Por Daniel Cardozo - Uma
decisão sobre o processo de cassação do deputado Raad Massouh (PPL)
deve demorar até a terça-feira, quando os desembargadores do Tribunal
de Justiça decidem sobre recurso do Ministério Público contra a
paralisação do processo de cassação. O imbróglio ganhou novo capítulo
após a vitória da defesa, adiando a votação no plenário da Câmara
Legislativa. Deputados demonstraram preocupação com uma suposta
interferência do Judiciário no Legislativo.
O
Tribunal de Justiça concedeu uma liminar favorável a Raad menos de um
dia depois do pedido, por conta da votação em plenário já estar marcada
para ontem. O MP também agiu rápido e, no mesmo dia, entrou com um
recurso contra a decisão, tomada unicamente pelo relator do processo, o
desembargador Antoninho Lopes.
Com o Conselho especial
Com
isso, apenas o Conselho Especial do TJDFT poderá decidir sobre o caso,
o que adia mais ainda o voto sobre possível cassação. No entanto, o
agravo regimental do Ministério Público também pode antecipar o
julgamento do mérito da questão, decidindo, assim, pelo voto secreto e a
isonomia em relação aos distritais Aylton Gomes (PR), Benedito
Domingos (PP) e Rôney Nemer (PMDB), acusados de apropriação indébita.
A
Mesa Diretora decidiu que não se juntará ao Ministério Público no
agravo, mas se comprometeu a prestar informações ao tribunal , sobre o
cumprimento de todas as normas e por ter dado o amplo direito de defesa a
Raad, além de concordar com o entendimento do Ministério Público de
que houve interferência de poderes.
Erro formal
Para
o deputado Patrício (PT), houve essa interferência e a Procuradoria da
Câmara deveria entrar com recurso, assim como fez o Ministério
Público. Ele também acha que houve erro na ação. “Se eu fosse o
presidente da Câmara, manteria a votação. Não se trata de um processo
administrativo, como referido pela defesa, da região administrativa de
Sobradinho. É um processo por quebra de decoro parlamentar, na Câmara
Legislativa, que seguiu todos os ritos da Constituição Federal, Lei
Orgânica e regimento interno”, disse.
Deputados se queixam de “interferência”
Além
de repetir o discurso de Patrício sobre a legitimidade do processo de
cassação, a deputada Celina Leão (PSD) também defende uma ação da
Câmara na Justiça. “Há interferência clara de poderes. Uma coisa é você
recorrer contra uma decisão que foi tomada e na qual você se sentiu
injustiçado. Mas ao recorrer contra um rito, que é da Câmara
Legislativa, há uma interferência. Tanto que o próprio Ministério
Público recorreu da decisão judicial, posição que a própria Câmara que
deveria ter tomado”, disse.
Repetição
O
advogado de Raad, Rodrigo Nazário, acredita que o Tribunal decidirá
novamente a favor da defesa. “O Ministério Público está só exercendo
seu papel. Não trabalhamos com a hipótese de que o recurso seja aceito.
Tenho certeza que a Justiça será feita. O que tínhamos de fazer, já
fizemos”, salientou.
Desde
que foi instaurado na Câmara, a pedido da Mesa Diretora, o processo
contra Raad Massouh passou pela Comissão de Ética, onde recebeu quatro
votos favoráveis à cassação e uma abstenção. A Comissão de Constituição
e Justiça também aprovou o relatório. Com isso, restava apenas a
votação em plenário, suspensa graças ao recurso da defesa.
Agora, decisão colegiada no TJ
O
deputado Raad Massouh recorreu ao Tribunal de Justiça para tentar
adiar a votação pela sua cassação, marcada para a última quarta-feira.
Por conta do foro privilegiado, o distrital depende do julgamento da
instância. Como o Conselho Especial do Tribunal de Justiça, formado por
17 magistrados, faz reuniões às terças-feiras, o desfecho dificilmente
sairá antes disso. A decisão favorável ao deputado distrital foi tomada
individualmente, em liminar, pelo desembargador Antoninho Lopes.
Ponto de vista
O
deputado Raad Massouh (foto) afirma ter recebido o recurso do
Ministério Público com naturalidade e acredita que a entrada da Câmara
no processo judicial comprovaria uma injustiça. “ O Ministério Público
está exercendo seu papel, seu direito, assim como eu estou exercendo meu
direito de procurar a Justiça para que intervenha e se pronuncie se eu
realmente preciso estar passando por esse julgamento político ou não”,
garantiu. “Ofendido eu não ficaria (com um recurso da Câmara). Eu só
teria a certeza absoluta da perseguição que está acontecendo com a minha
pessoa nesse mandato. Perseguição implacável, injustificada e
improvada.
Desde
as últimas oitivas, o próprio administrador de Sobradinho foi muito
claro e afirmou que eu nunca o obriguei a fazer nada. E o dono da
empresa que efetuou a emenda fez o organograma do destino de todo o
dinheiro. Mostrou que em momento algum nenhum centavo foi direcionado a
mim, a alguém da minha família ou da minha equipe”, completou.
Fonte: Jornal de Brasília / Blog do Odir Ribeiro.
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