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domingo, 25 de agosto de 2013

Caso Raad Massouh: Poucas chances para Raad

Se o caso do distrital chegar ao plenário e a sessão for aberta, como determina a Lei Orgânica do DF, ele deve ser cassado. É o que avaliam nos bastidores alguns colegas, que consideram o parlamentar com perfil "desagregador" 

Raad não decidiu se entra na Justiça para pedir voto fechado

As chances de o distrital Raad Massouh (PPL) se salvar são remotas, caso o seu processo chegue ao plenário da Câmara Legislativa. O caso envolvendo o deputado passou pela Corregedoria e pela Comissão de Ética da Casa e, em ambas as instâncias, houve posição favorável à cassação dele por quebra de decoro. Agora, está na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), que deve apresentar seu parecer até o início de setembro. Em plenário, serão necessários pelo menos 13 votos a favor para que o parlamentar perca o mandato.

Segundo interlocutores ouvidos pelo Correio, caso a sessão seja em voto aberto, conforme determina a Lei Orgânica do DF, a cassação é praticamente certa. Eles avaliam que nenhum parlamentar iria querer se expor diante da opinião pública, depois das manifestações populares que tiveram como uma das bandeiras a ética e sacudiram o país.

O voto secreto, que pode ser conquistado por meio de decisão judicial, seria o único meio de Raad tentar escapar da cassação. Mas, mesmo esse artifício, pode se tornar uma incógnita diante do perfil considerado “desagregador” do parlamentar. “Ele não conseguiu se aproximar de ninguém aqui dentro. Está isolado”, diz um deputado.

Desde que uma representação pedindo a abertura de procedimento ético-disciplinar por quebra de decoro contra Raad entrou na Câmara Legislativa, em dezembro de 2012, as atitudes adotadas por ele acabaram fazendo com que o distrital fosse se isolando ainda mais. Antes disso, ele já mantinha uma postura independente e distante dos colegas. “Ele gostava de bater no peito e dizer que tinha sempre sido contrário aos 13º e 14º salários e que não precisava de ninguém. Acabou se afastando de quase todo mundo. E quem faz política sabe que é preciso se movimentar bem entre os grupos”, explica um parlamentar.

Entre as atitudes que causaram contrariedade de colegas está, por exemplo, a exigência de que ele recebesse o mesmo tratamento dado a Aylton Gomes (PR), Benedito Domingos (PP) e Rôney Nemer (PMDB) na legislatura passada. Os três, acusados de receber dinheiro em troca de apoio ao Executivo entre 2006 e 2009, tiveram as representações de cassação arquivadas enquanto não houvesse andamento judicial. “Teve uma reunião com os deputados da base em que o Raad bateu na mesa e disse que o caso dele devia ser arquivado porque os outros três tinham sido”, diz um distrital. 

Extorsão 

Na última quarta-feira, Raad procurou a Polícia Civil para registrar queixa de uma tentativa de extorsão da qual estaria sendo vítima. Um pastor de Sobradinho teria pedido R$ 2,7 milhões em nome de três integrantes da Comissão de Ética (Dr. Michel, do PEN, presidente do colegiado, o relator Joe Valle, do PSB, e Agaciel Maia, do PTC, titular da comissão) para arquivar o processo. “Engraçado ele trazer isso a público justamente no dia da votação (do relatório de Joe)”, disse Patrício (PT). Em sua defesa, Raad disse que já tinha encaminhado o caso anteriormente ao Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT), no último dia 13.

No entanto, a movimentação pode ter tirado o apoio de um de seus dois defensores na Comissão de Ética: Agaciel Maia — o outro é Olair Francisco, do PTdoB. Na sessão em que Agaciel se disse decepcionado com o relatório de Joe Valle, que não traria “provas cabais” contra Raad, o deputado do PTC foi surpreendido com a notícia do envolvimento de seu nome na denúncia encaminhada pelo acusado à Polícia Civil. Ao final, Agaciel acabou votando a favor do relatório.

Em entrevista ao Correio em maio deste ano, Raad considerou que estaria sendo injustiçado e que não poderia ser condenado por não ser próximo dos colegas. “Posso não ser amigo de todos os deputados, mas também não tenho inimizades”, disse. O parlamentar tem batido na tecla que é inocente e não pode responder pela execução da emenda de R$ 100 mil destinada a evento rural de Sobradinho, em 2010, que virou alvo de investigação (leia Memória).

No momento, a defesa do distrital ainda avalia se vai entrar com pedido na Justiça para que a votação seja secreta. Em agosto de 2010, Eurides Brito foi cassada, mesmo após conseguir liminar para garantir que a sessão fosse fechada. 

Memória

Evento irregular 

Raad Massouh é acusado de participar de um suposto esquema de desvio de parte de uma emenda parlamentar liberada por ele, no valor de R$ 100 mil, em favor da Administração Regional de Sobradinho. O órgão era chefiado, na ocasião, por Carlos Augusto de Barros, amigo e indicado pelo distrital. A verba deveria pagar cinco shows musicais de um evento rural em Sobradinho, em 2010. No entanto, apenas duas bandas se apresentaram. Parte do dinheiro teria ido parar na conta do Sindicato de Turismo Rural de Sobradinho, presidido por Maria Inês Viana, também ligada ao deputado. A Polícia Civil e o Ministério Público investigaram o caso e constataram irregularidades.

Fonte: Correio Braziliense - Por Almiro Marcos

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