o número de ministérios de seu
governo, que hoje possui 39 pastas. A gestão FHC chegou a criar novos
ministérios, mas encerrou o mandato com 25 pastas, mesmo número do
início do mandato.
Transparência. Ainda foi alvo das críticas do tucano "o pacto pela
verdade", ideia que a presidente disse querer praticar com a sociedade
brasileira. "Ela perdeu a oportunidade de dar um passo concreto na
direção do pacto", escreveu o parlamentar mineiro, "porque a
transparência é a principal aliada da verdade e o País continua
esperando que sejam suspensos os sigilos decretados sobre financiamentos
oficiais oferecidos para obras no exterior e os que cobrem os cartões
corporativos da presidência mesmo dez anos depois de terem sido
utilizados".
E concluiu dizendo que ficou o sentimento de que este "é um governo
incapaz de novas iniciativas, refém das circunstâncias que o cercam" e
"um governo que chegou ao seu final de forma extremamente prematura".
“Pavor” - O deputado André Vargas (PT-SP) minimizou as declarações de
Aécio contra Dilma. Segundo ele, o PSDB “tem pavor de comparação”, pois o
governo FHC não teria chegado “aos pés” das administrações petistas em
relação à área fiscal.
“O Aécio defende o legado do Fernando Henrique, mas tem pavor de
comparação. Como comparar uma época que não tinha investimento público,
em que a cada crise no mundo o Brasil quebrava?”
Vargas também defende a posição da presidente de não ceder aos apelos
para diminuir o número de ministérios, e alega que nenhuma das pastas
foi criada “sem motivo”.
Fonte: Jornal Estado de São Paulo
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