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segunda-feira, 1 de agosto de 2011

AGOSTO, NOS EXTREMOS DOS DOIS PODERES

São duas praças, dois palácios. No Planalto, combate-se a corrupção, com Dilma cada vez mais enérgica. No Buriti, Agnelo prefere agir como um avestruz e enfiar a cabeça na terra
 
Da Redação com Leonardo Mota Neto
 
foto: Blog José Seabra
E agosto - que sempre foi um mês azíago na politica brasileira - começou. Historicamente são trinta dias de definição de um ano inteiro. Um semestre se passou e se vislumbra a reta final, motivando as tensões, a ansiedade e as paixões.

O segundo semestre é o campo ideal que muitos  políticos da base governista, seja a nível federal ou local, esperam para enfim realizar suas expectativas de tirar proveito do que se convenciou chamar defender o governo.


Teoricamente é o tempo da colheita, em que aliados seriam recompensados das demonstrações de fidelidade à presidente e aos governadores em votações, obras e atos. Se sempre foi assim, e a história não nega, por que não seria também agora?


Há tempo para plantar, tempo para colher. É dando que se recebe. A política brasileira com seu avental de cinismo é regida indistintamente por toques bíblicos e místicos, a justificarem a paciência com que todos os praticantes do culto aguardam o tempo da posse de sua recompensa em terra.


Esse tempo seria o segundo semestre, agosto à frente. Mas, se a presidente Dilma pensa exatamente o contrário, não se deve acreditar que o mesmo se cogite a nível de Brasília, por exemplo.


Enquanto a presidente pensa em desequilbrar um dos pêndulos do sistema politico tupiniquim, cogitando quebrar uma de suas pernas, a sevícia dos cofres do Estado, tornada comum nos últimos governos, não se vê o mesmo interesse da parte de Agnelo Queiroz, governador do Distrito Federal.


Por querer mudar um velho e contagiante ranço, Dilma é ameaçada, é alvo da revolta das bases enfurecidas, que prometem dar o troco. Quando? Em agosto. Querem endurecer as votações. Derrotá-la, fazê-la voltar ao aprisco dos saqueadores.


Dilma resolveu bater de frente contra a corrupção. Mas, e Agnelo?


No Congresso Nacional, a base governista palmilha a idéia de se juntar à oposição para convocar a CPI do Dnit. Erro histórico da base uma vez que a CPI, se vier, beneficiará exatamente a presidente Dilma, e não o ex-presidente Lula ou a todos os coniventes com a corrupão.


Contradições, perplexidades, e uma certeza: agosto chegou não com a chave do paraíso, mas com a espada da limpeza ética processada agora em outros ministérios. A nível federal, claro, pois pelas cercanias do Palácio do Buriti não há indícios de mudanças. Sombras negras continuam pairando sobre a capital da República. E Agnelo não se mexe.


Há quem sustente que, até o banimento do último corrupto, a presidente não sossegará. Não é um gesto episódico, porém a convicção de que é isto o que deseja a sociedade. Dilma escolheu expressar a sociedade, não um grupo instalado no poder. Logo, está banindo a corrupção.


E vai continuar. Não mais pode voltar atrás. Não é mais uma questão de ouvir os "sensatos" tipo Gilberto Carvalho, Nelson Jobim, Michel Temer. O jogo agora é de uma revolução cultural dentro do próprio governo. Pela primeira vez, em muitos anos, roubar passou a ser coisa feia. E que dá demissão e cadeia.


A presidente Dilma pensa assim. E está fazendo justamente o que pensa. Já em Brasília, o governador Agnelo Queiroz, com seu olhar lânguido, cada vez mais abatido, ele mesmo alvo de inúmeras denúncias, parece preferir vestir a capa do avestruz. E vai enfiando cada vez mais a cabeça na terra para fugir dos problemas políticos que cercam sua administração.

Fonte: Blog do José Seabra
Blog do Edson Sombra

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