O governador de Pernambuco recua no tabuleiro político das candidaturas à Presidência da República no ano que vem
Após um animado verão, a pré-candidatura a presidente do governador de
Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), está hibernada para enfrentar um
inverno que pode ser longo e tenebroso. Até os maiores entusiastas da
empreitada, como o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB/PE) e os deputados
federais Márcio França (PSB/SP) e Beto Albuquerque (PSB/RS), têm se
mostrado, em conversas reservadas, preocupados com o recuo tático de
Campos.
O eleitorado fiel do Nordeste pode trair o PT?
Nas palavras de um importante senador que conversou recentemente com
Jarbas, “Eduardo Campos sentiu os efeitos da realpolitik do PT”. Segundo
esse mesmo senador, Jarbas teria dito que, neste momento, Campos está
mais propenso a não se candidatar.
Ainda de acordo com esse relato de Jarbas, Campos vem sendo muito
pressionado pelos petistas e por parte de seus colegas de partido a
abrir mão da candidatura em 2014 para não “enfraquecer o projeto
político do PSB”. Segundo a coluna de Felipe Patury, o ex-presidente
Luiz Inácio Lula da Silva é o principal arquiteto da estratégia para
sufocar o projeto eleitoral do governador.
A lógica propalada pelo ex-presidente para dividir os socialistas é
simples: se a aliança PT/PSB for desfeita (os dois partidos estão juntos
no governo Dilma assim como estiveram na eleição de 2010) a bancada do
PSB irá diminuir de maneira drástica, o que deixaria muitos dos atuais
parlamentares socialistas sem carga a partir de 2015.
Esse mesmo discurso encontra eco em governadores do PSB, como Cid Gomes
(CE), e no ministro Fernando Bezerra (Integração Nacional), que
recentemente defendeu em evento público a reeleição de Dilma e a
manutenção da aliança. No flanco administrativo, o governado federal
ameaça cortar verbas de Pernambuco e reduzir a importância e a
quantidade de cargos dos socialistas na máquina federal.
Sem esses apoios e essa estrutura, fundamental para a montagem de
alianças regionais, Campos teria de enfrentar a base de seu próprio
partido para lançar sua candidatura, o que, no jargão da política, o
transformaria em “candidato dele mesmo”, não de um grupo ou de um
projeto político.
Conforme os cálculos do governo e da oposição, a candidatura de Campos
teria peso decisivo para levar a eleição para um segundo turno, já que,
segundo as mais recentes pesquisas de intenção de voto, a presidente
Dilma Rousseff (PT) segue tranquila na liderança. Primeiro porque Campos
e o PSB orbitam o mesmo espectro político-eleitoral de Dilma e do PT.
Depois, porque os cálculos levam em consideração o eleitorado do
Nordeste e, mais especificamente, de Pernambuco, onde Dilma teve ótima
votação em 2010: se Campos “roubar” votos da presidente na região,
aumentam as chances de um segundo turno.
O senador Aécio Neves (MG), presidente nacional do PSDB e virtual
pré-candidato ao Planalto, é hoje o mais interessado na viabilização da
candidatura Campos. Aécio, em entrevista exclusiva à ÉPOCA, disse que
“para o quadro político brasileiro, seria muito bom se ele (Campos)
fosse candidato”.
O tucano, porém, diz que o PSDB terá candidato a presidente em 2014
mesmo se o processo de hibernação de Eduardo Campos terminar apenas em
2018.
Fonte: Revista Época
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