A eleição da Mesa Diretora da Câmara Legislativa é um jogo de puxa-estica. Em um momento o deputado Patrício (PT) jogou com o tempo para se cacifar. O tempo era o maior aliado. Hoje, conspira contra as pretensões do parlamentar se reeleger à Presidência da Câmara Legislativa.
Não quer dizer que esteja descartado. É possível, sim, composições. Patrício deve fazer política e somar forças com o governador Agnelo Queiroz. Tem apoio de um grupo de deputados aliados, mas pena para conseguir votos no próprio PT. Se Patrício foi derrotado, a culpa será do PT.
O que move o PT é a mágoa com Patrício. Nos quase dois anos, confrontos azedaram as relações. Em alguns momentos, Patrício flertou mais com a oposição do que com o bloco petista. Internamente, vem sendo um bom presidente. Politicamente, precisa melhorar.
Se o tempo está sendo o algoz de Patrício, para Agnelo é um conselheiro. O governador diz que não é hora de discutir o assunto. E que, por enquanto, não vai se pronunciar sobre a eleição na Câmara Legislativa. Vai deixar o tempo levá-lo.
Agnelo precisa conduzir o processo. Terá que escolher entre três nomes. O do próprio Patrício, o do deputado Agaciel Maia (PTC), e o do companheiro de partido, Chico Leite (PT). Vai ter que pesar os prós e contras.
Agnelo e Patrício vivem uma boa relação. O que atrapalha são algumas resistências por parte de petistas que se sentiram defenestrados nos últimos dois anos. A abertura de uma CPI para investigar arapongagem no DF também pesa.
O PT divulgou uma nota de orientação aos deputados do partido contra a CPI. Patrício apoiou e assinou o requerimento para a sua criação. As relações entre Patrício e o PT e Agnelo ficaram tensas. A questão foi superada. Mas o PT ficou escaldado.
Agaciel é um dos melhores nomes da Casa, se o quesito foi perfil técnico. No campo político tem cintura mole. Sabe jogar o jogo. O Palácio do Buriti vê sua candidatura com bons olhos. Mas se arrepia só de pensar na repercussão nacional que o caso tomaria.
Agaciel estava no olho do furacão de um dos mais recentes escândalos do Senado, o dos Atos Secretos. Era diretor geral da mais importante casa legislativa do país. Deixou o cargo sob pressão, mas conseguiu dar a volta por cima. Se elegeu deputado distrital.
Agaciel tem futuro na política e pode alçar voos mais altos no futuro. A Presidência da Câmara Legislativa pode ter dois lados. Um daria poder e serviria de trampolim para projetos futuros. Ao mesmo tempo, poderia desgastar a sua ainda curta carreira política. Os atos secretos serão lembrados. Seria, no momento, um arranhão desnecessário. Ou um risco calculado.
Chico Leite é o nome petista da vez para assumir a Câmara. Ele foi colocado pelo próprio partido numa lista de três petistas. Wasny de Roure constou para fazer volume. Não quer. Arlete Sampaio, durante reunião no PT, diz que abre mão da candidatura e apoia Chico Leite.
Em seu terceiro mandato, Leite é amado e odiado pelos deputados. Alguns acham ele individualista, outros éticos demais. Oriundo da promotoria, Chico Leite promete uma gestão transparente e moralização. Para a imagem da Câmara Legislativa seria uma mão na roda.
Mas Chico Leite não pertence a nenhuma facção dentro do PT. Isso pode ser bom e também ruim. Bom porque poderia dialogar com todos. E ruim por faltar apoio dentro da legenda. No petismo, Chico Leite está para a Câmara como Agnelo para o Buriti. Ambos não possuem o ranço e não são sectários.
Para mudar o regimento interno e permitir a reeleição são necessários 16 votos, em plenário, em primeiro e segundo turnos. O intervalo entre um turno e outro deve ser de dez dias. A eleição da nova Mesa Diretora deve acontecer até o dia 15 de dezembro.
A situação é essa: Patrício corre contra o tempo; Agaciel é bom, mas o passado assombra o Buriti; e Chico Leite é aposta de mudar a imagem da Casa, mas precisa de apoio. A conta tem que fechar para um dos três. Além de Agnelo, a posição do vice-governador Tadeu Filippelli também é decisiva. Ele controla pelo menos cinco votos na Câmara.
O erro de Patrício foi esticar a corda para ganhar tempo. Enquanto Agnelo a deixou esticada para dar tempo ao tempo. O tempo passou e quem fez melhor proveito se deu bem. A corda fica na Casa. Mas ninguém vai se enforcar.
Fonte: Blog do Callado
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