Uma carta para o governador do Distrito Federal refletir e mudar sua História
Ao
tomar emprestado trecho da música Flores do Deserto, dos Paralamas do
Sucesso, busco na memória recente da política do Distrito Federal um
ancoradouro para o governador Agnelo Queiroz.
Homem de fino trato,
amante de boa comida e um futebolzinho com os amigos. Como médico e
militante político, construiu carreira com o discurso da “transparência e
o zelo pelo bem público”, mantra que o levou ao Ministério dos
Esportes, candidato ao Senado — quase eleito e, finalmente, o sonho:
governador do Distrito Federal. Senhor do destino de uma urbe com mais
de 2,6 milhões de habitantes. A História já é do conhecimento de todos
os brasilienses.
Até os adversários reconhecem: doutor Agnelo tem um talento inato para
convencer seus pares e interlocutores, já com o eleitor... está devendo,
e muito. Pelo menos é o que diz pesquisas encomendadas por vários
pretendentes à cadeira do Palácio do Buriti.
Acredito que poucas vezes no DF um governador foi tão monitorado quanto
Agnelo. Talvez pelo fato de estar privado da força política necessária
para contra-atacar seus adversários, dentro do próprio PT e na sua base
de sustentação. Quando muito, emite frases furiosas que mais parece
rugido de leão de circo: forte, mas não tem dentes suficientes para
morder. Como explicar ao distinto público deste circo o que esta turma
faz que não ajuda o governador na divulgação de seu governo? Eles nunca
tiveram tantas benesses do poder como agora, e não movem um palito para
mostrar o que Agnelo tem feito. Uma montanha de recursos advindo do
governo federal e empréstimos foram despejados no tesouro do governo.
Doutor Agnelo, não entre para a História pela porta dos fundos. Sua
excelência é maior do que muitos dos que o bajulam e beijam sua mão.
Estes não merecem sua estima ou o sacrifício de um mandato por conta do
poder. Estes aliados são parte integrante do descrédito de seu governo,
pois eles brigam apenas pela mesa farta se esquecendo do povo. Este
sim, pode ser seu fiador para continuar sentado na principal cadeira da
gestão do DF. Saia de seu gabinete; vá conversar com o povo nas ruas e
nas regiões administrativas. Busque nas entidades organizadas como a
Fibra, CDL, sindicatos patronais e as categorias organizadas, e veja o
quanto o seu governo está mal. Reverta este quadro de descrença onde a
cada dia expressões como “corrupção, saque ao bem público e desgoverno
do Agnelo” estão tomando as classes C e D. Estas camadas, enquanto
estiverem alheias ao que acontece no governo, podem ser convencidas de
que Vossa Excelência está no rumo certo.
Não adianta o governo mudar o marketing se não mudar a mentalidade de
seus aliados. Como não é possível fazer isso com todos, faça Vossa
Excelência mesmo. Lembre-se: todo simpatizante do controle estatal
aplaude o “alcance das políticas sociais”, mas quem paga isso é o
contribuinte. Não tente ser o pai bonzinho. O povo quer um líder forte
que os ajude a ter o mínimo de qualidade de vida. Não faça pompas por
pequenos atos de suas aparições públicas. Seu legado será maior se Vossa
Excelência ouvir mais do que falar, portanto, a sociedade o espera.
Deixe os deputados pressioná-lo e as correntes petistas se digladiarem.
Não se importe com isso, só assim Vossa Excelência deixará de ter
delírios eleitorais cercado por amigos virtuais aplaudindo sua gestão.
Essa gente, excelência, não está preocupada com o seu destino e sim com o
deles, portanto, não tente agradar a todos. Sempre haverá alguém a se
arvorar a gritar que recebeu pouca atenção e por isso “este governo não
olha para os humildes”. Espero que Vossa Excelência mude sua História.
Fonte: Jornal Opção - Por Wilson Silvestre
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