O senador Cristovam Buarque
(PDT), o mais bem avaliado postulante ao Palácio do Buriti, mantém a
tradição de acadêmico: discursa insinuando que pode vir a ser candidato
ao governo do DF e, ao mesmo tempo, deixa lacunas de que deseja negociar
com Agnelo.
O
experiente senador sabe que dificilmente haverá união em torno de um
bloco de esquerda, forte suficientemente, que faça frente ao poder de
fogo eleitoral da base de Agnelo. No íntimo, o PDT quer é ampliar o
espaço, principalmente se a vaga de senador for oferecida ao deputado
Antônio Reguffe.
Cristovam
já percebeu que o rasto de onça que o deputado federal Geraldo Magela
(PT) deixou na semana passada, era uma forma de chamar a atenção para a
vaga de senador. Agnelo nunca daria este maná a um petista. Ele segura o
espaço para alguém fora da sua base de sustentação para negociar. E é
exatamente isso que Magela deseja: negociar.
Geraldo
Magela, assim como o governador, sabe que o PT não tem como ficar com
duas vagas majoritárias. Portanto a intenção é esticar a corda e trazer
os interessados para conversar, principalmente o senador Gim Argello
(PTB). Esta conversa de que “os petistas não aceitam Gim na chapa de
Agnelo” é pura força de retórica. Seria o sujo falando do mal lavado. O
PT não tem moral para dar lições de ética e comportamento republicano a
nenhum político.
Voltando
ao senador Cristovam. Ninguém aposta uma nota de dois reais que ele
leve este debate de oposição muito longe. “Cristovam não vai rifar o
senador Rollemberg. Os dois têm um acordo de ir até o fim fustigando
Agnelo".
Depois, as pesquisas de intenção de voto vão determinar quem
será o candidato ao governo, mas até isso soa impossível. Seria estranho
um candidato ao governo, no caso Cristovam, segurar duas vagas
majoritárias. A de governo e a outra para o Senado que seria para
Reguffe. Enquanto isso, o senador faz teatro shakespeareano: ser ou não
ser candidato.
Fonte: Jornal Opção
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