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quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Operação Mangona: No rastro da farra com dinheiro público

MP e Polícia Civil cumprem 14 mandados e apreendem documentos e computadores, inclusive na casa do secretário Raad Massouh e no anexo do Buriti, onde ele despacha. Ação investiga o suposto desvio de verbas destinadas a eventos em 2010


Policiais (à esquerda) recolheram materiais em diversos endereços: tudo encaminhado para a Delegacia de Combate ao Crime Organizado


Em uma investigação que apura o suposto desvio de recursos de emendas parlamentares para shows e eventos, a casa e o rancho do secretário de Micro e Pequenas Empresas, Raad Massouh, foram alvos de promotores e policiais civis na manhã de ontem. A Operação Mangona, conduzida pela Procuradoria-Geral de Justiça do Distrito Federal, também apreendeu computadores e documentos no anexo do Palácio do Buriti e em outros endereços do DF e do Entorno. As apurações ocorrem desde o ano passado e tiveram início na Polícia Civil, mas, após serem interrompidas por conta de remanejamento na corporação, ficaram sob a responsabilidade do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT).

Às 6h, promotores, agentes e delegados da Polícia Civil saíram para cumprir os 14 mandados de busca e apreensão. Na Secretaria de Micro e Pequenas Empresas, localizada no 9º andar do anexo do Palácio do Buriti, foram recolhidos computadores e documentos. As buscas também ocorreram na casa do secretário e deputado licenciado Raad Massouh (PPL), no Rancho RM (em Sobradinho), que pertence a ele, no Sindicato das Empresas de Turismo Rural e em Formosa (GO). Todo o material apreendido, incluindo um cofre, foi encaminhado à Delegacia de Combate ao Crime Organizado (Deco), que auxiliou no cumprimento dos mandados.


Raad elogiou a operação e disse não ter cometido irregularidade

As investigações tiveram início em 2011, quando uma denúncia indicou irregularidades na organização de um evento rural realizado em Sobradinho, em 2010. A festa teria custado R$ 100 mil aos cofres públicos, mas parte do dinheiro, segundo testemunhas, teria sido desviada. A verba foi liberada por meio de uma emenda de Raad Massouh. As denúncias revelam que os valores pagos aos artistas que se apresentaram na festa teriam sido superfaturados e que houve dispensa de licitação para a realização do evento. A Delegacia de Combate aos Crimes contra a Administração Pública (Decap), então chefiada pelo delegado Flamarion Vidal, começou a apurar o caso. As investigações, entretanto, foram interrompidas em novembro de 2011, com a transferência de Flamarion para a 30ª Delegacia de Polícia, em São Sebastião. 

O inquérito foi retomado pela assessoria criminal da procuradora-geral de Justiça do DF, Eunice Amorim Carvalhido. Os documentos apreendidos podem fazer com que o secretário seja denunciado perante o Conselho Especial do Tribunal de Justiça do DF. Por meio de nota, o MPDFT informou que o processo corre em segredo de Justiça e que “o material apreendido será objeto de análise e subsidiará a investigação que tramita no Conselho Especial do TJDFT”. O Governo do Distrito Federal (GDF) também divulgou uma nota na qual garante que a operação “não se refere a atos administrativos da atual gestão” (leia íntegra da nota). 

Tubarão 

O nome da operação deflagrada ontem faz alusão ao tubarão Mangona, que pode medir até 3,2m e pesar 300kg. A espécie é encontrada no Brasil, principalmente nas regiões Sul e Sudeste, com coloração de pele variando de cinza a castanho-claro. Os machos são menores que as fêmeas. 

Recursos

 
  
   
R$ 100 mil

Total liberado para festa em Sobradinho, em 2010, por meio de emenda de Raad Massouh. Parte teria sido desviada

Bolada

R$ 98 milhões - Montante garantido pelos distritais para aplicação em esporte e lazer este ano no Distrito Federal

Fonte: Jornal Correio Braziliense - Por Kelly Almeida, Ana Maria Campos e Almiro Marcos

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