A
mais nova estratégia do senador mineiro Aécio Neves (PSDB) é dividir
politicamente o sindicalismo brasileiro, hoje majoritariamente aliado do
governo Dilma Rousseff (PT).
Cada vez mais candidato à presidência em
2014, Aécio Neves está patrocinando a criação do Partido Solidariedade, que
reunirá sindicalistas e dirigentes da Força Sindical, da Nova Central e
da União Geral dos Trabalhadores (UGT).
Um dos sinais nesse sentido foi o pedido que o tucano fez ao deputado
Fernando Francischini (PEN/PR) para se filiar à nova agremiação. O novo
partido já tem o apoio do deputado Paulinho da Força (PDT) e espera
reunir quase 40 deputados federais, o que já o colocaria com uma força
razoável no Congresso.
Mas o estímulo do senador tucano ao Partido
Solidariedade vai além disso. Se obtiver a simpatia dos sindicalistas,
Aécio conseguiria várias vitórias, ainda que parciais. Uma delas, e
provavelmente a principal, é dividir um setor que, hoje, está
majoritariamente vinculado à base de apoio da presidente Dilma Rousseff.
A divisão enfraqueceria um discurso sempre feito pelos petistas nas
últimas eleições presidenciais, o de que é o partido que defende os
interesses dos trabalhadores. Além disso, Aécio tenta, via Partido
Solidariedade, provocar uma debandada no PSD do ex-prefeito paulistano
Gilberto Kassab. Hoje alinhado com Dilma, o PSD, ainda que novato na
política, sofre com frequentes divisões em seus quadros. Pois dividi-lo
ainda mais não é um cenário ruim para o senador mineiro.
Por fim, o apoio das centrais sindicais ajudaria a reduzir um pouco a
imagem “elitista” que o PSDB ainda tem junto ao eleitorado. Nas últimas
eleições presidenciais, seus candidatos (José Serra, Geraldo Alckmin e
Serra, novamente), ainda que negassem, foram acusados de defenderem
propostas consideradas pouco simpáticas à população mais pobre, como as
privatizações.
Não que Aécio vá negar a venda das estatais no governo
tucano de Fernando Henrique Cardoso – os últimos sinais, pelo contrário,
mostram que ele defenderá os oito anos da era FHC -, mas o apoio de
sindicatos ajudaria a reduzir eventuais prejuízos na camada mais
politizada dos trabalhadores.
Fonte: Ucho.info - Por Oscar Andrades é jornalista e editor do blog “Saúde e Previdência“.
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