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sexta-feira, 29 de agosto de 2014

Arruda anuncia que campanha continuará


Com um discurso cheio de metáforas, José Roberto Arruda (PR) anunciou ontem aos seus partidários que a campanha continua e que assim será enquanto houver possibilidade de recurso na Justiça. “Só não há jeito para a morte. Enquanto temos chance de recurso, por mais difícil que seja, eu me mantenho na luta”, disse, ontem, na sede do PR.

O ex-governador recorreu ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) da decisão do Tribunal Regional Eleitoral do DF (TRE/DF) que impugnou sua candidatura. Por seis votos a um, o Tribunal indeferiu o recurso. Agora, os advogados devem entrar com embargos declaratórios, questionando o julgamento no próprio TSE. Depois disso, entrarão com recurso no Supremo Tribunal Federal (STF), alegando violação à Constituição

“Mudar a interpretação da lei, justamente no meu caso, me dá o direito de recorrer”, disse Arruda, alegando que o TSE já tinha jurisprudência firmada, mas foi mais rigoroso no seu caso, “inovando na interpretação da lei”. Ele foi condenado em segunda instância cinco dias após registrar a candidatura.

“Democracia em risco”

Por mais de uma vez, disse que se sente como um motorista que trafega por uma via onde a velocidade máxima permitida é de 80 km/h e é multado por que o guarda de trânsito decidiu que só o seu carro pode andar, no máximo, a 60 km/h.

Com a metáfora, Arruda se diz vítima de “pessoas do mal”, de perseguições, manobras e golpe. “Uma democracia se constrói quando uma lei é igual para todos. Quando a mesma lei tem interpretações diferentes em casos específicos, rompe-se um primado do sistema democrático de direito e coloca-se em risco a própria democracia”, disse.

Sem admitir um plano B, ele disse confiar na Justiça. “Temos chances reais de reverter essa decisão negativa”, discursou, sob gritos de “É verdade!” e “O povo quer Arruda”, da plateia.

O ex-governador diz acreditar na celeridade do julgamento dos recursos para que a situação se resolva antes das eleições: “Eu acho importante que, quando chegar a data do pleito, não haja mais dúvidas sobre a minha candidatura”.

Agora, “ganho em emoção”

Aos apoiadores, Arruda reconheceu que os últimos dias têm sido sofridos e cheios de emoção, com notícias ruins e muito boas, citando as pesquisas de intenção de votos: “Tem hora que, mesmo calejado, as chibatadas doem”. Disse que apesar de “estar arriado” e com “cicatrizes dolorosas pelo corpo”, vai em frente. “Não sou covarde, não sou frouxo”, repetiu.

O ex-governador disse que as dificuldades vão aumentar, mas que sua campanha ganha mais emoção. “Os próximos dias, até a decisão final do Supremo, serão muito difíceis”, discursou, pedindo ainda mais empenho dos cabos eleitorais.

Primeiro turno

Usando números da pesquisa eleitoral do Ibope, divulgada anteontem, que mostra o ex-governador com 37% das intenções de voto, Arruda disse que está perto de ganhar a eleição no primeiro turno.

“Se o Ibope diz que eu tenho 37% e os adversários, juntos, têm 39%, falta tomar deles só um ponto para ganhar no primeiro turno. E se a gente não quiser tomar votos deles, para eles não ficarem tristes, basta a gente buscar dois pontos dos indecisos”, disse.

Para o tudo ou nada

Em cima de uma cadeira e ao lado da mulher, Flávia Arruda, do vice Jofran Frejat, do senador Gim Argello (PTB) e dos demais candidatos da coligação, José Roberto Arruda reconheceu que está indo para o tudo ou nada. “Nós vamos ter que vencer um obstáculo jurídico grande”, afirmou. Ele disse que a decisão de continuar na disputa e “lutar até o fim” pela candidatura foi tomada junto com a mulher e com os presidentes dos partidos da coligação União e Força. “São eles que dão o respaldo legal às nossas candidaturas”, pontuou.

Ponto de vista

O vice-presidente do TSE, Gilmar Mendes, criticou ontem a decisão contrária à candidatura do ex-governador Arruda. De acordo com ele, o TSE mudou a jurisprudência no meio do processo eleitoral sem justificar. "Quem tem responsabilidade institucional justifica: estou mudando por causa disso. E não faz de conta que, ontem eu estava votando assim, e hoje é assado", afirmou. Para o ministro, essa justificativa faltou. “Quem faz isso é tribunal nazista", criticou. 

Fonte: Guardian Noticias / Informações Jornal de Brasília.

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