Partido ressaltou que confia no sistema e só tomou a medida atendendo a dúvidas levantadas nas redes sociais
O
PSDB pediu ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) auditoria especial nas
eleições deste ano. A solicitação foi protocolada nesta quinta-feira
pelo deputado Carlos Sampaio (SP), coordenador jurídico da campanha
presidencial de Aécio Neves. Embora diga ter confiança na Justiça
Eleitoral, o partido afirma que manifestações em redes sociais
questionam o processo e ressalta que a auditoria pode dar certeza ao
cidadão sobre o sistema eleitoral. O TSE informou que não havia recebido
a petição e, por isso, não se manifestaria.
A ideia é criar uma comissão de especialistas indicados pelos partidos
políticos para o trabalho. O resultado proclamado pelo TSE foi de 51,64%
dos votos válidos para Dilma Rousseff (PT) e 48,36% para o tucano,
diferença inferior a 3,5 milhões de votos.
Essa comissão teria acesso a cópias dos boletins de urna e demais
documentos gerados nas sessões eleitorais, dos arquivos eletrônicos com a
memória dos resultados, além dos logs originais e completos das urnas
eletrônicas e de transmissão e recebimento dos dados da apuração.
Pede-se ainda acesso a todas as ordens de serviço e registros técnicos
sobre manutenção e atualização dos serviços técnicos relativos ao
segundo turno, aos programas de totalização de votos e aos programas e
arquivos de urnas usadas, que seriam escolhidas aleatoriamente em pelo
menos dez cidades de cada estado.
O documento começa com elogios ao trabalho da Justiça Eleitoral
“especialmente as ações voltadas à segurança dos eleitores e da garantia
do sufrágio”. Frisa, porém, que, nos dias seguintes à divulgação do
resultado, foram registradas manifestações em redes sociais com
questionamentos sobre a confiabilidade da apuração e a infalibilidade da
urna eletrônica, com petição até em defesa da recontagem dos votos. O
PSDB argumenta que a credibilidade do sistema brasileiro precisa ser
reafirmada.
“A legitimidade da representação popular, em qualquer país democrático,
está diretamente relacionada com a confiança do povo brasileiro no
processo eleitoral e nas instituições públicas. Neste momento, as
manifestações de uma parte considerável da sociedade brasileira não
estão em consonância com esta esperada confiança, o que exige dos órgãos
responsáveis pelo processo eleitoral e dos agentes que participaram das
eleições ações concretas para que quaisquer dúvidas sejam dissipadas”,
diz a petição.
O ex-presidente do TSE, Carlos Velloso considerou “salutar” para a
democracia uma auditoria das eleições. Ele presidiu o TSE entre 1994 e
1996, época em que a urna eletrônica foi instituída. Ele atesta a
eficácia do equipamento:
— Uma auditoria não compromete a credibilidade das eleições. É um
direito dos partidos políticos esclarecer todo o processo eleitoral.
Esse sistema de apuração da Justiça Eleitoral é seguro e tem muitas
garantias. Acho até muito bom, salutar, que haja auditoria. Mas não tem
possibilidade de a auditoria acusar erro que pudesse mudar o resultado
das eleições — afirmou.
Fonte: O Globo por Eduardo Bresciane.
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