Ao receber o convite para escrever na Revista Tendências e Negócios,
o que muito me honrou, levei alguns dias para definir o que trazer à
Você leitor, que não fosse a mesmice de falar que as eleições começaram,
traçar o perfil dos candidatos, ou mesmo dar uma de pitonisa para
registrar o possível vencedor.
Cá
com os meus botões, achei que Você merecesse algo mais, Daí manter a
mesma linha do que faço no programa de TV do mesmo nome – Tendências e
Negócios – para tratar dos bastidores da corrida eleitoral e da
incapacidade da fiscalização da justiça e do ministério público
eleitoral em combater o caixa dois e o abuso de quem detêm a máquina
eleitoral.
Sim
porque em Brasília de 4 em 4 anos e no restante do Brasil a cada 2
anos, pois aqui não tem eleição municipal, nos vemos diante de um faz de
conta. Não é à toa que na história descrita pelo Supremo Tribunal
Federal em torno do mensalão recentemente julgado pela mais alta corte
do país, a tentativa de fazer daquela dinheirama um mero caixa dois
eleitoral foi por terra.
Evidente
que a história se repete, e o que mais assusta é a incompetência de se
coibir estas práticas, o que torna a eleição brasileira a segunda
oficialmente, ou talvez a primeira no câmbio negro em todo mundo.
E porque será tão difícil de coibir estas práticas. Temos menos de um dezena de candidatos a presidência da República. O QUE SE REPETE EM QUANTITATIVOS NOS CANDIDATOS AO GOVERNO E AO SENADO.
Um fiscal em cada comitê e atenção nas pessoas que circulam por lá,
para se ter controle mínimo de material e pessoal contratado. Obrigar a
apresentação dos contratos de marketing e propaganda, acabando com os
Marcos Valérios, Dudas Mendonças e outros que ganham milhões, até com
depósitos no estrangeiro. Baratearia o custo e impediria o calote, sim
muitas vezes esta turma tem que receber na justiça. Exemplos não falta
em partidos que estejam no governo e na oposição, que deixaram de pagar
suas dívidas eleitorais. Pior então quando se perde a eleição. Quando se
ganha a festa é com o nosso dinheiro.
Encontros
com empresários tinham que ser registrados, tais como a agenda de
pessoas públicas. As doações de pessoas jurídicas e de pessoas físicas
acima de determinado valor informados em tempo real, até para que o
eleitor saiba. Contratos de pessoal informados mensalmente e conferidos,
tanto os recolhimentos fiscais, quanto o pagamento, com identificação
das pessoas. Assim quem já trabalha não poderia se dar bem novamente com
uma boquinha eleitoral. Fecharia a porta de profissionais de muitos
setores contratados clandestinamente.
Um
grande amigo, atento observador e antigo participante das arenas
eleitorais pelo Brasil, me diz: “Basta acompanhar os majoritários, os
com mandato, os que tem ligação com segmentos religiosos, os ligados a
sindicatos e corporações, além dos que tem patrimônio acima da média
nacional e já se terá um grande controle.” E qual a razão da justiça e
do ministério público eleitoral não atentarem para isto? Esta é a
pergunta que deixo para Vocês. Afinal basta ver na declaração de gasto
dos candidatos e conferir como está o bloco dele na rua, para se ter a
nítida noção do quanto tá rolando de dinheiro na campanha.
Numa
eleição morna como esta nossa, onde o ziriguidum vai começar mesmo em
agosto, seria pra lá de salutar que a disputa eleitoral desejada como
limpa fosse também monitorada, com a competência de uma justiça
eleitoral pra lá de cara e a determinação de quem quer deixar o faz de
conta e deseja, pelo bem da democracia, levar um choque de realidade.
Facim, facim, como diz minha filha. É só querer. Até a próxima, Celson
Bianchi - A Voz da Verdade.
Fonte: A VOZ DA VERDADE - Por Celson Bianchi.
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