Por Mino Pedrosa
Enquanto
o Brasil explode nas ruas com manifestações reivindicando melhores
condições e preços nos transportes públicos urbanos, o Distrito Federal
fechou a Licitação mais polêmica da história, que corria há dois anos,
dando como vencedora do lote 5 a Piracicabana, uma empresa que vai
cobrar R$ 0,49 a mais do que a concorrente eliminada, nas linhas do Park
Way e Esafe, áreas consideradas estratégicas pelo Governo que prevê um
dos maiores crescimentos metropolitanos nos próximos anos para aquela
região. O QuidNovi revela com exclusividade a trama que foi engendrada
pelo grupo do Governador Agnelo Queiroz para levar R$ 40 bilhões dos
cofres públicos, para um único grupo de transporte coletivo , o de Nenê
Constantino, na Capital Federal nos próximos 20 anos.
O
computador de Galeno Furtado Monte, o homem que preside a maior e mais
polêmica licitação do GDF, na área de transporte urbano, revela uma
história que chama a atenção da Justiça e do Ministério Público Federal.
Foi na residência oficial da vice-governadoria, no Lago Sul, bairro
nobre de Brasília, que foi selado o destino de pelo menos R$ 40 bilhões
dos cofres públicos nos próximos 20 anos. Galeno foi convocado pela
cúpula da Capital, uma vez que a Licitação, comprometida por fraudes e
direcionamentos para empresas de um único grupo, corria o risco de vir à
baila, a partir das reportagens publicadas por este colunista no Jornal
de Brasília. Ali, era o começo do fim.
No
último dia 3 de junho Galeno chegou à vice-governadoria e deparou-se
com dois subsecretários de Transporte, José Augusto Pinto Junior, e Luiz
Fernando de Souza Messina, o vice-governador Tadeu Filippelli, o
procurador-chefe do GDF, e até o chefe da Polícia Civil. Galeno relata
os momentos de maior tensão e onde chegou até a fazer contato com o
governador Agnelo Queiroz.
“Tinha
uns quatro caras. secretário, um bocado de gente. Chamaram o procurador
chefe e até o chefe da Polícia Civil. Imagina a gente, mero barnabé,
com o vice-governador e o governador dando ordens! O Agnelo deu a ordem
por telefone para fechar a licitação. Foi desgastante. Foi um dia muito
difícil. Eu falei para o Filippelli: Governador, eu quero conversar a sós
com o senhor. Tem muita coisa que vai nos trazer dor de cabeça. Já
estou passando situações críticas na família e no ambiente de trabalho.
Já tenho uma comissão de sindicância em andamento. Tenho um depoimento
na Decap (Delegacia de Repressão aos Crimes contra a Administração
Pública). Tenho uma demanda do Ministério Público. Tá difícil de me
defender. Ele colocou seu advogado pessoal à disposição, não é o do
Governo, e mandou defender a Comissão.”
Galeno
também admite uma sociedade com o delator do escândalo da Caixa de
Pandora, Durval Barbosa, no alambique Cambeba, na cidade de Alexânia, em
Goiás , próximo do DF, onde a empresa ajuda em grande parte a
arrecadação do município. O Durval prestou um depoimento ao Ministério
Público Federal, buscando a delação premiada, no qual revelou ter
investido R$ 700 mil com trator, caminhão e terreno na montagem do
Alambique.
Galeno
revela ainda outro braço de Durval no certame dos Transportes: trata-se
do subsecretário de Políticas de Transporte e Trânsito do DF Luiz
Fernando de Souza Messina.
“Fui
sócio do Durval, por isso eu era visado. Mas quem me chamou foi o
Messina que trabalhou com o Durval lá no Gama. Ele é amigo do Durval! O
Messina era o executor do contrato de informática do TJDF na época que
Durval era o secretário. Agora era ele que mandava incorporar os
documentos do Sacha na Licitação.”
O
presidente da Comissão de Licitação revela também como foi formatado o
edital. Todos dos documentos saiam do escritório paranaense Guilherme
Gonçalves & Sacha Reck Advogados Associados. A Comissão não lia um
documento sequer, tudo vinha pronto. Tem até uma observação por escrito,
em alguns documentos onde uma integrante da Comissão faz ressalva ao
assinar revelando que estava sendo pressionada pelo secretário de
Transporte José Walter Vazquez Filho. Ela assina, mas explica que não
leu e que está em desacordo com o trâmite do edital. Nada disso, foi
considerado pelo secretário.
“Toda
a licitação foi redigida pelo escritório Sacha Reck. Isso aí já foi
negociado antes. Até o resultado da licitação. É o escritório que dá o
resultado. É uma enganação. Quem preparou o projeto básico foi o pai do
Sacha com o outro filho, que analisa todos os recursos. A licitação foi
para inglês ver. Botaram cinco pessoas leigas para fazer esta
licitação”, alega Galeno.
