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terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Herança maldita é a que o Amo e Senhor de Gilberto Carvalho legou à gerente de araque


Desde que abandonou o seminário para colecionar pecados na seita lulopetista, Gilberto Carvalho nunca deixou de figurar no G4 do campeonato nacional da vassalagem. Com a chegada de dezembro, o secretário-geral da Presidência resolveu buscar o título de 2012  enrolado nos lençóis e travesseiros em que se meteu seu Amo e Senhor. Nesta segunda-feira, achou uma boa ideia ressuscitar a  “herança maldita” que Fernando Henrique Cardoso teria legado a Lula. 

Segundo a caixa-preta abarrotada de informações que dão cadeia, foi Lula quem fundou a Polícia Federal, pariu a Procuradoria-Geral da República e inventou o combate à corrupção. “Antes havia um engavetador-geral”, recitou. “Com o presidente Lula começamos a ter um procurador, com toda liberdade. E a Polícia Federal agora tem autonomia para investigar”. 

“A impressão de que há mais corrupção agora não é real, o que há mais agora é que as coisas não estão mais debaixo o tapete e a Polícia Federal e os órgãos todos de vigilância e fiscalização estão autorizados, e com toda a liberdade garantida pelo governo, quero insistir nisso, não é uma autonomia que nasceu do nada, porque antes não havia essa autonomia, nos governos Fernando Henrique não havia essa autonomia”, desandou em dilmês primitivo o coroinha que virou porteiro de cabaré. 

O troco de FHC veio em menos de duas horas. “Eu tenho 81 anos mas tenho memória. Esse senhor precisava pelo menos respeitar o passado, até o dele, e não continuar dizendo coisas levianas”, retrucou o ex-presidente. (Foi elegante demais: sabujos vocacionais não têm passado a respeitar). “Estou cansado de ouvir leviandades de quem está no governo e aproveita para lançar pedra no passado”. 

Em seguida, FHC mirou na testa de Gilberto Carvalho ─ e, previsivelmente, atingiu Lula abaixo da linha da cintura: “Herança maldita está ai, recebida pela presidente Dilma”. Para provar que a Polícia Federal agiu com inteira autonomia durante o seu governo, Fernando Henrique invocou dois exemplos que os costureiros da aliança governista preferem esquecer. 

“Tanto era independente que houve senadores algemados e governadora de estado irritada porque seu gabinete tinha sido invadido, pois havia dinheiro e não se sabia de onde vinha”, lembrou. As algemas imobilizaram as mãos do senador Jader Barbalho, que Lula beijou. A governadora do dinheiro que caiu do céu do Maranhão é a companheira Roseana Sarney. 

Fernando Henrique poderia, amparado na reportagem publicada por VEJA, ter incluído na verdadeira herança maldita também a economia debilitada pela inépcia do antecessor falastrão ─ e, de dois anos para cá, administrada com exemplar incompetência pela dupla formada por uma supergerente de araque e um profeta de hospício. Tais cautelas são sempre recomendáveis. Gilberto Carvalho é suficientemente pusilânime para ter coragem de debitar na conta de FHC até o PIB centro-africano do terceiro trimestre. 

No cartório em que foi registrado por seu criador, o Brasil Maravilha avança em marcha acelerada para o portão do clube das superpotências. Visto de perto, está com jeito de Bolívia e cara de Lula. Principalmente quando contemplado de frente e de perfil, como se deve fazer com casos de polícia.

Fonte: Veja.com - Augusto Nunes

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