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quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Tiroteio escancara o medo na Asa Norte

Bairro tem média de 1,77 roubo por dia em 2013. Comerciantes reclamam dos assaltos recorrentes na 309 Norte, onde, na noite de terça-feira, um bandido acabou morto por um policial. Prédios têm contratado segurança privada


Anderson Moura (ao centro), com o coronel Leão (E) e André Duda (D), secretário de Comunicação do GDF: nome anunciado no Palácio do Buriti

A falta de segurança e de uma política social eficaz deixa a população e os comerciantes reféns de moradores de rua, usuários de drogas e criminosos. A combinação perigosa tem sido queixa comum na Asa Norte. Sucessivas ocorrências de furtos e roubos, alguns com restrição de liberdade, registradas nas quadras comerciais e residenciais da região assustam os habitantes de uma das áreas mais nobres do Distrito Federal. Sem verem resultado nas ações públicas, como policiamento e punição aos assaltantes e sequestradores, alguns prédios recorreram à iniciativa privada.

Levantamento feito pela Secretaria de Segurança Pública (SSPDF), a pedido do Correio, mostra que, de janeiro a outubro de 2013, foram registrados 539 roubos na Asa Norte, ou 1,77 por dia — no ano passado, a média, no mesmo período, foi de 1,85 (veja quadro). Na noite de terça-feira, um assaltante tentou render um policial civil no estacionamento da 309 Norte e acabou morto porque a vítima reagiu (leia mais na página 32). A troca de tiros deixou marcas no supermercado da quadra.

Ontem, o assalto virou assunto em lojas da quadra comercial. Há uma semana, o síndico de um dos blocos tomou uma providência. “Os moradores de rua e pivetes queriam dormir aqui e o pessoal dos apartamentos e das lojas se sentia inseguro. Fui obrigado a contratar um vigia particular para inibir. Se o governo não faz a parte dele, temos que fazer a nossa”, argumenta Luiz Jorge Sobrinho.

O antigo síndico tinha uma reserva de dinheiro para questões emergenciais, que deve pagar pelo primeiro salário do vigia. Segundo Sobrinho, o Sindicato dos Condomínios Residenciais e Comerciais do Distrito Federal (Sindicondomínio-DF) estabelece um piso de R$ 2 mil líquido para esses profissionais. Por enquanto, os donos dos imóveis não devem sentir o peso da contratação, mas, nos próximos meses, os custos serão repassados. “Pagamos adicional noturno, então, fica mais oneroso. Se não sentirmos que a segurança nas ruas melhorou, vamos manter o vigia. A tendência é aumentar o valor do condomínio”, adianta Sobrinho.

Histórico

As quadras onde há supermercados 24 horas têm movimento maior de pedintes e de guardadores de carro. A 309 Norte, onde ocorreu o assalto de terça-feira, se encaixa nesse caso e tem registrado várias ocorrências neste ano. Somente em uma drogaria, que funciona até as 23h, foram três assaltos. Na lotérica ao lado e na loja de roupas infantis, outras abordagens criminosas ocorreram. Na Puro Pano, a proprietária, Sileima Almeida, não se esquece do prejuízo ocorrido em 12 de maio, após dois bandidos entrarem no estabelecimento de madrugada.

As câmeras de segurança do prédio não intimidaram a ação. “Eram um homem e uma mulher dando cobertura. Eles arrombaram a entrada e ficaram da 0h às 4h retirando mercadorias. Dois meses depois, arrombaram de novo. Estou aqui desde 1988. Sempre teve roubo, mas este ano está pior”, garante. Sileima conta que, há alguns dias, meninos entraram no carro de uma mulher no estacionamento, por volta das 18h. O motorista de um caminhão de lixo teria visto e jogado o veículo na frente, impedindo a passagem dos garotos. Eles fugiram a pé e deixaram a mulher para trás.

Na época, a empresária entrou em contato com a SSPDF para cobrar mais policiamento. Um posto móvel da Polícia Militar foi instalado na entrequadra, mas, alguns dias depois, acabou retirado. Para o gerente de um dos três restaurantes localizados na entrequadra, nenhuma medida adotada teve resultado. “Essa é uma quadra considerada tranquila, só que hoje não existe lugar tranquilo nem ponto específico para acontecerem crimes. Tivemos um arrastão há dois anos, prestamos vários depoimentos, as autoridades não fizeram nada. Não prenderam os três adolescentes e, se prendessem, logo eles estariam soltos”, lamenta Sileima. 

Prevenção

Por meio da assessoria, a Polícia Militar informou que o 3º Batalhão, responsável pela policiamento ostensivo da área, conta atualmente com 300 militares. As rondas são feitas a pé, em viaturas e em motos. Além disso, há quatro postos de base comunitária móvel que periodicamente são utilizados em locais e horários específicos, de acordo com o planejamento operacional do batalhão. Segundo os policiais, a partir de 10 de dezembro, haverá uma intensificação do policiamento. Eles não explicaram de que forma isso acontecerá, se é pelo aumento do efetivo ou pela mudança de planejamento nas rondas. 

O pesquisador de segurança pública da Universidade Católica Nelson Gonçalves de Souza acredita que os pontos de maior circulação de pedestres merecem mais atenção. Ainda que seja difícil prever a ocorrência de crimes nas quadras, ele destaca que o papel da polícia é inibir a ação de bandidos, e isso se dá de uma única forma. “Os postos policiais são uma questão polêmica. Temos uma boa quantidade de PMs e veículos, o que faz com que eles fiquem restritos à viatura. Acredito que eles precisem ficar mais na rua, fazer patrulhas a pé. É preciso um remanejamento, uma nova orientação”, sugere.

Luiz Jorge contratou um vigia: ação temporária pode virar permanente. 

Memória - Tiro na lanchonete 

Em 6 de abril deste ano, o servidor público Saulo Batista Jansen, 31 anos, foi morto durante uma tentativa de assalto em uma lanchonete da 413 Norte. Segundo testemunhas, por volta das 20h, um homem armado tentou roubar um laptop e a bolsa de um casal que estava no estabelecimento. Para evitar o crime, um cliente e o garçom correram atrás do assaltante, que se virou e fez um disparo. O tiro acertou o funcionário do Banco Central, que lanchava com a mulher, a filha de 1 ano e um casal de amigos. O acusado, Tiago Pereira Andrade, 21, acabou preso no mesmo dia. Em 24 de agosto, o criminoso foi condenado a 24 anos e um mês de prisão em regime fechado.

Fonte: Amanda Maia - Correio Braziliense.

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