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domingo, 31 de agosto de 2014

Eleições: Dias decisivos para a disputa no DF

Flávia, ao lado de Arruda: Escolha pela mulher do ex-governador pode ser a mais acertada, de acordo com aliados.

Em breve, o presidente do TSE, Dias Toffoli, despachará pedido do Ministério Público de suspensão da campanha de Arruda. Com as sucessivas derrotas na Justiça Eleitoral, aliados do ex-governador já pensam em nomes para substitui-lo na chapa.

A campanha do ex-governador José Roberto Arruda (PR) para tentar voltar ao Palácio do Buriti entra em momentos decisivos a partir dos próximos dias. Restam duas semanas para que a coligação possa tomar a decisão de substituir o cabeça da chapa ou mantê-lo no páreo, sob o risco de ficar sem candidato nas próximas eleições. A data de 15 de setembro é considerada o marco temporal para mudanças porque, a partir daí, encerra-se a possibilidade de alterações. Ainda que Arruda adote um discurso otimista, o grupo mais próximo de aliados começa a analisar qual é o candidato mais viável num plano B (ver quadro).

Sexta-feira, 29 de agosto, Setor Sul do Gama. A tarde chega ao fim e cerca de 300 pessoas a maioria vestindo camisetas ou balançando bandeiras verdes se acotovelam para ouvir Arruda falar. Ele repete um discurso que vem fazendo desde o início da campanha e, principalmente, nos últimos dias, desde que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) indeferiu o registro de sua candidatura. “Não sou covarde, não sou frouxo. Se fosse, não tinha chegado até aqui. Não está sendo fácil, reconheço, mas vou até o fim. Eu não desistirei”, discursa. As pessoas aplaudem e gritam, incentivando o ex-governador.

Entre os aliados de Arruda, a avaliação é de que ele está determinado a continuar. Isso, aliás, é motivo de preocupação. Afinal, se ele ultrapassar a data decisiva de 15 de setembro na cabeça de chapa, pode colocar a perder boa parte do trabalho da coligação, caso não consiga reverter na Justiça a sua condição de ficha suja.

Se a chapa é cassada até o primeiro turno, por exemplo, apenas os outros adversários inscritos concorrem. Se a decisão da Justiça barrar a candidatura entre o primeiro e o segundo turnos, os dois candidatos mais bem classificados além dele vão para a disputa. Se Arruda vencer e continuar ficha suja após as eleições, os votos são anulados e nova eleição é convocada.

Desde que as articulações para reunir o grupo começaram a ser feitas, muito antes do período eleitoral, Arruda tem procurado ouvir a família Roriz (que agrega PMN e parte do PRTB), o ex-senador Luiz Estevão (presidente regional do PRTB), o ex-deputado federal Alberto Fraga (DEM) e o senador Gim Argello (presidente regional do PTB). Outro interlocutor próximo é o candidato a vice Jofran Frejat (PR). A última decisão de Arruda foi tomada após consultar familiares e advogados.

Opções

Luiz Estevão, Frejat, Gim e a família Roriz entenderam que a permanência de Arruda favoreceria toda a coligação, incluindo o candidato ao Senado e os concorrentes à Câmara Legislativa e à Câmara dos Deputados. Fraga também se posicionou no mesmo sentido, mas foi um dos únicos a falar em uma nova opção em caso de queda do ex-governador. “Vamos juntos até quando os recursos se esgotarem. A Justiça está sendo célere na análise do caso do Arruda e esperamos ter uma resposta até 15 de setembro”, disse ele, na semana passada, ao Correio.

Arruda tem usado o caso de Joaquim Roriz para ilustrar o seu próprio. Em 2010, sob risco de ser considerado inelegível, ele abriu mão da disputa em nome da mulher, Weslian Roriz (então no PSC), no meio da campanha ela acabou derrotada. A encruzilhada do grupo de Arruda é saber qual o potencial de transferência de votos que ele teria. “A grande questão é saber se o eleitor vai votar na Flávia Arruda (mulher do ex-governador) ou no Jofran (Frejat, candidato ao vice) com a mesma certeza de que votaria no Arruda. Ela pode ser a melhor alternativa, pois é conhecida e não tem telhado de vidro, além de ter traquejo e acompanhá-lo sempre. Temos que começar a pensar nisso tudo”, afirma um aliado do grupo.

A busca por uma solução também entra na esfera jurídica. Em 9 de julho, o ex-governador foi condenado pela 2ª Turma Cível do Tribunal de Justiça do DF e dos Territórios (TJDFT) por improbidade administrativa pelo envolvimento nas ações investigadas pela Operação Caixa de Pandora em 2009 — o que o deixaria inelegível à luz da Lei da Ficha Limpa. Os advogados tentam reverter a decisão dos desembargadores no Superior Tribunal de Justiça (STJ) e, assim, “limpar” o nome de Arruda.

Sem campanha

O TSE deve julgar esta semana um pedido feito pela Procuradoria-Geral Eleitoral para que Arruda seja impedido imediatamente de fazer campanha para o Palácio do Buriti. O procurador-geral, Rodrigo Janot, fez o requerimento por considerar que, como o ex-governador é ficha suja, não pode ser eleito, tampouco tomar posse. Dessa forma, a permanência dele na campanha engana e confunde o eleitor. Um dos ministros do TSE e STF, Luiz Fux, já defendeu a saída do candidato da campanha. Fux acredita que Arruda já está inelegível e que a permanência dele na disputa pode deixar a decisão com cara de “faz de conta”.

QUEM SUBSTITUI ARRUDA?

» Jofran Frejat (PR): o médico subiria para a cabeça de chapa. Nesse caso, outro nome ocuparia a vaga de vice.

» Flávia Peres Arruda (PR): mesmo sem ter disputado eleição, a mulher de Arruda é conhecida. Ela ocuparia o lugar do marido.

» Alberto Fraga (DEM): é outro que tem sido citado. Mas ele pensa que tem grande chance de chegar à Câmara dos Deputados e correria o risco de trocar o mais certo pelo duvidoso.

» Gim Argello (PTB): aliado de Agnelo até as vésperas da campanha, o senador poderia entrar na disputa ao governo e se arriscar, pois seu desempenho nas pesquisas para o Senado tem sido ruim.

Fonte: Por Almiro Marcos - Correio Braziliense.

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