O senador Gim Argello (PTB) contabilizou essa semana uma vitória em
cima do governador Agnelo Queiroz (PT). Na prática, deu o troco da
derrota que sofreu em janeiro. Os ringues foram as eleições para a Mesa
Diretora e a Comissão de Assuntos Fundiários (CAF) da Câmara
Legislativa.
Gim e Agnelo foram os diretores das duas batalhas. Os atores são os
deputados distritais Cristiano Araújo (PTB) e Sidney Patrício (PT). Os
objetivos: poder, negócios imobiliários e a eleição de 2014.
Na primeira disputa deu Agnelo. O deputado Wasny de Roure foi eleito,
mesmo com a articulação de Gim para levar Cristiano ao comando da
Câmara. O plano A era Patrício, então presidente da Casa, que não
conseguindo viabilizar a reeleição, fechou com Cristiano.
A derrota ficou entalada. Veio a eleição para presidente vice das
comissões. Agnelo se empenhou pessoalmente. O seu candidato a CAF era
Cláudio Abrantes (sem partido). Chegou a se reunir com ele e Cristiano
no Palácio do Buriti.
No encontro ficou acertado que Abrantes presidiria a Assuntos
Fundiários e Cristiano iria para a de Fiscalização, Governança,
Transparência e Controle Social. Na hora da votação, veio a surpresa. O
governador foi traído. Perdeu de 3 a 2.
O voto decisivo veio do deputado Wellington Luiz (PPL), outro
descontente com o governador. Durante a greve da Polícia Civil, em 2012,
Wellington era secretário de Regularização de Condomínios do DF. Como
apoiou a paralisação, foi retaliado por Agnelo. Perdeu a secretaria, a
administração do Varjão e os cargos que tinha no governo.
O governador não entendeu que Wellington não tinha outro caminho. Ele
foi eleito pelos policiais civis. Foi presidente do sindicato da
categoria. Não tinha como ficar contra e nem eixar de participar do
movimento de greve. A intolerância do Buriti custou caro. O deputado deu
o troco e elegeu Cristiano.
Outro caso da política de retaliação do Buriti foi logo após a eleição
da Mesa Diretora. O Executivo ganhou a batalha mas não deixou barato a
articulação de Cristiano. Ele foi exonerado da Secretaria de
Desenvolvimento Econômico (SDE), e perdeu o comando da Administração do
Riacho Fundo I, além de outros cargos do segundo escalão.
Essa semana, no dia seguinte da eleição das comissões, nova retaliação.
O alvo foram as indicações que sobrara de Cristiano na SDE, no Riacho
Fundo e ainda na Fundação de Apoio a Pesquisa. O Diário Oficial publicou
a demissão de todos os ocupantes desses cargos.
Além disso, Agnelo decidiu retirar a Lei de Uso e Ocupação do Solo
(LUOS) e o Plano de Preservação do Conjunto Urbanístico Tombado (PPCUB).
Os dois devem obrigatoriamente passar pela CAF. Nesse caso, não chega a
ser uma retaliação. É mais uma ação estratégica.
Em nota, o governo explicou que a “nova formatação política” da Câmara
Legislativa exigiu a retirada dos projetos pelo “clima de insegurança
jurídica” instalado, e que as propostas vão continuar a ser discutidas
junto a sociedade.
A LUOS e o PPCUB interessam ao setor de Construção Civil, que precisa
investir, mas não consegue devido aos entraves burocráticos criados pelo
governo atual. A intenção é de criar dificuldades para vender
facilidades.
Interessa, ainda, ao governo. É preciso fazer o caixa para a campanha
de 2014. E os dois projetos de lei podem viabilizar grande negócios
imobiliários na cidade. A questão é que Gim Argello também visualizou
uma grande oportunidade. O senador é conhecido por ter feito fortuna no
ramo.
Quem ficou perdido na história foram os empresários do setor. Sempre
acostumados aos lobies para viabilizar os seus projetos, não sabem quem
procurar. Se teriam que conversar com a dupla Cristiano-Gim ou com
Agnelo-Geraldo Magela (secretário de Desenvolvimento Urbano e
Habitação).
A retirada dos dois projetos serve para afinar os discursos de todas as
partes. Melhor assim, antes que a LUOS e o PPCUB, dois projetos com as
melhores intenções, acabe numa porta de cadeia. Ainda não existem prazos
para que os textos voltem para o legislativo. Mas isso deve ocorrer em
breve.
A propósito: Gim, Cristiano, Patrício e Wellington continuam na base
aliado do governador Agnelo. Se declaram aliados incondicionais do
Buriti. Não é uma questão política. São negócios, com pitadas de
picuinha.
Fonte: Blog do Callado - Por Ricardo Callado
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