Segundo
os especialistas, é certo um segundo turno, tanto para a disputa ao
governo como para a presidência. A renovação na Câmara dos Deputados e
na CLDF deve ser histórica
Agnelo Queiroz é a única certeza de quem será candidato para o Palácio do Buriti
Faltando
poucos dias para o início das convenções partidárias, o cenário
político do DF começa a tomar forma. Entretanto, só após o dia 5 de
julho é que o eleitor brasiliense saberá, com certeza, quem realmente
será candidato. Por enquanto quem lançou candidatura ao governo foi Agnelo Queiroz (PT), que tenta a reeleição, o ex-governador José Roberto Arruda (PR), com Liliane Roriz (PRTB) de vice, o senador Rodrigo Rollemberg (PSB), a distrital Eliana Pedrosa (PPS) e o federal Luiz Pitiman (PSDB).
Para
Antônio Flávio Testa, cientista político da Universidade de Brasília
(UnB), a disputa ao governo do Distrito Federal será dividida e tende a
ter um segundo turno. Ele afirma ainda que todo mundo tem chance. “Todos
os candidatos, em tese, têm chances. Mas, quem tem a máquina do governo
na mão tende a ter mais vantagens. Porém, a oposição pode crescer,
devido a não aceitação popular do atual governo. Cada um tem suas
características e, em tese, são bons candidatos. É necessário avaliar a
estrutura partidária e as coligações para definir melhor o potencial de
cada um”, avalia.
O
cientista político acredita em uma disputa com baixa qualidade.
“Provavelmente será uma campanha tensa e muito baixa. Não creio que será
uma disputa com alto nível de debate e mobilização. A prática política
local tem apresentado uma queda crescente, no que se refere à
qualidade”, considera.
Especialistas acreditam que a junção de Arruda com Roriz atrai muitos votos
Já
na opinião de Luis Otávio Assunção, sociólogo e cientista político da
Universidade Católica de Brasília (UCB), o cenário político no Distrito
Federal ainda não está bem definido. “A candidatura do atual governador,
Agnelo Queiroz (PT) é a mais consistente. Essa possibilidade que há da
união da família Roriz com o ex-governador Arruda também pode atrair
muitos votos. O ex-governador Joaquim Roriz tem um nome muito forte e
isso altera o cenário eleitoral, pois quem tiver o apoio dele, com
certeza conseguirá muitos votos. O nome de Arruda ainda não é certo, é
uma indecisão”, acredita.
De
acordo com Assunção, a terceira via ainda está muito indefinida, mas
não deve ser desconsiderada. “Eu vejo a candidatura do senador Rodrigo
Rollemberg como uma alternativa para alterar as eleições para
presidência da República, para conseguir votos no DF para Eduardo Campos
(PSB). A união de Rollemberg e Reguffe é forte, mas eles dois ainda são
muito novos na política para terem um cargo majoritário. Infelizmente
eles não possuem tanta história na política local. Acho que talvez, em
outras eleições os dois estejam preparados. Na primeira leitura que faço
do cenário e dos principais candidatos, Rollemberg não tem grande
barganha para ganhar o governo”, afirma.
O
sociólogo diz que há uma grande tendência de ocorrer segundo turno e
com isso, Rollemberg pode conseguir negociar cargos políticos com quem
ele apoiar. Na percepção de Assunção, a disputa será polarizada entre PT
e o grupo de Arruda com Roriz, entretanto, a terceira via (Rollemberg)
pode crescer e ter um número considerável de votos, alterando o segundo
turno das eleições.
Sociólogo acredita que Rollemberg não tem barganha para ganhar a eleição
O
doutor em ciência política pela UnB, Leonardo Barreto, vê as eleições
deste ano de forma pessimista por conta da maneira muito negativa e
pouco estimulada com a qual a população está encarando o processo
eleitoral e as suas opções. Segundo ele, a disputa será polarizada entre
Arruda e os outros. “Isso acontece porque a população quer passar essa
história a limpo e ele possivelmente será o alvo preferencial de todos,
especialmente do atual governador. No entanto, com o início da campanha,
acho que o senador Rollemberg e o deputado Pitiman terão condições de
abrir novas frentes de debate e o jogo tende a se tornar mais parelho,
mais equilibrado”, destaca.
Barreto
acredita em uma disputa com nível baixo. “Agnelo dificilmente deixará
de lembrar as denúncias de corrupção por Arruda. O debate tenderá a se
concentrar nessa questão, deixando de lado temas de políticas públicas, o
que é uma pena”, avalia. “A chance de vitória vai depender de cada
candidato. Vai depender fundamentalmente da capacidade de Agnelo
conseguir defender o seu governo, de Arruda justificar as acusações
contra ele e de Rollemberg e Pitiman conseguirem ‘vender’ novos
projetos. Devemos considerar também a influência dos candidatos à
presidência na dinâmica interna. Aécio Neves e Marina Silva (vice de
Eduardo Campos) possuem muito potencial de puxar votos para os seus
candidatos, Pitiman e Rollemberg, respectivamente. Por fim, teremos que
ver com tradicionais cabos eleitorais se posicionarão como Reguffe,
Cristovam Buarque, Joaquim Roriz. Há muitas variáveis operando, o que
torna muito difícil fazer previsões”, diz.
