Paulo Henrique Abreu |
A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) não comporta ingerência política
em seus assuntos internos, tampouco alinhamentos com governos de A ou B.
Em sua história, a Ordem sempre se manteve independente e, por isso,
não pode ser capitaneada por quem quer que seja e nem se ajoelhar diante
de qualquer mandatário.
Ela nasceu, na década de 30, como salvaguarda das liberdades civis e da defesa dos mais amplos direitos do cidadão. Com essa independência, a sua participação nos assuntos políticos do país foi e sempre será essencial para a garantia de um Estado democrático de direito. ...
Em várias passagens históricas, a Ordem teve brilhante papel, sobretudo insurgindo-se contra as ditaduras do Estado Novo e militar, bem como emprestando o seu incondicional apoio aos movimentos populares – defesa do “Petróleo é Nosso”, da Anistia, das Diretas Já, da Constituinte, do Fora Collor e, recentemente, da Lei da Ficha Limpa.
Em Brasília, a OAB teve decisiva participação na conquista da autonomia política do Distrito Federal. Também resistiu contra a invasão da Universidade de Brasília (UnB) pelos militares, em 1977, e quando esses, sob as ordens do general Newton Cruz, tiveram a audácia de querer fechar a sua sede, em 1983. A Ordem dos Advogados ganhou o respeito de toda sociedade, tornando-se avalista das mais variadas lutas sociais, sempre com o viés de defesa da sociedade, das liberdades e dos direitos humanos.
A OAB/DF nunca se curvou a nenhum governador. Adotou essa postura com os governadores militares e com José Aparecido, Joaquim Roriz e Cristovam Buarque. No escândalo da Caixa de Pandora, a Ordem não só manifestou-se contra a corrupção como também peticionou pelo impeachment de José Roberto Arruda.
Penso que, sem fazer críticas pessoais ao seu presidente, Francisco Caputo, a OAB/DF está domesticada pelo governador do DF, o petista Agnelo Queiroz.
Em artigo anterior, falei que Agnelo está apoderando-se das instituições com o intuito de fortalecer o seu enfraquecido governo. Para tanto, tem investido acintosamente e, muitas vezes, de forma bizarra nas questões internas das entidades e de órgãos de Estado. Assim fez na Federação Brasiliense de Futebol e no Tribunal de Contas do Distrito Federal, ao indicar o seu comparsa Paulo Tadeu para o cargo de conselheiro.
Desde o ano passado, Agnelo designou o seu secretário de Segurança Pública, delegado Sandro Avelar, compadre de Caputo, como interlocutor perante a classe. Tal atitude pode ser considerada uma bizarra intromissão na OAB/DF. Avelar é, cada vez mais, figurinha carimbada nas “questões de ordem”. Isso contribuiu para evitar um pedido de impeachment de Agnelo quando das pesadas denúncias que o macularam. De lá pra cá, nenhuma ação ou mesmo uma crítica a OAB tem feito ao GDF para defender os interesses da sociedade quanto ao quadro caótico nas áreas da saúde, educação e segurança pública. Agindo assim, o governador acredita que sempre poderá contar com a maciez da entidade de classe dos advogados.
Ledo engano, governador! Não é pelo compadrio, nem pela oferta de míseros 1,5 mil reais como piso salarial para o advogado empregado e muito menos pela manutenção de correligionários petistas na atual gestão da OAB/DF que o senhor terá os advogados do Distrito Federal ao seu dispor. As eleições da OAB/DF, que se avizinham, poderão lhe mostrar um novo caminho, que, certamente, não será o silêncio ensurdecedor diante das mazelas de seu pífio governo.
Fonte: Paulo Henrique Abreu - Advogado e jornalista
Esse Agnulo não tá com nada, ele fica comprando parcerias pra poder se manter no governo em vez de cuidar da população. Se fosse Arruda não haveria nada disso estariamos na melhor.
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