Paulo Henrique Abreu |
A
tragédia do incêndio da Boate Kiss, em Santa Maria/RS, parece que não
despertou os nossos governantes para terem mais cuidado com a sua
população. Não tem jeito, o interesse empresarial vem em primeiro lugar.
Em Brasília, a situação do transporte público é caótica, onde os ônibus
coletivos quebram por "atacado". Todos os dias nos deparamos diante de
verdadeiras "carcaças" paradas nas rodovias, deixando o passageiro,
literalmente, ao relento, sob o sol ou a chuva, além, é claro,
atrapalhando o trânsito da pior maneira possível com os intermináveis
congestionamentos.
Os defeitos apresentados pelas "latas velhas" são gritantes, dentre os
quais registro o rompimento de parte do assoalho de um ônibus da empresa
VENEZA, ontem (20), do Grupo AMARal (assim é a escrita). Veja bem isso,
não é exagero, é real. Viajar nesses coletivos está cada vez mais
perigoso, onde não há segurança alguma.
Sem falar das empresas Viplan, São José, Planeta e outras, destaco as
péssimas condições dos veículos do Grupo AMARal (propriedade do
ex-senador da República Valmir Amaral), que põem em risco a vida de cada
passageiro que paga, por viagem, a quantia de R$ 3,00, tendo ele o
direito de "viajar" espremido e sempre na iminência de ter a sua
"viagem" interrompida em razão da frequente quebra desses ônibus.
Como solução, antes mesmo do término do processo licitatório de novas
empresas, o GDF poderia fazer a "encampação" dos serviços como é
previsto na Lei 8.987/95, que prevê a retomada dos serviços de
concessão, motivada por razões de ordem técnica ou de segurança das
instalações. Motivos o governo tem de sobra para fazê-lo, basta apenas
coragem e iniciativa e de não ser condescendente com o "empresariado"
local. Mas, pelo visto e o "andar da carruagem", o GDF vai preferir
correr o risco de uma nova tragédia de largas proporções a ter de tomar
uma atitude firme de proteção da população.
Por fim, lembro que as boates, em boa parte do país, só foram
fiscalizadas e com rigor, uma semana após a morte de 248 inocentes de
Santa Maria. No entanto, pressinto que a memória "governamental" começa a
dar sinais de falha.
O papo é esse!
Fonte: PH - Por Paulo Henrique Abreu - Jornalista e Advogado
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