Fac-símile da página do advogado Lincoln Moura na rede social: oito deputados como alvos |
Às vésperas da definição do processo de cassação do deputado distrital
Raad Massouh (PPL) na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara
Legislativa, uma tática controversa de defesa adotada por um de seus
funcionários de gabinete provocou mal-estar e constrangimento entre os
demais parlamentares. Nos últimos dias, o advogado Lincoln de Sena
Moura, lotado no gabinete de Raad como assessor parlamentar, postou na
internet diversas mensagens de desaprovação ao trabalho da Câmara no
julgamento do processo de decoro do patrão. Ele acusa oito deputados de
estarem envolvidos em “situações inclusive muito piores e mais graves”
que Raad, mas que estariam “blindados no corporativismo e no cinismo”. O
presidente da Casa, Wasny de Roure, promete investigar.
As manifestações de Lincoln foram divulgadas em sua página pessoal do
Facebook e são públicas. A primeira postagem do advogado em defesa de
Raad foi publicada em 20 de agosto. Nesse dia, ele faz referência ao
depoimento do ex-administrador de Sobradinho Carlos Augusto Barros, que
afirmou à Comissão de Ética da Casa que o parlamentar não teria
influenciado na execução de uma emenda de sua autoria de R$ 100 mil,
destinada à promoção do turismo rural na cidade. “Compartilhei na minha
página algumas postagens que refletem a minha opinião, que é uma
crítica, não uma acusação”, defende-se. Em um dos comentários, Lincoln
afirma que “incoerência é a marca da Câmara Legislativa” e que Raad
seria “boi de piranha pra esconder as mazelas”.
O deputado Dr. Michel (PEN), presidente da Comissão de Ética da Casa,
afirmou que irá ao plenário hoje para pedir providências de Wasny. Para o
distrital, Lincoln passou dos limites. “Ele não poderia se insurgir
contra um deputado sendo funcionário da Câmara”, opina.
O relator do caso de Raad na CCJ, Cláudio Abrantes (PT), entrega hoje,
às 10h, seu relatório e a expectativa é de que a comissão vote pelo
prosseguimento do assunto ao plenário. O corregedor da Casa, Patrício
(PT), também defende uma investigação contra Lincoln que, segundo ele,
poderia terminar em exoneração por insubordinação. “Não adianta usar
essa tática de constranger, colocar sob suspeição e publicar inverdades,
pois isso não intimida”, diz.
“Desespero”
Por meio da assessoria de imprensa, a deputada Liliane Roriz (PSC)
afirmou que a atitude “soa desespero, num momento em que deveria
apresentar sua defesa e não o ataque”.
Ao Correio, Raad afirmou que não sabia dos comentários publicados pelo
funcionário e que não pediu para que fizesse isso. “Vou conversar com
ele e pedir que desfaça esses comentários, do contrário, que arque com
as consequências. Pelo menos no meu perfil no Facebook, deixei claro aos
funcionários que não publicassem ataques a ninguém, muito menos a
deputados”, afirma. Wasny diz que lamenta o episódio e que vai analisar o
caso ainda hoje para tomar as providências cabíveis. Os demais
deputados envolvidos nas postagens não foram encontrados.
Por Arthur Paganini
Fonte: Correio Braziliense
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