Dono
do cofre petista, João Vaccari Neto intermediou operações para Alberto
Youssef que desviaram R$ 500 milhões do fundo de pensão da Petrobras
Na
semana passada, o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, foi identificado
na engrenagem da corrupção que desviou bilhões da Petrobras. Agora
surge o elo do comandante das finanças petistas com o doleiro Alberto
Youssef na Fundação Petros, o fundo de pensão dos funcionários da
Petrobras. A Polícia Federal concluiu, nos últimos dias, a investigação
sobre uma operação que causou prejuízo de R$ 13,9 milhões ao fundo. Mas o
valor desviado nesta e em outras operações pode chegar a R$ 500
milhões, segundo os investigadores.
No computador de Youssef, a PF encontrou uma pasta com 12 arquivos
referentes a negócios do doleiro com a Petros. Quem teria intermediado a
operação com ajuda de dois diretores indicados pelo PT para o fundo foi
Vaccari. Um deles seria Luiz Carlos Fernandes Afonso, que chegou a
presidir a entidade entre 2011 e 2014.
PARCERIA
Segundo a PF, João Vaccari contou com a ajuda de diretores indicados pelo PT para operar para o doleiro Youssef (acima)
Além deles, a PF registra a participação de um político “de grande
influência” no governo. Ele teria conseguido no Ministério da Fazenda a
liberação de um seguro necessário ao investimento. Segundo o advogado
Carlos Alberto Costa, espécie de testa de ferro de Youssef, o recurso
foi desviado para “pagamento de propina” aos funcionários da Petros.
Costa já havia denunciado o caso à PF em agosto e depois detalhou o caso
em depoimento ao juiz federal Sérgio Moro. Agora, os investigadores
cruzaram as declarações com documentos do computador do doleiro e
relatórios de movimentação financeira das empresas usadas pelo grupo.
Confirmaram, por exemplo, que a Petros foi induzida a investir num
negócio que se sabia irregular.
Os quase R$ 14 milhões foram usados na compra de uma cédula bancária
emitida pelo Banco Banif Primus como antecipação de recebíveis de um
contrato de venda de ferro-gusa, firmado entre a Indústria Metais do
Vale (IMV) e a siderúrgica Barra Mansa. Ocorre que a IMV era uma empresa
falida. Para habilitá-la como investimento seguro ao segundo maior
fundo de pensão do País, Youssef e o deputado José Janene (morto em
2010) iniciaram um plano de recuperação judicial, injetaram nela R$ 4
milhões por meio da CSA Project Finance e entregaram o projeto na mão de
Claudio Mente, empresário muito amigo de Vaccari.
O tesoureiro do PT acionou o então diretor financeiro da Petros Luis
Carlos Fernandes Afonso e o gerente de novos projetos Humberto Pires
Grault. “Emitiram nota através de outras empresas e o recurso foi
desviado para pagamento de propina para os funcionários da Petros”,
disse Costa à Justiça. Afonso foi nomeado diretor em 2003 por indicação
de Wilson Santarosa, ligado a José Dirceu e que presidia o conselho
deliberativo da Petros na ocasião. Afonso tem longa ficha de serviços
prestados ao PT, tendo sido secretário de Finanças do ex-prefeito de
Santo André Celso Daniel, assassinado em 2002.
Grault, apadrinhado pela cúpula partidária, já passou por vários fundos
de pensão e conselhos de empresas controladas. Da Petros, ele foi para a
Funcef, nomeado como gerente na diretoria de participações, chefiada
por Carlos Borges. Foi Borges quem recebeu Youssef em março deste ano,
numa reunião privada, a pedido do deputado André Vargas, para apresentar
uma “proposta de investimento”. Tanto Afonso como Grault respondem por
denúncias de improbidade.
No depoimento à Justiça, Carlos Costa alerta que a negociata com a IMV
em 2006 foi apenas “a primeira operação”. Muitas outras vieram. A
próxima suspeita na lista da PF é a barragem de Apertadinho, na qual a
Petros colocou R$ 62,4 milhões em troca de cédulas de crédito bancário.
Como se sabe, a barragem – construída pela empreiteira Schain e EIT –
desmoronou e o dinheiro virou pó.
Fonte: Revista ISTOÉ por Claudio Dantas Siqueira.
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