Principais
beneficiários das regras atuais, parlamentares empurram consulta
popular para 2014. Para não ficar mal com as ruas, Congresso ensaia
votar uma minirreforma política
PARA DEPOIS
Plebiscito não sai este ano. Já os itens menos polêmicos da reforma política podem ser colocados na pauta
Plebiscito não sai este ano. Já os itens menos polêmicos da reforma política podem ser colocados na pauta
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Lançado no apogeu das manifestações, o projeto de uma reforma política
popular atravessa um período de recesso. Após o alívio do clima quente
das ruas, a base aliada desembarcou do projeto presidencial de ouvir a
população sobre as mudanças necessárias no sistema de escolha dos
representantes.
O instinto de sobrevivência das legendas suplantou o
espírito público redescoberto pela pressão dos protestos e os
parlamentares se uniram na missão de empurrar para outubro de 2014 o
plebiscito que poderia ser realizado em setembro deste ano. Para evitar a
marca do descompromisso com a ira da população, o Congresso vai votar
um arremedo de reforma política com os itens menos urgentes da pauta,
deixando temas como financiamento público de campanha e reeleição para
um plebiscito conjunto com o segundo turno das eleições do próximo ano.
E AGORA? O vice-presidente Michel Temer e o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, entregam as propostas do plebiscito aos presidentes do Senado, Renan Calheiros (dir.), e da Câmara, Henrique Alves (esq.) |
O motim para enterrar o plebiscito foi liderado pelo PMDB. No papel de
“sigla federação” desde o período militar, o partido cresceu sendo o
guarda-chuva de todas as ideologias e governos. Foi justamente por saber
explorar as brechas do sistema político que se tornou especialista em
negociar apoios. O poderio atraiu a simpatia do empresariado. Nas
eleições de 2012, o PMDB e seus candidatos angariaram R$ 663 milhões em
doações, dinheiro que pelo atual método de seleção de governantes é
sinônimo de votos. Campanhas baratas, com recursos limitados a um fundo
público, não interessam, afirmam os peemedebistas.
O que mais preocupa os partidos, sobretudo o PMDB e setores do PSDB, é a
possibilidade de o plebiscito resultar em uma lei mais dura para a
contabilidade partidária, impedindo a primazia dos recursos empresariais
nas eleições. “Você concorda que empresas financiem campanhas?”, é a
pergunta que o governo quer emplacar no plebiscito. Se a maioria da
população votar sim, o resultado seria a elaboração de uma lei para
criminalizar formalmente o caixa 2 de campanha. “Se aprovar isso em lei,
acabou”, resume o presidente do PMDB, senador Valdir Raupp (RO).
Falando a língua do PMDB, Michel Temer saiu da reunião com líderes do
Congresso na manhã da quinta-feira 4 anunciando o velório do plebiscito
para este ano. Horas mais tarde, na pele de vice-presidente da
República, ele recuou e divulgou uma nota em que disse demonstrar
confiança na aprovação de uma reforma política com participação popular
ainda neste ano. Por causa das idas e vindas, Temer foi alvo de
piadinhas no café do plenário do Senado. “O senhor já ouviu a última
entrevista do Temer? Cuidado para não se contradizer na sua”, provocou o
senador Eduardo Suplicy (PT-SP), brincando com o líder do PT no Senado,
Wellington Dias (PI).
A oposição classificou o adiamento do plebiscito de “derrota” do
Palácio do Planalto, mas o governo acredita estar numa zona de conforto.
Aliados da presidenta afirmam que 68% da população apoia o plebiscito e
quem ficará em maus lençóis com a postergação para 2014 é o Congresso e
setores da oposição. Para eles, os movimentos sociais ligados a
partidos como o PT e o PCdoB que foram barrados nas ruas poderão
engrossar novos protestos. “A população, de inúmeras formas, manifestou
uma crise de representatividade, foi às ruas e disse: você não me
representa. Então, o Congresso deve tomar essas decisões. O debate vai
ser feito agora dentro do Congresso. Temos que aguardar e respeitar”,
disse a ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti.
O principal
argumento usado pelo PMDB para adiar o plebiscito é a falta de tempo.
Na verdade, o prazo mínimo de 70 dias definido pelo Tribunal Superior
Eleitoral (TSE) para a organização da consulta popular foi a desculpa
que os parlamentares do partido precisavam para defender publicamente
uma estratégia que já era articulada nos bastidores. Depois da chancela
do TSE, não faltaram discursos inflamados sobre o “tempo exíguo” para a
organização da votação. “O sentimento da bancada é de que a ministra
Cármem Lúcia enterrou o plebiscito. Não adianta mentir para o povo. Não
tem tempo hábil”, afirma o deputado Danilo Forte (PMDB/CE).
Como o ano que vem é ano eleitoral e os parlamentares não querem ficar mal com as ruas quando suas reeleições estarão em jogo, um plano “B” foi tirado da cartola. Convocados pelos presidentes do Senado e da Câmara, os peemedebistas Renan Calheiros (AL) e Henrique Eduardo Alves (RN), parlamentares ensaiam votar uma minirreforma. Na pauta estão o fim do voto secreto no Congresso, já votado na CCJ, a coincidência das eleições municipais e federais e o fim das coligações partidárias. Como, nos últimos dez anos, muito se falou e pouco se votou para alterar o atual sistema político-eleitoral, é prudente aguardar o desenrolar dos fatos.
Como o ano que vem é ano eleitoral e os parlamentares não querem ficar mal com as ruas quando suas reeleições estarão em jogo, um plano “B” foi tirado da cartola. Convocados pelos presidentes do Senado e da Câmara, os peemedebistas Renan Calheiros (AL) e Henrique Eduardo Alves (RN), parlamentares ensaiam votar uma minirreforma. Na pauta estão o fim do voto secreto no Congresso, já votado na CCJ, a coincidência das eleições municipais e federais e o fim das coligações partidárias. Como, nos últimos dez anos, muito se falou e pouco se votou para alterar o atual sistema político-eleitoral, é prudente aguardar o desenrolar dos fatos.
Enquanto isso, a guerra entre governo e Congresso segue com movimentos
curtos e agressivos. Enquanto o Planalto transfere para os parlamentares
a responsabilidade do engavetamento do plebiscito, os partidos da base
respondem e cobram da presidenta Dilma Rousseff medidas administrativas
para enxugar o número de ministérios. Sobre este tema, a maioria das
legendas, obviamente, joga para a plateia. Como se na hora de decidir
que cargos serão cortados e os presidentes dos partidos governistas
fossem oferecer os seus.
Fonte: Revista ISTOÉ - N° Edição: 2277 - Por Josie Jeronimo
Foto: Sérgio Lima/Folhapress
É MENTIRA, O POVO NÃO QUER PLEBISCITO. EM NENHUM MOMENTO EU VI NAS MANIFESTAÇÕES PEDIREM PLEBISCITO, SEUS CARAS DE PAU. O CONGRESSO TEM QUE JOGAR ESTA BOMBA DE VOLTA NO COLO DE QUEM CRIOU. ESTÃO INVENTANDO ISTO PRA GANHAR TEMPO, É SÓ ISTO. FORA PT, PT NUNCA MAIS.
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