Barreto
tem certeza que haverá um segundo turno na capital federal e faz uma
breve avaliação sobre cada candidato. “O principal ativo de Agnelo é a
quantidade de partidos que formam a sua coligação e as obras que ele
conseguirá entregar até outubro. Arruda tem fama de realizador e tem o
apoio de Roriz, mas tem problemas com a Justiça. Já Rodrigo Rollemberg
tem Marina Silva ao seu lado, o que vai lhe conferir uma ar de
renovação, algo que as pessoas querem viver. Por fim, Pitiman deve
tentar criar um neororizismo, com um discurso baseado em obras. Há um
campo na direita para ele. Vamos ver como cada candidato vai operar os
recursos à seu favor”, analisa.
Renovação na Câmara Legislativa e na CLDF
Na
opinião de Testa, não haverá uma grande renovação na Câmara dos
Deputados e nem na Câmara Legislativa do Distrito Federal. Segundo ele,
podem mudar alguns nomes, mas a prática será sempre a mesma:
clientelista e fisiológica, sem visão estratégica. E, funcionando
subordinada ao Executivo e como se fosse uma Câmara de Vereadores de um
município do interior. O especialista diz que a vitória de quem ainda
não conseguiu entrar na vida política dependerá somente de quanto o
candidato terá para investir na campanha e o acesso a uma boa coligação.
Já o cientista político da UCB acredita que tanto a renovação na Câmara
dos Deputados como na CLDF deve ser em 30% a 40%.
Na
concepção de Emerson Cervi, cientista político da Universidade Federal
do Paraná (UFPR), a renovação da Câmara dos Deputados é histórica a cada
eleição, com cerca de 50%, podendo variar entre 40% e 60%. Nada muito
diferente disso. Cervi não acredita que muitos estreantes na política
consigam ganhar. “Gente nova mesmo, que nunca tenha passado por nenhum
cargo eletivo anterior será em proporção bem baixa. O que é bom, pois
mostra a maturidade do nosso sistema político”, defende.
Barreto
explica que por mais que as pessoas estejam manifestando vontade de
mudança, o fato é que se trata de uma corrida para profissionais, para
políticos bem estruturados. “Devemos assistir às reeleições ou ao
upgrade de deputados distritais. Mas poucos nomes novos. Na CLDF é mais
fácil ter renovação, porque a competição é muito mais apertada”.
Eleições para presidente
Para
a disputa presidencial, os cientistas políticos acreditam na grande
possibilidade de um segundo turno. Na visão de Testa, as pesquisas ainda
dão à Dilma Rousseff (PT) um bom nível de competitividade. Mas, a
probabilidade de mudança no comando do Estado é grande, em um eventual
segundo turno. O especialista da UnB considera os candidatos ao Palácio
do Planalto bons, mas acha que eles ainda precisam mostrar ao povo o que
pretendem fazer. “Dilma já está desgastada e virá com o mesmo discurso
de que precisa de mais tempo para concluir o que não conseguiu terminar.
Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos
(PSB) ainda não mostraram, de fato, seu potencial de mudança, e a
população quer mudanças. Quando começar a campanha na TV é provável que
os opositores de Dilma mostrem suas ideias”, conclui.
De
acordo com Cervi, todos são candidatos em um sistema com alta
concentração partidária. “Poucos partidos, e os mesmos, apresentam
candidatos viáveis à presidência nos últimos 20 anos. É uma
característica do nosso sistema”, observa.
Segundo
Assunção, o crescimento de Aécio Neves e a perda da popularidade de
Dilma altera bastante o cenário presidencial. “O PT não contava com o
crescimento de Aécio, tanto é que internamente está tendo o movimento
‘Volta Lula’. A Dilma está desgastada, ainda mais com a inflação batendo
à porta. Se as eleições fossem há quatro meses atrás, ela teria mais
chances que hoje, até mesmo no segundo turno”, considera.
Barreto
acredita em uma disputa equilibrada a nível nacional. “Dilma parte em
condições de vantagem, mas não conta com um nível de aprovação que
permita-lhe ganhar o pleito no primeiro turno. As pessoas estão mais
disponíveis para escutar ideias novas do que estavam em 2010. Dilma e
Aécio começam como protagonistas, especialmente porque o tucano conta
com mais recall, vem de um colégio eleitoral importante (MG) e seu
partido tem mais densidade do que o PSB, por exemplo. Campos depende
muito da campanha para se apresentar à massa de eleitores e deve ficar
estagnado até lá. Assim como no DF, devemos esperar uma briga dura e
imprevisível”, ressalta.
Fonte: Jornal da Comunidade por Jurana Lopes da Redação / Postado por Donny Silva.
Nenhum comentário:
Postar um comentário