Após ter notificado Raad, novo corregedor da Câmara Legislativa promete agir com isenção

Após uma eleição sem outros candidatos para a disputa, o deputado
Patrício (PT) foi eleito corregedor da Câmara Legislativa do DF.
A
vaga deixada pelo deputado Wellington Luiz (PPL), para assumir a
Secretaria de Regularização de Condomínios, ficou cerca de sete meses
vazia, paralisando matérias como a que investiga o deputado distrital
Raad Massouh (DEM), suspeito do desvio de emenda parlamentar e
apropriação indevida de parte dos salários dos servidores que
trabalham em seu gabinete.
Agora, sem medo das reações adversas que
possam ter outros parlamentares, Patrício promete uma gestão isenta. O
primeiro ato do petista no novo cargo foi notificar o distrital do DEM,
na última quarta-feira.
Agora, Raad tem dez dias para apresentar sua
defesa. Para falar sobre o futuro de sua gestão à frente da
Corregedoria, Patrício recebeu com exclusividade o Jornal de Brasília
em seu gabinete e contou qual a postura que ele adotará: “Não estou
aqui par agradar ninguém, estou aqui para cumprir o meu papel e a minha
função”.
Após dois anos presidindo a Câmara Legislativa, o que o motivou a aceitar o cargo de corregedor da Casa?
A Câmara ficou sete meses sem corregedor em 2012, desde que o
Wellington assumiu a Secretaria de Condomínios, e nenhum deputado quis
assumir, por saber da dificuldade que é julgar seu par. Mas alguém vai
ter que fazer. A instituição não pode ficar sem corregedor.
Como será sua gestão à frente da Corregedoria da Câmara?
Vai ser uma atuação de acordo com a legislação, como foi na
presidência. Eu não tenho problema que os pares me olhem de cara feia
ou atravessada. Não estou aqui para agradar ninguém, estou aqui para
cumprir o meu papel e a minha função. Quando você toma uma decisão,
você agrada e desagrada. O importante é que no final seja aquilo que a
sociedade quer. Para isso fui eleito.
Qual a situação do caso Raad?
Peguei o processo dele na terça e o notifiquei na quarta-feira. Agora,
ele terá dez dias para apresentar a defesa e eu terei mais 15 para
fazer o relatório final. Porém, eu ainda vou ao Ministério Público e
ao Tribunal de Justiça e conversar com as pessoas que foram ouvidas
durante a investigação, para tomar pé da situação.
Nos corredores, comenta-se que há parlamentares com medo da sua gestão. Que medo é esse?
Ninguém precisa ter medo de mim. Não estou aqui para caçar bruxas e
nem fazer nada demais. Eu vou respeitar a Constituição Federal e usar a
Lei Orgânica e o Regimento Interno. Não vou passar a mão na cabeça
de ninguém. Se houver algo errado, eu vou encaminhar para a Comissão
de Ética.
Qual o papel do corregedor?
O corregedor não pune ninguém. Se houver quebra de decoro, ele apenas
envia para a Comissão de Ética que julga se procedem ou não as
acusações e encaminha ao Plenário. Eu cumprirei o meu papel e vou
fazer o que tiver que ser feito.
O senhor considera que assumiu em um momento difícil, pela proximidade das eleições?
A disputa por poder e espaço é legítima e faz parte do processo
democrático. Vou agir da mesma forma, tanto no período pré-eleitoral quanto pós-eleitoral. Todos os casos que chegarem às minhas mãos eu
vou agir com lisura e transparência, sem me deixar levar por afinidade,
amizade ou pressão política de nenhum segmento. Ao contrário, eu
trabalho melhor sob pressão e não tenho problema nenhum com ela.
Quanto mais, melhor.
O senhor acredita que a população está preparada para julgar seus políticos?
Temos que agir com justiça e transparência, seguindo o regimento.
Claro que todos os casos que chegarem as minhas mãos, eu irei agir com
rigor, mas não farei uma caça às bruxas. Na Caixa de Pandora, a
população votou e reelegeu um monte de parlamentares envolvidos no
caso e que voltaram para a Câmara Legislativa. Teremos eleições em
2014, alguns se reelegerão e outros não. Faz parte do processo
democrático a renovação ou a confirmação de um novo mandato,
depende da atuação política. A população está preparada para fazer
o julgamento de qualquer pessoa nas urnas, pode ter certeza, pois hoje o
que não falta ao cidadão é informação. E, com ela, o eleitor pode
fazer o processamento da sua decisão e do seu julgamento.
O Executivo pode influenciar o trabalho do corregedor ou da Comissão de Ética?
Pode haver com outro corregedor, mas comigo não. Para mim, o deputado
pode ter ficado aqui na Câmara, ter transitado pelo Executivo, pode ter
voltado, ser da base do governo, ser de oposição, ou de qualquer
partido, não há problema.
Qual a imagem que o senhor quer deixar ao fim dessa legislatura?
Eu me importo com a imagem da Câmara Legislativa, pois presidi a Casa
na época da Operação Caixa de Pandora e ela saiu muito arranhada e,
agora, nós temos que resgatar essa imagem. Nesses dois anos, nós
trabalhamos para isso Não é fácil acabar com o fim do nepotismo e
acabar com o 14o e o 15o. Instituir o Ficha Limpa também não foi
fácil, assim como ficar três meses sem contratar ninguém. Por isso eu
digo: não tenho problema que os parlamentares ficarem me olhando
atravessado ou falar mal de mim, desde que eu esteja tranquilo com minha
consciência.
Fonte: Jornal de Brasília - Por Suzano Almeida
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