Um texto de seis páginas que serviu de base para a resolução política
aprovada nesta segunda-feira (29) pelo diretório nacional do PT exclui o
PMDB e outros partidos da base aliada do arco de alianças que poderiam
ajudar na implementação do "programa democrático" petista. Segundo o PT,
as alianças para implantação do programa petista vão além dos "acordos
parlamentares necessários".
O texto ao qual o iG teve acesso foi escrito pelo ex-presidente do PT e
deputado federal Ricardo Berzoini (PT/SP) e aprovado pelo diretório com
emendas. A íntegra da resolução, cujo debate já dura mais de ma semana,
ainda não foi disponibilizada.
"As alianças para efetivação desse programa democrático vão além dos
acordos parlamentares necessários. Englobam todos os partidos de
esquerda, movimentos sociais e coletivos autônomos que estejam dispostos
a cerrar fileiras para defender uma pauta de reformas populares", diz o
documento.
Em alguns pontos o texto fala em redefinir estratégias e pactos
políticos e adequar partido e governo a uma nova etapa da democracia
brasileira explicitada pelos protestos de junho.Em outro trecho o
documento impõe condições aos partidos que integrariam este novo pacto
político.
"O PT, que nasceu nas ruas e nos locais de trabalho, foi desafiado a
reformular sua análise e propor novos desafios à nação. Propor um novo
pacto político programático, democrático e popular, que possa unificar
os partidos da base que dialoguem com essa nova conjuntura e movimentos
sociais, inclusive os novos modos de organização, debate e mobilização".
O documento reafirma ainda o papel de protagonista do partido no
governo. "O PT, no curso da conjuntura aberta após junho, além de
principal base de apoio ao governo da presidente Dilma, deve se firmar
como representante dos setores populares e seus interesses no interior
do governo de coalizão", continua o texto.
PMDB vai apresentar projeto para reduzir em 14 o número de ministérios
A base do governo Dilma conta com 22 partidos dos quais somente PT, PC
do B, PSB (que deve lançar Eduardo Campos como adversário de Dilma em
2014) e PDT são computados como de "esquerda". Ficam de fora da aliança
proposta pelo partido, portanto, aliados preferenciais como o PMDB, PSD,
PR, PRB e PTB.
Apesar da exclusão, o texto é um recuo em relação ao documento inicial
apresentado na semana passada, em Brasília, no qual era proposto o
rompimento com partidos "conservadores".
"Vitoriosos nas eleições de 2002, mas sem condições de formar uma
maioria parlamentar de esquerda, o PT e o governo tiveram de executar
uma política de reformas baseada em alianças cujos parceiros não se
dispunham, nem se dispõem, a romper com os limites da institucionalidade
conservadora", dizia a versão anterior da resolução.
Em conversas reservadas, no entanto, a insatisfação dos petistas em
relação ao PMDB é crescente. Correntes minoritárias do partido chegaram a
propor explicitamente que o PT rompesse a aliança com o PMDB, mas foram
derrotadas.
No Congresso, petistas reputam ao PMDB parte da culpa pela derrota de
dois dos cinco pontos do pacto nacional proposto por Dilma: a
constituinte exclusiva para reforma política e a destinação de 100% dos
royalties do petróleo para a educação.
Outra diferença em relação ao documento da semana passada é que agora o
PT não pede mudanças no ministério. O texto de Berzoini, porém, convoca
a militância a se juntar à "voz das ruas" pressionar os poderes
instituídos. "O diretório convoca o partido a se empenhar para a
construção da pressão social, de fora para dentro das instituições, no
sentido de defender as reivindicações dos trabalhadores, a implementação
das reformas democráticas e a continuidade do processo de mudança".
Para isso o partido vai mobilizar sua militância em uma Segunda Jornada
de Lutas da Juventude entre os dias 28 de agosto e 7 de setembro.
Fonte: Portal Ig
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