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sábado, 9 de março de 2013

Apagões: Brasília bate recorde histórico de apagões

Em 2012, cada brasiliense ficou uma média de 20 horas sem luz, número 50% acima do tempo ideal. No Brasil, esse índice é de 18 horas e meia. Mau desempenho obrigou a CEB a ressarcir R$ 9,3 milhões aos consumidores 

Morador de Sobradinho, Sued já teve prejuízos por conta dos apagões e não conseguiu ser ressarcido
Embora abrigue a capital da República, o Distrito Federal sofre com a precariedade de um serviço básico. O DF conta com um dos piores índices relacionados ao fornecimento de energia. Apenas no ano passado, cada brasiliense ficou, em média, 20 horas às escuras — número acima da média nacional, estimada em aproximadamente 18 horas e meia; e também superior ao teto previsto para a região, calculado em pouco mais de 12 horas.

Além disso, enquanto o Brasil registrou uma queda na quantidade de apagões, Brasília viu essa estatística subir: ao longo de 2012, foram cerca de 18 episódios de desabastecimento, frente a 13 verificados no ano anterior. Esse foi o pior desempenho da Companhia Energética de Brasília (CEB) desde 2000, quando surgiram os indicadores.

Os dados são da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), que já em 2011 havia classificado a CEB como uma das empresas brasileiras de pior desempenho. No ranking mais recente da autarquia, a operadora candanga ocupou o 27° lugar, entre as 33 empresas de grande porte do Brasil.

Devido a todos esses problemas, a companhia responsável por atender mais de 887 mil consumidores precisou desembolsar R$ 9.339.341,08 em compensações no ano passado. O valor é resultado de quase 2,5 milhões de multas pagas a usuários devido a interrupções no abastecimento. O montante acumulado por todas as concessionárias do país chegou a R$ 415,38 milhões, em 2012.

O diretor de Operações da CEB, Manoel Clementino, reconhece a precariedade do serviço. Ele alega, no entanto, que o problema é decorrente de administrações anteriores e diz trabalhar para reverter o quadro atual. “Esse desempenho não é o que a gente quer, nem que o consumidor de Brasília merece, mas é fruto de uma década com patamar de investimento baixo”, comenta.

Ele alega ter recebido a concessionária com dívidas em torno de R$ 800 milhões, em 2011, o que prejudicou as atividades da empresa nos últimos anos. Mas promete aplicar R$ 200 milhões, até dezembro, na ampliação da rede (leia ilustração). “Fizemos uma série de ações, só que elas ainda não surtiram efeito. Esse é um trabalho a longo prazo”, emenda. 

Sobrecarga 

As regiões mais críticas são Ceilândia, Samambaia, Brazlândia, São Sebastião, Lago Sul e Lago Norte, segundo a própria CEB. Além da falta de investimento na ampliação da rede, a companhia aponta como complicadores nessas áreas o grande número de ligações clandestinas e o crescimento desordenado. Tudo isso sobrecarrega o sistema e intensifica as quedas no fornecimento.

Mas os problemas não estão restritos a esses espaços. Na tarde da última quarta-feira, a companhia recebeu 392 reclamações por queda de energia, a maioria de moradores de Taguatinga. O número é o dobro da média diária considerada normal pela instituição. Uma forte chuva deixou as QNLs ímpares, de 1 a 25, às escuras, bem como as quadras de C1 a C12. Até o depoimento do bicheiro Carlinhos Cachoeira teve que ser cancelado por falta de luz na Divisão de Combate ao Crime Organizado (Deco) da Polícia Civil, localizada na mesma cidade.

Os apagões prejudicaram ainda os embarques e desembarques no Aeroporto Internacional de Brasília durante o último fim de semana. Um pico de energia no sábado danificou os sistemas elétricos e atrapalhou as atividades das companhias aéreas.

O morador de Sobradinho Sued Souza, 41 anos, conta que teve prejuízos com os problemas no fornecimento de energia. Uma chuva em dezembro provocou forte pico de energia na casa onde o corretor de imóveis mora e queimou o computador que estava ligado na tomada. O conserto do aparelho custou cerca de R$ 400. Apesar de várias tentativas, ele ainda não conseguiu ser ressarcido pela companhia. “Já abri dois protocolos, mas não tive nenhum retorno”, reclama. “Aqui, é comum esses picos de energia, apagões. Às vezes, ficamos até o dia todo sem energia”, completa.

Para Rafael Shayani, professor de engenharia elétrica da Universidade de Brasília (UnB), a frequência de apagões no DF está relacionada à falta de investimento pela CEB nos últimos anos. “O esperado é que se invista mais, que se encareça a conta, mas que se forneça o serviço adequado”, ressalta. 

Sem multa 

Desde 2010, a Aneel não multa as operadoras que extrapolam teto de horas sem luz nos diferentes estados. Em vez das notificações, o órgão passou a obrigar as empresas a ressarcirem o consumidor, mês a mês, por meio de descontos na conta de luz. Os valores pagos são conhecidos por compensações de continuidade. 

Provas são essenciais 

Em caso de prejuízo por picos ou quedas de energia, a responsabilidade pela reparação das perdas é da concessionária, segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Mesmo os danos não materiais devem ser ressarcidos pela operadora. Cabe ao usuário documentar os problemas e procurar a companhia ou os órgãos de proteção do consumidor.

As distribuidoras só podem se eximir da responsabilidade pelo pagamento em caso de uso incorreto do aparelho ou quando a empresa comprovar que a reclamação não está ligada aos problemas na rede. A reparação pelo próprio consumidor também pode atrapalhar o processo. “Não adianta fazer o conserto antes e solicitar reembolso depois. Ele perde o direito a receber”, explica a coordenadora da Associação dos Consumidores (Proteste), Maria Inês Dolci.

Para garantir o direito ao ressarcimento, a especialista alerta sobre a importância de guardar todas as provas possíveis, como fotos e mesmo notícias sobre as quedas de energia. “Para mostrar que alimentos e  medicamentos foram perdidos devido a um apagão, por exemplo, é importante guardar todas as provas que puder, porque isso é avaliado caso a caso. Depende de fatores como o tempo que a região ficar sem energia”, acrescenta. (BV)

Fonte: Correio Braziliense - Por Bárbara Vasconcelos

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