Renato Riella |
Em
1993, o poeta Ronaldo Cunha Lima era o governador da Paraíba. Irritado
com denúncias feitas pelo governador anterior, Tarcísio Burity, contra
seu filho (Cássio), o “poeta” entrou armado num restaurante de João
Pessoa e encheu de bala o inimigo, sem chance de defesa. Burity ficou
bom tempo em estado de coma, mas não morreu.
Catorze
anos depois, em 2007, Cunha Lima iria finalmente ser julgado pelo
Supremo Tribunal Federal. Havia sido eleito deputado federal e seu
processo “subiu” do Tribunal de Justiça da Paraíba para o STF (o chamado
foro privilegiado).
Sabendo
que seria condenado, renunciou ao mandato de deputado. Com isso, o
processo voltou praticamente à estaca zero, passando a ser reavaliado
pelo tribunal paraibano. Cunha Lima nunca foi preso e assim morreu em
2011, ostentando a sua condição de “poeta” (isso tudo é muito antigo e
Burity já morreu, também).
Conto
essa história meio longa (mas interessante) para mostrar que, se
Arruda, Paulo Octávio ou Rôney Nemer for eleito (ou forem eleitos)
deputado federal, cada um pode agir como o “poeta” paraibano,
renunciando ao cargo nas vésperas do julgamento e remetendo o processo
para o Tribunal de Justiça do DF, onde pode se arrastar até a morte de
um ou outro.
É assim que funciona a Justiça do Brasil. E por isso os advogados são os “novos ricos” da nossa sociedade.
Fonte: Blog do Riella - Por Renato Riella
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