Peça
só foi apresentada agora para não enfraquecer a posição do
procurador-geral no julgamento do mensalão, que se inicia em agosto;
confidência foi feita em almoço na casa do jornalista Fernando Cesar
Mesquita, na última sexta-feira
Informações 247 –
Roberto Gurgel, procurador-geral da República, é cearense da gema.
Nasceu em Fortaleza e fez seus estudos no Rio de Janeiro. Como tal foi
convidado para um almoço, em sua homenagem, na Casa do Ceará, em
Brasília, na última sexta-feira.
A
Casa é mantida por outro cearense ilustre na capital federal: o
jornalista Fernando Cesar Mesquita, também nascido em Fortaleza.
Assessor do senador José Sarney, Fernando Cesar é um personagem querido
na corte. Bem-relacionado, é próxima a juízes, jornalistas e políticos
de todos os partidos. Criou a Casa do Ceará em Brasília inspirado na
Maison du Brésil em Paris.
O
almoço foi uma espécie de desagravo a Gurgel, alvo do PT, na CPI do
caso Cachoeira, e também de representações feitas pelo senador Fernando
Collor de Mello, por ter supostamente prevaricado no caso do senador
Demóstenes Torres (sem partido/GO). Collor pretende até promover um
impeachment do procurador-geral, mas os cearenses estavam ali para dar
uma força a Gurgel.
Durante
todo o tempo, Gurgel esteve acompanhado de seu antecessor no cargo,
Antonio Fernando de Souza, que apresentou a primeira denúncia do
mensalão. Lá pelas tantas, Gurgel foi perguntado sobre a denúncia contra
o ex-governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda, apresentada
no mesmo dia, que, por coincidência, era o último antes do recesso do
Poder Judiciário.
Foi
então que Gurgel fez uma confidência, revelando o teor de uma conversa
mantida entre ele e a procuradora Raquel Dodge, responsável pelo caso.
“Ou você apresenta agora, ou vou mandar arquivar”, teria dito Gurgel. E
ela teria pedido então para que o procurador também assinasse a peça.
Foi
assim que brotou, com quase três anos de atraso, a denúncia contra
Arruda. Uma denúncia que enfrenta várias dificuldades técnicas. A maior
delas decorre do fato de todas as provas serem anteriores à posse de
Arruda como governador do Distrito Federal – as imagens feitas pelo
delator Durval Barbosa são de 2006 e Arruda foi empossado em 2007.
Gurgel,
que fará a sustentação oral da denúncia do mensalão do PT, que será
julgado a partir de 2 de agosto, temia chegar à ocasião sem ter
apresentado uma denúncia contra Arruda, que foi preso e perdeu seu
mandato. Ele sabia que seria questionado por ministros do Supremo
Tribunal Federal, como Marco Aurélio Mello, Celso de Mello e Gilmar
Mendes.
Por isso mesmo, entre enfrentar esse risco e oferecer uma denúncia tecnicamente questionável, preferiu a segunda opção.
Fonte: Blog Rádio Corredor por Odir Ribeiro
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