
As
primeiras projeções sobre a configuração da próxima Câmara Legislativa
sugerem um desenho muito parecido com o que surgiu das eleições
passadas. Tudo indica que haverá uma extrema pulverização dos votos e
que a maioria dos distritais fará parte de blocos do eu-sozinho. Quando
começou a legislatura, nada menos do que 13 dos deputados, a maioria
absoluta, eram os únicos eleitos por seus partidos. Apenas o PT fez
bancada maior, com cinco distritais. PMDB, DEM e PPS contavam com dois,
cada um. Este ano, constata o deputado Joe Valle (foto), hoje no PDT, tende a haver uma pulverização até maior, pois dificilmente o PT repetirá sua performance.
Candidatos “médios” dão as cartas
Criou-se
nesta eleição uma lógica perversa para os partidos. Com peso nas
instâncias decisórias e reforçados pela proximidade de campanha, os
chamados “candidatos médios” — entenda-se por candidato médio quem
imagina ter de mil a três mil votos — simplesmente vetaram coligações
que incluíssem maior número nomes já testados, e aprovados, nas urnas.
Foi o caso do PP, que tem dois candidatos fortes à Câmara Legislativa e
por isso viu rejeitadas as possibilidades de coligação. Só conseguiu, à
última hora e por imposição da cúpula, uma polêmica aliança com o PT. O
resultado é que um grande número de chapas não conta com puxadores
sérios de voto, mas apenas com candidatos de potencial menor.
Quociente eleitoral é preocupação de todos
O
primeiro efeito dessa configuração é a dificuldade para atingir o
quociente eleitoral, barreira para que o partido consiga eleger
representantes. O resultado é que dos sete partidos que concorrem
sozinhos, sem alianças, seis correm o risco de ficar de fora. Apenas o
PMDB não deve encontrar dificuldades maiores. É altamente improvável que
PCO e PSTU consigam alguma coisa. O PSOL já tentou três vezes, sem
conseguir. Está nessa lista até o DEM, que em outros tempos tinha a
maior bancada, também está sob ameaça.
Até o PT pode perder cadeiras
Mesmo
as coligações, a maioria costuradas a duras penas, não têm garantia de
ultrapassar o quociente. Das 11 que foram registradas, só cinco podem
ter plena convicção de que conseguirão eleger distritais. Entretanto,
sua composição também favorece a pulverização. É o caso da aliança entre
PSB, PDT e SD. Deve fazer duas cadeiras e tem potencial para chegar a
três. Isso significa que o SD deve ter um distrital e o PDT outro,
podendo conseguir um segundo. A coligação de PP e PT fará cinco ou seis
distritais. Matematicamente tornou-se improvável que os petistas
consigam sequer manter a atual bancada de seis. O mais provável é que
fiquem com quatro — e mesmo assim será o maior agrupamento da nova
Câmara.
Três, só com milagre
Para
as seis coligações restantes, caso consigam ultrapassar o quociente, o
mais provável é que elejam apenas um distrital. Podem chegar a dois. Se
houver um milagre, três. Uma vez mais, vale a regra da pulverização.
Delas não sairão bancadas com mais de dois distritais. A próxima Câmara,
do ponto de vista da composição partidária será muito, mas muito
parecida com a atual.
Fonte: Informações Eduardo Britto - Do Alto da Torre - Jornal de Brasília
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