Um dia, quando o governo Lula já tiver passado pelo corredor frio da posteridade, será interessante lembrar a personalidade de cada um dos quadrilheiros do mensalão.
A história produzirá um relato sobre a teia de cumplicidades e a ausência de constrangimentos.
Entre todos os réus do Supremo, o menos constrangido é Delúbio Soares. Há seis anos, no alvorecer do escândalo, o ex-gestor das arcas podres vaticinara:
“As denúncias serão esquecidas e vão virar piada de salão.”
Agora, com o país em compasso de espera, Dulúbio retorna à boca do palco para dizer: o julgamento do mensalão “será o maior espetáculo midiático do Brasil.”
A soma da frase de ontem com a declaração de hoje, leva a uma incômoda conclusão:
Para Delúbio, a denúncia que a Procuradoria formulou e que o STF converteu em ação penal é uma anedota. Ao final do “espetáculo”, réus impunes cairão na gargalhada.
Delúbio repisa: "Houve um problema de deficit de campanha. As pessoas do PT e dos partidos aliados recorreram aos partidos…”
“…Coube ao tesoureiro do PT na época –pessoa jurídica de tesoureiro do PT, que era eu—, e resolvemos pegar dinheiro emprestado com os bancos…”
“…E demos o dinheiro para as pessoas pagarem as dívidas. Se as pessoas não contabilizaram o dinheiro na Justiça Eleitoral, o problema é de quem pegou…”
“…O dinheiro tem origem, por isso que nós saímos do termo caixa dois para os recursos não contabilizados. Foi isso que aconteceu."
Nunca antes na história desse país um culpado pareceu tão inocente. Ou nunca um inocente pareceu tão culpado.
Caberá ao STF escrever o epílogo desse triste capítulo jocoso da história nacional. Os magistrados podem escrever uma página séria. oriografia nacional.
Torça-se para que os magistrados escrevam uma página séria. Do contrário, o Brasil vai à posteridade como um salão de piadas.
Fonte: Blog do Josias de Souza - FOLHA
Nenhum comentário:
Postar um comentário