Idalberto Matias, o Dadá, foi condenado a 19 anos e 3 meses de prisão |
A
Justiça Federal em Goiás condenou a 39 anos e 8 meses de prisão o
contraventor Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira, por
cinco crimes, incluindo peculato, formação de quadrilha e corrupção
ativa. Ele voltou ontem à cadeia 16 dias após ter sido solto. A decisão
do juiz Alderico Rocha Santos, da 5.ª Vara Federal em Goiânia, refere-se
à denúncia de que Cachoeira comanda uma organização criminosa de
exploração de jogos ilegais, em processo da Operação Monte Carlo.
Na
sentença de 500 páginas, o juiz estipulou prisão preventiva de dois
anos e, após esse prazo, fiança de R$ 10 milhões para Cachoeira deixar a
cadeia. Fora isso, o contraventor foi multado em cerca de R$ 4 milhões.
"O
acusado já permaneceu preso por quase nove meses e a prisão por mais
dois anos é o suficiente a afastar o sentimento de impunidade,
possibilitar a conclusão das investigações sobre os crimes de lavagem de
dinheiro, o rastreamento do destino dos valores que transitaram pelas
contas das empresas fantasma e a demissão, se o caso, do grupo de
policiais e outros servidores públicos que lhe deram suporte na prática
dos crimes", diz a sentença. Santos é o terceiro juiz a atuar no caso e
teria sido alvo de uma tentativa de chantagem de Andressa Mendonça,
noiva de Cachoeira.
Além
do contraventor, mais sete réus foram condenados (leia ao lado).
Cachoeira foi preso em casa por volta das 14 horas e levado para a
Superintendência da Polícia Federal em Goiânia, onde deve passar o fim
de semana.
A
ação da Monte Carlo foi desmembrada e 73 réus respondem a outro
processo. Segundo a denúncia do Ministério Público Federal (MPF),
Cachoeira era "o grande idealizador, controlador, apoiador, mentor e
financiador da associação criminosa". A quadrilha explorava pontos de
máquinas caça-níqueis e bingos em Goiânia e no Entorno de Brasília. O
negócio se mantinha com apoio de policiais militares, civis e federais.
Deflagrada
em 29 de fevereiro, a Monte Carlo trouxe à tona detalhes da relação de
Cachoeira com políticos, que levaram à cassação do ex-senador Demóstenes
Torres (GO). Interceptações telefônicas revelaram a infiltração de
integrantes da quadrilha de Cachoeira nos governo de Goiás e do Distrito
Federal e o envolvimento de parlamentares no esquema.
"O
acusado se relacionava socialmente sempre na busca de domínio de poder
político e econômico ou seja, por interesse espúrio, agindo na sombra de
autoridades, quer seja pela compra de amizade (ajuda financeira) ou
através de vídeos/filmagens constrangedoras(chantagens)," afirmou o juiz
federal.
CPI.
O caso levou à abertura da CPI do Cachoeira no Congresso. Os
parlamentares, porém, pouco avançaram na apuração das relações do
contraventor e seus aliados com políticos. Empresas suspeitas de
movimentar dinheiro do esquema - parte delas ligada à Delta Construções,
principal empreiteira do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) -
não tiveram sigilos quebrados e a maioria dos envolvidos ficaram em
silêncio diante dos parlamentares.
O relator da CPI, deputado Odair Cunha (PT/MG),
pediu o indiciamento de 34 pessoas, incluindo Cachoeira e o governador
de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), mas poupou o do Distrito Federal,
Agnelo Queiroz (PT). O relatório final ainda não foi votado.
Cachoeira
ficou 266 dias preso, com passagens no Presídio Federal de Mossoró (RN)
e na Penitenciária da Papuda (DF). No dia 21, Cachoeira foi condenado
pela Justiça do DF a 5 anos de prisão em regime semiaberto por formação
de quadrilha, exploração de jogos e tráfico de influência nos autos da
Operação Saint Michel, da Polícia Civil do DF, desdobramento da Monte
Carlo.
Fonte: Jornal O Estado de São Paulo - Por Alana Rizzo, Fábio Fabrini
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