Christiane Araújo de Oliveira, advogada aliciada por Durval Barbosa revela à revista Veja como fazia para arrancar informações privilegiadas de autoridades dos governos federal e local; no bolo de relações íntimas estão: José Dias Toffoli e Gilberto Carvalho
Brasília 247 – Escândalos com autoridades do Distrito Federal viraram rotina. Surgem personagens, figuras reaparecem e a história é sempre a mesma: dinheiro, mulher e poder. Dessa vez o pivô das acusações é a advogada Christiane Araújo de Oliveira. Reportagem da Revista Veja conta que a alagoana, evangélica e de família humilde, considerada a ‘rainha’ dos homens mudou-se para Brasília e passou a trabalhar para representantes do governo em 2007, com muito sexo e tráfego de informações políticas.
Depois de detalhar relatos de aventuras sexuais com poderosos ao Ministério Público e à Polícia Federal, a advogada revelou o teor de dois depoimentos feitos em 2010 à Revista Veja, na edição publicada neste sábado (11). A reportagem teve acesso a oito horas de gravação em áudio em vídeo, na qual “Christiane revelou que mantinha relações íntimas com políticos e figuras-chave da República”.
As farras que envolvem, entre outros, o ex-delegado Durval Barbosa – delator do esquema de corrupção que derrubou o então governador José Roberto Arruda, em 2009 –, incluíam festas de arromba e viagens em aviões oficiais. O objetivo, um só: aproveitar a condição de amante e amiga íntima dos figurões para arrancar informações e conseguir favores em benefício da quadrilha comandada por Durval, responsável por desviar mais de R$ 1 bilhão dos cofres públicos.
As ações da queridinha dos corruptos não se limitavam ao governo local. Em depoimento, a advogada também relatou que manteve um relacionamento com o ministro do Supremo Tribunal Federal José Antônio Dias Toffoli, na época em que ele ocupava o cargo de advogado-geral da União, no governo Lula.
“Christiane afirma que em um dos encontros entregou a Toffoli gravações do acervo de Durval Barbosa”, diz a matéria da Veja. Objetivo do dossiê era deflagrar um escândalo para eliminar a oposição nas eleições de 2010. Segundo a advogada, ela fez até viagem em um jato oficial do governo, fruto de cortesia de Toffoli.
O dinheiro, as informações privilegiadas e os agrados íntimos aconteciam debaixo de um único teto: em um apartamento onde Durval armazenava caixas com quantias absurdas gastas com a compra de políticos. O local também sediou gravações comprometedoras de várias transações financeiras.
Toffoli desmente a versão da advogada. Em nota enviada à Veja, o ministro negou todas as acusações. “Nunca recebi da Dra. Christiane Araújo fitas gravadas relativas ao escândalo ocorrido no governo do DF”, relatou. Ele também nega ter frequentado o apartamento citado pela advogada ou solicitado o jato oficial. Toffoli bateu o pé e afirmou que só teve um encontro com Christiane, quando era chefe da AGU, durante audiência formal.
O secretário-geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, também não escapa dos depoimentos. A advogada alega que os dois mantêm uma amizade íntima, iniciada quando Carvalho ocupava o cargo de chefe de gabinete de Lula. À época, Christiane intercedeu a favor da nomeação do procurador Leonardo Bandarra como chefe do Ministério Público do DF. Resultado?
O pedido foi atendido. E o mais interessante: Bandarra é membro da máfia chefiada por Durval. Em um discurso de defesa pré-fabricado, hábito de autoridades envolvidas em escândalos, Gilberto Carvalho também nega as acusações. “Eu não estava nesse circuito do submundo, estou impressionado com a criatividade dessa moça”, declarou à revista.
A reportagem mostra que a ligação de Christiane com o PT não termina com as aventuras sexuais entre a advogada e membros do governo. Ela atuou no comitê central da campanha de Dilma Rousseff. Entre as funções, a advogada era encarregada da relação com as igrejas evangélicas – ela é filha de Elói Freire de Oliveira, fundador da igreja Tabernáculo do Deus Vivo e colega de muitos políticos de Brasília. Após o escândalo de envolvimento na Máfia das Sanguessugas, Christiane foi exonerada.
Os depoimentos da advogada queridinha dos homens podres da política estão em posse da Polícia Federal para serem anexados aos autos da Operação Caixa de Pandora.
Segundo a matéria da Veja, porém, curiosamente nenhuma das revelações de Christiane faz parte oficial dos autos da investigação.
Fonte: Brasília 247 - 11 de Fevereiro de 2012 às 11:57
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