Suas
primeiras revelações, ainda em caráter anônimo, chegaram aos
investigadores em 2008. Ele mandava documentos e mensagens para as
autoridades, relatando movimentos de Janene e Youssef
José Janene, ex-deputado já morto, e Hermes Magnus, que denunciou o esquema do Petrolão
“Eu perdi tudo, não devo nada para o governo do PT, mas o Brasil me
deve muito”, afirma o empresário Hermes Magnus, que denunciou à Polícia
Federal e à Procuradoria da República em Londrina (PR) o esquema de
lavagem de dinheiro sob comando do então ex-deputado José Janene
(PP/PR), morto em 2010, e do doleiro Alberto Youssef.
Naquele ano, em busca de investidores que aportassem recursos na Dunel
Indústria e Comércio Ltda., que criou para atuar no fornecimento de
equipamentos, ele encontrou-se com o político na sede da CSA Project
Finance, espinha dorsal da Lava Jato. Logo, afirma, descobriu que Janene
usava a CSA para lavar dinheiro, mas não se afastou porque firmara
memorando de entendimentos, que previa pesada multa por rompimento
contratual.
Por meio da CSA, Janene e Youssef expandiram suas ações para a
Petrobras, onde se associaram a Paulo Roberto Costa, diretor da estatal
entre 2004 e 2012. “Naquela reunião, me foi apresentado o Claudio Menti,
pupilo e testa de ferro do Paulo Roberto”, narra o empresário. “Na CSA
encontrei pelo menos três vezes o Paulo Roberto.”
Segundo ele, Janene lhe ofereceu R$ 1 milhão para injetar na Dunel –
segundo a Procuradoria, dinheiro do mensalão que foi lavado pelo
político. “Eles queriam me usar como laranja. O dinheiro rodava livre na
CSA. A partir das minhas informações, a Lava Jato foi ganhando corpo.”
Entre 2011 e 2012, a Justiça Federal autorizou medidas cautelares,
interceptação telefônica e de e-mails. Descobriu-se, então, as
ramificações do grupo e surgiram detalhes das relações com o então
diretor da Petrobras e indícios de propinas a políticos do PT, do PMDB e
do PP.
Celeridade
As investigações ganharam celeridade quando o investidor Enivaldo
Quadrado, operador de Janene, foi preso em dezembro de 2008 no Aeroporto
Internacional de São Paulo, em Guarulhos, com 361,4 mil em espécie na
cueca e nos bolsos que, segundo Magnus, era destinado à ex-mulher de
Janene.
“Eu quebrei, um prejuízo de pelo menos R$ 2 milhões. Éramos 32
funcionários, somos quatro”, desabafa Magnus, que diz levar uma vida de
dificuldades, sob desconfiança do mercado, que raramente lhe dá uma
oportunidade de negócio.
Telefonemas anônimos o aterrorizam. Ameaças vêm de todo jeito, a
qualquer hora. Teme uma emboscada. Ou uma bala perdida. “A militância
vai cuidar disso”, dizem. “Meu plano é ir embora do Brasil. As pessoas
me veem como um bandido que desertou, mas não é verdade. Eu denunciei
tudo, desde 2008. Eu não sou um deles.
Magnus afirma ver uso eleitoral da PF e não acha justas as críticas de
políticos à condução do processo pelo juiz Sérgio Moro. “Não há nenhum
interesse político na investigação.”
Fonte: Diário do Poder.
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