Não é de hoje que a imagem da Câmara Legislativa sofre desgaste. Isso a
ponto de manifestações exigirem o fechamento do prédio, que já foi
apelidado como “Casa do Espanto”.
Mas é claro que há um esforço de toda legislatura de tentar mudar essa pecha. Só que a tarefa não é fácil.
Tudo bem os registros de hostilidade contra políticos por parte da
população, que muitas vezes utiliza-se do Estado Democrático de Direito
para expressar suas opiniões, por mais raivosas que sejam. Tolerável.
O problema é quando essa falta de respeito chega dentro da própria
Casa, por quem é pago e trabalha pelo legislativo. Ou pelo menos
deveria.
Uma cena lamentável foi testemunhada pelos presentes na última sessão
legislativa do ano na Câmara Distrital. O funcionário Sandro Vieira,
braço direito da distrital Celina Leão (PDT), ao discordar do ponto de
vista de um parlamentar, sentiu-se no direito de ultrapassar seu limite
de empregado para debater com o mandatário.
Em casa democrática, um debate rico de ideias sempre é bem-vindo. O problema é que isso foi tudo que não ocorreu.
Visualmente transtornado por não ter seus interesses atendidos naquele
momento, o servidor Sandro Vieira decidiu partir para cima do deputado
Chico Vigilante, pertencente à corrente esquerdista. Ao ver a cena, a
também distrital Arlete Sampaio (PT) foi socorrer o companheiro. Levou
um grito e, de quebra, um dedo a riste na cara.
Pouco tenho contato, mas sempre soube da integridade da deputada
Arlete. Uma mulher que, como poucos, realmente traçou uma história limpa
no Distrito Federal. Médica, uma senhora de pouco mais de 60 anos,
decidiu largar o jaleco para dedicar-se à ideologia e a um projeto
político.
Se é de temperamento forte, não interessa. Por ser mulher, já merecia
respeito. Mas Arlete é uma das mulheres mais sérias daquela Casa. E tem
mais: é uma parlamentar eleita, está no exercício do seu mandato, no
seu local de trabalho, além de estarmos falando de uma ex-secretária de
Estado e da ex-vice-governadora do Distrito Federal.
Que tipo de pensamento passa na cabeça de um assessor (?) que,
teoricamente deveria auxiliar deputados, apontar o dedo na cara de uma
pessoa com toda essa história acima narrada?
A indignação não é só deste jornalista. Foi também de vários deputados
que decidiram interromper votações importantes para o Distrito Federal
para, por algum momento, ensinar para o funcionário o que ele deveria
ter trazido do berço, da criação.
O resultado não poderia ser diferente. O presidente da Casa, Wasny de
Roure (PT), escorraçou o desaforado do plenário com o auxílio de três
seguranças. O corregedor da Casa, Patrício (PT), adiantou que abriria um
processo administrativo contra o servidor.
Nesta tarde, porém, o assessor de Celina Leão, Sandro Vieira, foi
comunicado pela Presidência de sua exoneração. Nada mais acertado. A
decisão foi tomada à revelia de sua chefia.
Pode não parecer, mas estamos falando de um servidor de carreira do
Judiciário e requisitado há anos para o legislativo. Mesmo assim, não é
de hoje que Sandro tem se metido em polêmicas. Foi um dos mais fiéis
assessores da ex-deputada Eurides Brito – que ilustra nossas memórias da
Caixa de Pandora naquele capítulo que escondeu dinheiro sujo dentro da
própria bolsa.
Causou constrangimentos para os distritais quando fez lobby para
tentar manter sua mãe e seu irmão funcionários da Câmara Legislativa
mesmo com a lei contra o nepotismo já em vigor.
Por atitudes como a de Sandro é até justo que a Câmara Legislativa
seja carimbada como a “Casa do Espanto”. Mas a resposta dos deputados
distritais, ao se juntarem para solicitar em massa a exoneração à
revelia do servidor, mostra que ninguém quer que o legislativo ganhe um
novo apelido: o de “Casa da Mãe Joana”.
Realmente seria o fim da picada.
Fonte: Blog do Edson Sombra
bommmmmmmmm!
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