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segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Não obstante a lei seja uma coisa só e, em tese, igual para todos

Espectador. Há 12 anos cassado pelo Senado, condenado a 31 anos de prisão por crimes relativos a desvio de dinheiro das obras do tribunal do trabalho de São Paulo, o empresário Luiz Estevão não perde uma sessão do julgamento do mensalão. "Se não vejo, ouço e acho tudo muito bom", diz enquanto se ajeita na cadeira do avião onde hoje, se alguém o reconhece daquele tempo de exposição como réu, guarda a lembrança para si.

Ele acompanha com entusiasmo, primeiro porque considera que o Supremo está impondo um freio de arrumação nos meios e modos da prática da ilegalidade na política. "As coisas sempre foram assim, nos municípios, nos Estados e no plano federal. Agora o Supremo está dizendo que quem quiser continuar fazendo assim vai ter de arcar com as consequências", aponta, falando naturalmente de cadeira. ...

O segundo motivo para Luiz Estevão olhar com agrado as decisões do STF tem a ver com o próprio processo, cujo recurso à sentença do Tribunal Regional Federal de São Paulo será julgado no ano que vem no Superior Tribunal de Justiça.

Se perder, pensa em recorrer ao Supremo reivindicando as mesmas penas impostas a Marcos Valério. A punição que recebeu por dois crimes semelhantes foram três vezes mais duras.

Por uma ocorrência de corrupção e outra de peculato, o operador do mensalão foi condenado a três anos em cada. Luiz Estevão pegou nove anos por corrupção, nove por peculato e dois anos e meio por formação de quadrilha, a única condenação igual à de Valério.

No cômputo final Valério receberá muito mais que os 31 anos de Luiz Estevão porque responde pelo dobro de crimes.

Por isso é que o primeiro senador cassado da História do Brasil - e, até Demóstenes Torres, o único - não concorda com as críticas feitas ao Supremo por excesso de rigor. "Não diria que o tribunal está sendo brando, mas bastante moderado."  

Por: Dora Kramer

Fonte: Estadão.com - Dora Kramer

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