Na largada da disputa eleitoral, a
equipe da presidente Dilma Rousseff, num esforço para reduzir sua
crescente rejeição, tem transmitido o seguinte recado a empresários e
políticos aliados.
Ela reconhece que cometeu erros em seu primeiro mandato na Presidência e
promete corrigi-los numa eventual segunda administração. O aceno é uma
tentativa de recuperar o apoio de dois setores ressabiados com seu
estilo de governar.
Em conversas reservadas, empresários manifestam um certo ceticismo com a
iniciativa. Demonstram, por exemplo, ter dúvidas sobre o que Dilma de
fato reconhece como erro e qual sua real disposição para tentar
consertá-los no futuro.
Em alguns casos, eles admitem que ela tem feito uma autocrítica. Está
mais aberta ao diálogo com o setor privado e abandonou a ideia fixa de
tabelar a taxa de retorno de leilões de concessão.
Em outros, contudo, prevalece a desconfiança, principalmente na
condução da política econômica, que gerou crescimento baixo, inflação
alta e juros elevados.
Entre assessores presidenciais, é possível listar, nem sempre de forma consensual, pelo menos sete erros cometidos pelo governo.
Dois, como anotam os empresários, são vistos como superados. A
iniciativa de sair do isolamento no Planalto e a decisão de acertar com o
setor privado as regras dos leilões de concessão.
Outros são classificados como políticas corretas na idealização, mas
que falharam na elaboração final ou execução. Entre eles, o programa de
redução das tarifas de energia elétrica.
Um assessor diz que a ideia surgiu para resolver o problema de
competitividade da indústria, principalmente a que consome muita
energia, mas num impulso eleitoreiro foi ampliada para todos
consumidores, até residenciais.
Resultado: o programa ficou ambicioso demais, saiu caro para os cofres
do governo e fragilizou estatais do setor elétrico sem solucionar o
problema do setor que inspirou a medida, a indústria.
DESONERAÇÕES
Até a desoneração da folha de pagamento é, hoje, vista com ressalvas.
Deveria ter sido concedida apenas para a indústria, alvo original da
proposta para aumentar a competitividade de nossas exportações. Por
pressão de empresários, foi ampliada para outros setores e pesou demais
no caixa do Tesouro, gerando dificuldades fiscais.
Outro erro apontado por assessores foi a decisão de pedir aos
prefeitos, no início do ano passado, para não reajustar o preço das
tarifas de transporte público.
Adotada para evitar um estouro da inflação em janeiro de 2013, a ideia
só postergou o problema, virou combustível para as manifestações de
junho e criou um passivo para as prefeituras das capitais.
Assessores e até o ex-presidente Lula também criticam, hoje, o
represamento dos reajustes de combustíveis para combater a inflação.
A medida não surtiu o efeito desejado, fragilizou o caixa da Petrobras e reduziu sua capacidade de investimentos.
Já a política fiscal, defendida pela presidente e sua equipe econômica, tem críticos também internamente.
A avaliação é que o governo não compreendeu que "fabricar superavit
primário" não tem o mesmo efeito que "fazer superavit" –a economia de
gastos para pagar a dívida pública. Em outras palavras, não ajuda a
combater a inflação, porque não reduz efetivamente os gastos do governo,
que estão em alta.
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