Partidos
se articulam para entrar com força na disputa pelo Buriti no próximo
ano. No PR, mudança no comando pode atrair os ex-governadores José
Roberto Arruda e Joaquim Roriz
Os últimos dias trouxeram ao bastidor político do Distrito Federal um
esboço que pode se consolidar como uma alternativa ideológica ao governo
de Agnelo Queiroz nas próximas eleições. As peças do tabuleiro para o
ano que vem não estão todas postas à mesa, mas é possível encontrar
sinais de que a direita se articula para entrar com força na disputa
pelo Palácio do Buriti.
O Partido da República (PR), por exemplo, ensaia uma postura de
oposição ao governo, do qual integra a base atualmente. O presidente da
sigla no DF, deputado federal Ronaldo Fonseca, foi afastado do cargo, na
última terça-feira, pela executiva nacional e substituído
provisoriamente por Salvador Bispo. Articulista político experiente,
Bispo mantém profunda amizade com os ex-governadores Joaquim Roriz e
José Roberto Arruda (ambos sem partido) e já os chamou para as fileiras
do partido.
“Atendi um pedido do presidente (nacional) do PR (senador Alfredo
Nascimento) para fortalecer a nominata do PR no DF, que estava fraca,
com o objetivo de viabilizar três distritais e pelo menos um federal”,
diz Bispo. O articulista trabalhou nas campanhas de Roriz ao Senado e de
Arruda ao GDF, em 2006. Enquanto foi presidente do então PSD, no fim da
década de 1990, ajudou a eleger quatro distritais nas campanhas de 1998
e de 2002. “O partido era desacreditado, sem nomes fortes, mas ajudei a
viabilizar a eleição, pelo PSD, de Wilson Lima, Pedro Passos, Rôney
Nemer e Carlos Xavier”, conta.
Salvo-conduto
José Roberto Arruda |
De outro lado, o presidente regional do PMDB, vice-governador Tadeu
Filippelli, liberou o deputado federal Luiz Pitiman dos quadros do seu
partido. Isso pode favorecer uma autorização judicial para que Pitiman
deixe a legenda sem ser acusado de infidelidade partidária. Filippelli
assinou um salvo-conduto para a saída do parlamentar. O documento foi
anexado ao processo em que Pitiman pede, no Tribunal Superior Eleitoral
(TSE), justa causa para deixar a legenda. Ele deve migrar para o PSDB.
Esse movimento do Filippelli deixa aberta a porta para a formação de uma
nova parceria política entre os dois partidos, que, juntos, já
governaram o Distrito Federal.
“Num primeiro momento, quando ele pensou em deixar o partido, havia um
clima conflituoso, mas, depois, ele recolocou seus argumentos e teve a
grandeza de reconhecer que nem todas as suas colocações representavam
bem os fatos que se passavam, o que fez com que tudo ficasse nos trilhos
certos”, ressaltou Filippelli. Pitiman também comentou a movimentação
que implicou no salve-conduto. “Ficou evidente que a minha permanência
no partido era insustentável desde que deixei a Secretaria de Obras, em
2011. Mas o salvo-conduto foi uma gentileza da direção do PMDB, que abre
uma possibilidade de alianças no futuro”, ressaltou.
“Não tenho dúvidas de que a aliança entre PSDB, DEM e, eventualmente,
PP e PSD, pode fazer frente ao governo que está aí”, avalia o presidente
do DEM, Alberto Fraga. Para ele, os nomes da “centro-direita
conservadora” da cidade devem girar em torno de Roriz e Arruda. “Porque
eles têm maior destaque. Mas temos que preparar o campo de uma forma
que, se eles não forem candidatos, possamos contar com um grupo forte e
livre de vaidade”, diz.
Sob intervenção
Uma intervenção da executiva nacional do PR contorceu os rumos
políticos do diretório regional da sigla. A mudança, oficializada pelo
presidente da legenda, senador Alfredo Nascimento, trouxe, na última
terça-feira, nomes ligados ao ex-governador Arruda. Além de Salvador
Bispo, o ex-presidente da Terracap na gestão do ex-governador Antônio
Gomes também chegou à legenda na condição de secretário executivo. Com
isso, o deputado federal Ronaldo Fonseca e o secretário de Trabalho,
Renato Andrade, devem desembarcar do partido. “Na segunda-feira, devo ir
ao TSE (Tribunal Superior do Trabalho) para pedir minha desfiliação,
pois fui afastado por um ato de gabinete. Não fomos ouvidos e a formação
da nossa nominata, que estava pronta, não foi levada em conta”, diz
Fonseca.
Joaquim Roriz |
Regras eleitorais
Pela legislação eleitoral, os partidos têm até um ano antes das
eleições para obter registro de seus estatutos no TSE. Portanto, as
legendas precisam resolver essas pendências até 5 de outubro deste ano.
Os interessados em disputar as eleições também devem se filiar a novos
partidos até essa mesma data.
Fonte: Correio Braziliense - Por Arthur Paganini
Nenhum comentário:
Postar um comentário