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segunda-feira, 6 de maio de 2013

Renan e Henrique Alves ganham vizinho incômodo em Brasília

 
No dia 28 de junho de 2000, o empresário Luiz Estevão teve sua  carreira política oficialmente sepultada. Cassado por 52 votos a 18 no plenário  do Senado, tornou-se o primeiro integrante da Casa a perder o mandato, por  envolvimento em desvios nas obras do Tribunal Regional do Trabalho em São Paulo.  Desde então, passou a orbitar quase exclusivamente em torno de parlamentares do  Distrito Federal. Mas isso está prestes a mudar. Ao menos geograficamente. Réu  em 41 processos e inelegível até 2022, Luiz Estevão está instalando seu novo  escritório em frente às residências oficiais dos presidentes da Câmara, Henrique  Eduardo Alves (RN), e do Senado, Renan Calheiros (AL), ambos do PMDB, partido  que integrava quando cassado. — O terreno é de minha propriedade há cerca de 20 anos. Comprei já com a  casa, que foi recentemente reformada e esteve alugada até 2010 — afirma o  ex-senador.
 
Estevão e os presidentes das duas casas do Legislativo negam já ter se  encontrado na vizinhança, mas não faltará oportunidade. Na nova casa, em frente  aos chefes do Poder Legislativo, ficará o departamento jurídico que cuidas das  ações judiciais de Estevão e de seu Grupo Ok. Os outros 120 funcionários da  empresa continuarão trabalhando na sede atual, a cinco quilômetros dali. O  empresário, no entanto, manterá gabinetes nos dois imóveis.

Apontado como o maior proprietário privado de terras em Brasília, Luiz  Estevão possui outros oito terrenos, dois deles construídos, apenas na Península  dos Ministros, o endereço mais exclusivo do poder.

De acordo com levantamento recente do jornal “Correio Braziliense”, o  empresário ainda tem 25 edifícios e terrenos na área comercial central de  Brasília e outros 21 lotes destinados a edifícios residenciais nos bairros mais  nobres da capital. Ironicamente, segundo o jornal, um complexo comercial de  Estevão é usado, entre outros órgãos públicos, pelo núcleo de inteligência da  Polícia Federal. Essa rede imobiliária é a principal fonte de renda do  ex-senador desde que seus bens foram bloqueados.

Em agosto passado, Estevão deu o primeiro passo para livrar-se do bloqueio.  Em um acordo considerado histórico pela Advocacia-Geral da União (AGU), o  empresário concordou em devolver R$ 468 milhões aos cofres públicos, como parte  da pena imposta pelos desvios nas obras do TRT-SP. Pelo acordo, o empresário  pagaria à vista R$ 80 milhões e o resto em 96 meses, com parcelas corrigidas  pela inflação. Ao fim do pagamento da última parcela, a AGU deve liberar um  total de 1.255 imóveis pertencentes ao empresário.

Estevão continuará, no entanto, respondendo a outras dezenas de ações e à  cobrança de juros e multas sobre a dívida com a União. Segundo a AGU, o valor  passa de R$ 500 milhões, mas o empresário contesta. Quando firmou o acordo, o  seu advogado, Marcelo Bessa, deixou claro o motivo: Estevão quer retomar a  normalidade de sua vida empresarial.

Paralelamente, o ex-senador assumiu uma tarefa política, mas longe do PMDB de  Renan e Henrique Alves. Apesar de estar inelegível até 2020 pela condenação ano  passado no Superior Tribunal de Justiça pelos desvios no TRT, Estevão recebeu  recentemente a atribuição de organizar o minúsculo PRTB, de Levy Fidélix, no  Distrito Federal.

Fonte: Paulo Celso Pereira, O Globo
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