O governo Dilma-2 está se acabando sozinho num inimaginável processo de autodestruição
O que já está ruim sempre pode piorar. A Petrobras e o país amanheceram de pernas para o ar nesta quinta-feira.
Ao
mesmo tempo em que a Petrobras ficava sem diretoria, após a renúncia
coletiva da véspera, e sem ninguém saber o que será feito dela amanhã, a
Polícia Federal está fazendo neste momento, nove da manhã, uma nova
operação em quatro Estados, com mandados contra mais de 60 investigados
na Lava-Jato, entre eles o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto.
Pelo
ranger da carruagem desgovernada, a oposição nem precisa perder muito
tempo com CPIs e pareceres para detonar o impeachment da presidente da
República, que continua recolhida e calada em seus palácios, sem mostrar
qualquer reação.
O governo Dilma-2 está se acabando sozinho num inimaginável processo de autodestruição.
A
presidente teve todo o tempo do mundo para pensar em soluções para a
Petrobras, desde que esta grande crise estourou no ano passado, mas só
se dedicou à campanha pela reeleição e à montagem do seu novo
ministério. Agora, tem apenas 24 horas para encontrar uma saída, antes
da reunião do Conselho de Administração, que precisa nomear a nova
diretoria amanhã para não deixar a empresa acéfala.
Pois
não é que, em meio aos enormes desafios que seu governo enfrenta em
todas as áreas da vida nacional, apenas 36 dias após o início no segundo
mandato, Dilma encontrou tempo para promover a primeira mudança em seu
ministério trazendo de volta o inacreditável Mangabeira Unger,
folclórico ideólogo que queria construir aquedutos para transportar água
da Amazônia para o sertão do nordeste, como lembrou Bernardo Mello
Franco?
Isolada,
atônita, encurralada, sem rumo e sem base parlamentar sólida nem apoio
social, contestada até dentro do seu próprio partido, como estará se
sentindo neste momento a cidadã Dilma Rousseff, que faz apenas três
meses foi reeleita presidente por mais quatro anos?
Ou, o que seria ainda mais grave, será que ela ainda não se deu conta do tamanho da encrenca em que se meteu?
É
duro e triste ter que escrever isso sobre um governo que ajudei a
eleger com meu voto, mas é a realidade. É preciso que Dilma caia nesta
realidade e mude radicalmente sua forma de governar, buscando e não
arrostando apoios, ouvindo pessoas fora do seu núcleo palaciano, como
prometeu no discurso da vitória, antes que seja tarde demais.
Por
um desses achaques do destino, foi marcada para hoje, em Belo
Horizonte, a abertura das comemorações dos 35 anos da fundação do PT, um
partido que vi nascer e que vive hoje a pior crise da sua história, 12
anos depois de ter chegado ao poder central.
Está
previsto um encontro reservado do ex-presidente Lula com a presidente
Dilma. Cada vez mais distantes nos últimos meses, o que um terá para
falar ao outro? Pode ser que a conversa comece com esta pergunta, que
todos os petistas estão se fazendo: "Pois é, chegamos até aqui. E agora,
camarada?"
Vida que segue.
Fonte: Blog Balaio do Kotscho.
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