E continua:
“Não existe contrato com o escritório de advocacia. Fiz um documento
pedindo ao Augusto Pinto uma cópia do contrato do Governo com o Sacha.
Não veio. Mandamos um documento para o Secretário Vazquez, não veio.
Quem está pagando o Sacha é o BIRD, através de uma empresa chamada
Logit.”
O
polêmico Edital de Licitação tem a consultoria do Consórcio
Logit/Logitrans, que tem como um dos principais diretores Garrone Reck,
pai de Sacha Reck. Sacha, por sua vez, é, juntamente com seu sócio
Guilherme Gonçalves, advogado dos vencedores do milionário Edital: as
empresas do Grupo de Nenê Constantino. Durante todo o processo, Sacha
esteve no comando e no dia da entrega da documentação foi ele que
digitou a ata do certamente. Sacha tirou o secretário Humberto Menezes
de seu lugar, deixando-o na plateia assistindo tudo.
O
governador Agnelo Queiroz, com o vice Tadeu Filippelli, acompanhava do
Palácio milimetricamente todos os passos do certame. Segundo Galeno, o
governador manipulava a publicação dos documentos no Diário Oficial.
Galeno alega que estava fazendo um trabalho bem feito e não sabia que
estava sendo usado.
Na
reta final do certame, dia 28 de maio de 2013, véspera do feriado de
Corpus Christi chegou uma demanda do juiz para o presidente da Comissão
publicar, num prazo de cinco dias, o recurso da Cooperativa de São Paulo
(Coperbrasil) no Diário Oficial. Galeno diz que mandou. Mas o
governador Agnelo Queiroz mandou retirar a publicação.
Na
segunda-feira, dia 3 de junho, acontece a reunião na vice-governadoria e
a empresa perde todos os prazos do recurso devido a manipulação do
governador Agnelo Queiroz, no apagar das luzes na véspera do feriado.
“O
Agnelo mandou tirar minha decisão da boca do Diário Oficial. Isso é uma
irregularidade. No dia 4 de junho de 2013 o Diário Oficial saiu com a
classificação final do Nenê Constantino. Em 5 de junho, sai no DODF a
homologação e adjudicação e o extrato de concessão. Foram publicados
juntos,no mesmo dia, para não dar espaço para recurso. Atropelou um
monte de fases, a licitação fechou.”
O advogado do Grupo Constantino Sacha Reck (a direita) redige a Ata na entrega das propostas. |
Onze
empresas participaram da abertura das propostas. No final ficaram
somente as cinco do Grupo Constantino. Todas apresentaram envelopes, mas
não foram abertos. Ficaram com Galeno e com a Comissão de Licitação. As
empresas foram eliminadas na análise de documentação feita por Sacha,
selando a trama armada no Palácio do Buriti.
O
governador Agnelo reuniu a Comissão e prometeu tudo, o Judiciário para
defender Galeno e a Comissão. O presidente diz que “não queria assinar a
ata com o resultado final da licitação. Não dava, o negócio não estava
certo. Não estava legal!”
Galeno
ficou com medo porque a Piracicabana não preenchia os requisitos do
edital, os advogados de Nenê Constantino camuflaram as falhas na
sociedade da empresa que agora está no nome de funcionários do
empresário: José Fraim Neves e Mariz Zélia. Durante o processo
licitatório a Piracicabana mudou o quadro societário. Primeiro com o
próprio Constantino, depois passou para as filhas do empresário, quando
os advogados perceberam que não daria para ganhar, botaram no nome dos
empregados mais outra empresa, a Comporte.
Foi
feita uma engenharia para montar o Edital da Licitação 01/2011 – ST, de
tal maneira que só grandes empresas poderiam ganhar. Mais de 100
documentos foram incorporados durante o certame. Desde o início Sacha
Reck redigia tudo. Galeno apenas transcrevia os documentos que chegavam
em papel timbrado do escritório de advocacia do Paraná e eram colocados
integralmente no papel oficial do GDF. O alto comando da Licitação era
tão bem articulado entre o Governador Agnelo Queiroz, Nenê Constantino e
o escritório Guilherme Gonçalves & Sacha Reck Advogados e a turma
Durval que ninguém poderia imaginar que isto viesse à tona.
O
presidente da comissão de Licitação vem sofrendo ameaças de morte. Quem
não quer acreditar que o computador de Galeno fala e que contou toda a
verdade da grande manobra orquestrada pelo Buriti junto com empresários
poderosos do transporte coletivo é porque o valor da tarifa dos ônibus
não faz diferença no bolso ou então, não utiliza o meio de transporte.
Tanto faz!
Fonte: QuidNovi por Mino Pedrosa
CADEIA PARA O AGNELO É POUCO!! TEM QUE SER É FUZILADO ESTE LADRÃO DA NAÇÃO.
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