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quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Chutando o balde: Busca de hegemonia ameaça a coligação

Governador em exercício avisa que não há mais tempo para aventuras e denuncia pressão por mais espaço 

"A posição de Policarpo é de um bedel de escola, não a do presidente de um dos principais partidos da aliança.”
 
A gula faz parte dos sete pecados capitais. Vale também para a política e para a administração.  Entre os partidos da base do governo Agnelo Queiroz, cresce o desconforto com o apetite voraz do PT por espaços dentro da máquina pública. A avaliação é do vice-governador e presidente regional do PMDB, Tadeu Filippelli. Aos olhos do dirigente peemedebista,  grupos petistas  buscam a hegemonia dentro da máquina pública,  com foco nas eleições de 2014. Na analise do vice-governador, hoje no exercício do  governo, o Buriti  também enfrenta o desafio de apaziguar as disputas internas em administrações regionais e secretarias.

O GDF inicia o ano com novo clima político? 

O ano de 2011 foi muito duro. Em 2012, começamos a respirar um pouco mais. Neste ano tenho a convicção que é hora de colher algumas sementes plantadas.  E  a política precisa  ter o mesmo rumo, a mesma maturidade, o mesmo cuidado, o mesmo esforço. Às vezes, porém, o que vejo é um certo descompasso nesse aspecto.

Que descompasso? 

Desde  as primeiras reuniões dos presidentes de partidos da aliança, eu sempre tenho feito questão de ressaltar: é preciso tomar cuidado e respeitar o conjunto da coligação. A busca da hegemonia, por qualquer uma das correntes do governo, seria extremamente prejudicial. Esse tipo de comportamento não é do governador Agnelo, não é do perfil dele, uma pessoa de aspecto humano fantástico, mas o partido o pressiona de certa forma. 

O PT? 

Vi uma página, no Jornal de Brasília, com manifestações do presidente do PT, Roberto Policarpo, e do secretário responsável pela relação  do GDF com os partidos, Roberto Wagner. O secretário mostra um grande esforço de agregar forças, de ciscar para dentro, e esta é a essência da atual situação política do governo. Mas o presidente do PT parece não se dar conta do momento. Falou de disputas internas do governo, do “enquadramento” de quem não andar na linha. Mas vamos deixar claro: as principais disputas  por espaço político dentro do governo têm sido feitas pelo PT. De forma nenhuma pelos demais partidos. A posição de Policarpo  é muito mais de um bedel de escola, do que a do presidente de um dos principais partidos da aliança, o partido do governador. 

Essa postura gera desconforto? 

O  PT foi o último partido a fazer parte da aliança. Ela  foi construída na ausência do PT, em reuniões semanais, num trabalho árduo de mais de um ano. As reuniões foram sempre no escritório político do Roberto Wagner, com diversos partidos. O  último partido a se agregar foi o PT. E ele foi  importante, assim como todos os outros também foram. A presença do PT deu a liga final e o próprio posicionamento da chapa majoritária  e das proporcionais para as eleições em 2010. Sempre é preciso o exercício de se relembrar tudo que foi construído desde o começo da aliança. Eu tenho certeza de que este é o pensamento do Agnelo. Tenho certeza que este é o pensamento de grande parte de líderes do PT que participaram dessa história mais de perto, sentiram e exercitaram toda essa construção política. Mas algumas pessoas do partido, talvez pressionadas pelas bases, são levadas a esquecer. 

E a relação política com o Legislativo? 

Essa relação deve ser exercida no limite da harmonia que seja benéfica para  Executivo e  Legislativo.  Para isso é preciso de um pouquinho de paciência,  ponderação e calma entre as partes. Me preocupam  também algumas pessoas que gravitam em torno de determinados postos-chave do governo,  tanto na Câmara ou no Executivo. E às vezes elas podem interferir na  relação cuidadosa entre os Poderes. 

As  administrações regionais são palco de disputas políticas internas, qual é sua avaliação? 

Nós entramos no terceiro ano de governo, estamos em ano pré-eleitoral. As administrações representam a terminação nervosa do governo. Representam a interface política do GDF com a sociedade. Não é dado mais tempo para aventuras ou para experiências. Precisamos consolidar, lapidar e aprimorar essas interfaces com a sociedade.  Estamos passando pelo último momento para  liberdades, modificações ou mudanças nestes postos. Se ocorrerem, precisam ser  cuidadosas. 

Como fica a questão das movimentações políticas internas com foco em 2014?

 São legitimas dentro do limite do respeito. Todos os partidos deverão ter a mesma iniciativa e vão buscar sair fortalecidos para as eleições. Em caso contrário, não terão expressividade nas  bancadas e não farão deputados distritais, federais e demais representantes. O PT está expressivamente representado. Agora na Câmara Federal e  Legislativa existe espaço para todos. E é importante que este espaço seja equilibrado. Qualquer ação que representar uma busca de hegemonia na formação das nominatas para a disputa da próxima eleição será a gota d’água para impedir  qualquer tentativa de construção de uma bela aliança. 

Fonte: Jornal de Brasília - Por  Francisco Dutra

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