São muitas as vozes que acreditam que o governador Agnelo Queiroz não reunirá forças suficientes para garantir sua reeleição. Não bastassem à falta de reação do governo aos anseios da população e a comprovada ineficiência gerencial que tropeça e cai diante de cada nova denúncia de desleixo no trato público, o governador perde, a partir de agora, a muleta que o manteve de pé ao longo de seu mandato: a obra do Estádio Nacional.
Longe
de surpreender por suas qualidades tecnológicas e arquitetônicas, o
Estádio exibe suas colunas fincadas no esbanjamento de recursos que
seriam tão melhor gastos na solução dos problemas da educação,
segurança, transporte e principalmente da saúde pública. De legado, a
princípio, cabe prever apenas a longa discussão sobre sua real
necessidade.
Isolado
e sem sua muleta, Agnelo alimentará o imaginário político do DF com um
farto banquete de possibilidades a respeito do seu futuro. Seria ingênuo
considerar que o governador não dispõe de habilidades políticas que lhe
permitam desenhar um cenário favorável e honroso para si próprio. Longe
disso. Agnelo construiu sua chegada ao Buriti dando um banho de charme e
simpatia que foram fundamentais para conduzir um PT desconfiado a uma
aliança com o até então arqui-inimigo PMDB, dando mostras, portanto, do
seu traquejo político. No entanto, o momento é outro.
Dificilmente
a máquina partidária petista do DF dará seu aval para que o governador
Agnelo tente sua reeleição em 2014. Se houve disputa interna na época em
que o universo conspirava a seu favor, imagine agora que esse mesmo
cosmos cospe desaforadamente meteoros de todos os tamanhos em sua
direção?
O
principal líder peemedebista no DF, o atual vice-governador Tadeu
Filippelli, cria em torno de si e somente si a perspectiva de poder aos
grupos políticos mais variados, inclusive aqueles que ele próprio ajudou
a derrotar nas últimas eleições. Impressiona a habilidade de
Filippelli, que mesmo fazendo parte desta caótica administração,
consegue dissociar seu nome do fracasso da gestão que começou como o
“Novo Caminho” e que hoje é apenas chamado governo Agnelo Queiroz.
Caso
se mantenha em nível nacional a aliança entre o PT e PMDB, com a
repetição da chapa Dilma/Temer para 2014, sem dúvidas há uma enorme
chance de que também se repita a composição partidária no Distrito
Federal, entretanto, não se pode garantir a repetição da mesma chapa ou
até mesmo a definição de qual partido será a cabeça.
Não
seria absurdo considerar, em razão da reconhecida sensibilidade
política de Agnelo Queiroz, que o governador possa atuar como o
principal elemento catalisador da aliança PT/PMDB, que por sua vez já dá
sinais de andar por um fio em alguns estados, especialmente no Rio de
Janeiro.
Nesse
contexto, uma hipótese seria a saída de cena de Agnelo Queiroz em favor
de Tadeu Filippelli, reforçando, portanto, os alicerces da aliança dos
partidos, na medida em que equilibraria a balança num eventual
rompimento do compromisso do PT com o governador do Rio, Sérgio Cabral,
do PMDB, que vê reduzidas a pó as chances de eleger o seu vice, Pezão,
num confronto direto com o senador Lindbergh Farias do PT.
Como
havia dito no início, a fragilidade política de Agnelo Queiroz propicia
a análise de um leque de possibilidades quanto ao seu futuro eleitoral.
Essa é apenas uma delas.
Fonte: Guardian Notícias - Por João Zisman
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